Capitulo 01
A tragédia da vida é o que morre dentro do homem enquanto ele vive.”
Albert Schweitzer
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Residência dos Lewis
Seis meses depois
Março De 2021
Arizona, USA
10:35 pm
Desde que sofreu o acidente que a sua vida começou a despencar. Maldita hora que abriu os seus olhos, antes tivesse morrido naquela pista.
Quando acordou, viu todos aqueles ferros atravessados na sua perna, apesar da cena feia diante de si, não sentia absolutamente nenhuma dor física. Mas o pior, veio a seguir, quando o ortopedista lhe disse que ele ficaria afastado das pistas por no mínimo 2 anos.
Correr era a sua vida.
Quando estava no volante de um carro, sentia toda a adrenalina percorrer por suas veias. Se sentia como um deus, forte, poderoso, imbatível! Ninguém era páreo para ele, era o melhor.
Pilotava o seu carro, o Porsche preto com o número 41 há exatos cinco anos. O público lotava o autódromo para vê-lo pilotar, a sua alegria, a sua garra e a sua sede de vitória eram contagiantes. Os seus olhos azuis brilhavam quando ele estava no volante, não existia ninguém que o alcançasse, ninguém era tão rápido e veloz. O prazer que sentia era imensurável.
Era como uma boa f**a!
Na noite anterior à corrida, tinha ido a uma festa com a sua ex-noiva e os seus ex-amigos. Eles beberam, dançaram, curtiram. Apesar de no meio artístico rolar de tudo, Leon nunca usou drogas. Sempre foi um homem focado em manter a alimentação e o corpo em perfeita harmonia. Até bebidas alcoólicas eram regradas, não porque o seu empresário ou a sua nutricionista exigiam, mas, era por escolha própria.
Amava cuidar do corpo. Corria todos os dias 10 km, seja na rua, ou na sua academia em casa, até mesmo quando estava viajando, mantinha a sua rotina. Além da corrida, adorava malhar e nadar. Os seus dias eram sempre tumultuados. Entrevistas, paparazzis, treinos.
O seu mantra era sempre terminar o dia, numa piscina, nadava por horas, era terapêutico para seu corpo e sua mente.
Antes de uma corrida importante, Leon seguia um ritual. Almoçava com os seus pais, dormia à tarde, e à noite saia com os seus amigos e a sua noiva Stefany. A modelo italiana, já estava com o loiro há 2 anos, e estavam decididos a se casarem no final de 2018..
Porém, o pior aconteceu. E os sonhos do pentacampeão da Nascar passaram a ser outros. A sua vida perfeita acabava de desmoronar.
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Phoenix- Arizona
Holy in The Rock
20 de dezembro de 2018
23:15 pm
Dia anterior ao acidente
Leon estava na boate com a noiva e os seus amigos. Era sempre assim antes de uma corrida. Ele se divertia, bebia moderadamente e terminava a noite transando com Stephany. Era dono da sua vida e sabia aproveitar o que ela lhe proporcionava.
Tinha conseguido a sua independência cedo. Começou a correr com apenas 08 anos, no Kart. Queria mesmo era ser piloto de fórmula 1, mas por ser alto e forte, isso seria um grau de dificuldade nas pistas. O peso do seu corpo com o peso do carro, não lhe garantiriam estabilidade na curva. Resolveu fazer um teste na Nascar e gostou da maneira louca e insana que os pilotos se comportavam.
Na Nascar, não existiam regras.
O limite de velocidade girava em torno de 300 a 340 km/h é uma batida geralmente era fatal. Os acidentes mais espetaculares, as corridas decididas nos últimos metros, as tretas mais pesadas, tudo isso ajuda a fazer da Nascar o que ela é hoje. Um evento capaz de movimentar mais de US$10 bilhões por ano e beliscar números de audiência próximos aos esportes mais populares dos Estados Unidos. Os acidentes que aconteciam nessa escuderia, eram quase sempre fatais, mesmo sendo obrigado uso de acessórios de segurança como o HANS ( Suporte para cabeça e pescoço), Soft-Wall ( Isso consiste em uma segunda camada dos muros que compõem o traçado externo dos circuitos ovais que é feita de alumínio e espuma de poliestireno. Eles são materiais que absorvem grande parte da energia do impacto dos carros.), Placa Restritora ( é usada para diminuir as velocidades dos carros.), Defletores que servem para frear o carro em casos de rodadas. Nem todos esses dispositivos de segurança eram capazes de evitar os acidentes, mas desde que passaram a ser obrigados, o número de mortes reduziu consideravelmente.
Naquela fatídica noite, Leon, acordou com um pressentimento r**m. Stephany estava ao seu lado, ainda um pouco ébria. Tinham saído para dançar, se curtiram e transaram por horas. Não sabia explicar o porquê de sentir essa dor o consumindo por dentro. Se levantou da cama, e caminhou até a sala. Foi até o seu bar pessoal e colocou uma dose de Bourbon. Se aproximou do janelão da sala, e passou a observar a lua no céu, tão linda e tão solitária, suspirou fundo.
Era assim que as vezes ele se sentia. Tinha fama, dinheiro, amigos, uma mulher linda… mas porque às vezes se sentia tão vazio, tão sozinho? Porque a sensação que lhe faltava algo? Suspirou novamente, bebeu sua dose, sentiu o líquido entrar queimando.
— Porque essa sensação? – disse a si mesmo. Encarou a sua imagem refletida no espelho da sala. Era um belo homem, no auge de seus 28 anos, tinha tudo o que o dinheiro era capaz de comprar. Sorrio fraco e disse a si mesmo: – Não deve ser nada. – colocou o copo sobre a mesa e voltou ao seu quarto, se deitando na cama ao lado da sua noiva. Fechou os olhos e tentou dormir, afinal, precisava estar bem para a corrida que aconteceria há algumas horas. Mas, o que Leon não sabia, era que a sua vida estava prestes a mudar em breve. E que precisava ser forte para suportar tudo o que iria acontecer.