Embora seu corpo repousasse imóvel na cama, protegido e cercado pelo amor silencioso de Ava e Gael, o subconsciente de João estava longe da tranquilidade aparente que exalava no quarto. Em algum lugar além do limiar da consciência, ele ouviu as palavras que tanto desejara ouvir. Sentiu, como um sussurro distante, a voz do filho: "Eu desejei tanto que você acordasse, pai...". E depois, a voz doce de Ava, como mel escorrendo pela memória, dizendo: "Tio João... nós crescemos…". O som parecia reverberar nas paredes invisíveis que o mantinham preso naquele estado meio morto, meio vivo. João tentou abrir os olhos. Tentou erguer a mão para tocar o rosto do filho, para apertar a mão de Ava, para dizer "eu estou aqui", mas nada em seu corpo respondeu. Foi quando se deu conta do mais assustador d

