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965 Words

As árvores passavam borradas ao redor, mas Ava não via nada. Corria ao lado dos outros ômegas, os pés afundando na terra úmida da trilha escondida, o peito arfando como se quisesse explodir. Mas era a mente que ardia, não os músculos. “Não devíamos fugir”, pensava, com a mandíbula travada. “Devíamos enfrentá-lo. Olhar nos olhos dele. Mostrar que somos fortes. Fazer Gael se arrepender por ter nos deixado pra trás.” A raiva latejava sob a pele como febre. Ainda assim, ela murmurou entre dentes, quase em súplica: “Agora não. Eu não tô pronta pra isso.” Mas a lembrança não a respeitou. Veio crua, arrastada, viva. A frente da casa do bando tomada por lobos armados. O cheiro de sangue fresco. As correntes que seguravam seus pais, ajoelhados diante do conselho. O grito da mãe, os olhos do pa

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