Capítulo 1

1719 Words
Ponto de Vista de Lorena Ela adentrou no bar e sorriu para as meninas. O meu olhar prendeu-se ao dela, mas o seu nem de perto transmitia o mesmo desejo que o meu. Ela usava um vestido preto colado ao corpo que contrastava perfeitamente com a cor bronzeada da sua pele. Os seus lábios carnudos possuíam um sorriso de lado e o seu olhar era direcionado a nós, sabendo que todos os outros olhares daquele bar estavam hipnotizados nela, no seu andar “sexy” e o seu corpo curvilíneo. Sempre tive atração por ela, desde os tempos de escola. Mas ela nunca me dava brecha para eu me atrever a chegar e tentar algo. No início, pensava que fosse o fato de eu ter um pênis e ela só se interessar por mulheres. Até que ela começou a namorar um cara e eu conclui que, na verdade, ela não se interessava em mim. Afinal, quem se interessaria? Desde cedo, eu fiz escolhas na minha vida que trouxeram consequências para minha vida s****l e amorosa. Nasci com um pênis. No início da minha vida, eu era tratada por meus pais e familiares como um menino, até os meus s***s começarem a crescer e eu ser levada, urgentemente, para o hospital. Os meus pais acreditavam ser um tumor, mas eram s***s. Eu sou intersexual, isto é, uma pessoa que nasceu com uma variação nas características sexuais que identificam cada sexo. As diferenças podem ser encontradas nos genitais, cromossomos, gônadas ou hormônios, que não coincidem com o entendimento binário padrão dos corpos — nem masculino, tampouco feminino. Os meus pais queriam que eu fizesse uma cirurgia e cortasse o meu pênis, mas os médicos orientaram que o melhor seria que eu tivesse um acompanhamento psicológico antes disso. Após a segunda sessão, eu cheguei a conclusão que não queria fazer isso e este foi o primeiro conflito que tive com os meus pais. Eu me sentia melhor sendo mulher, apresentando-me de forma feminina para sociedade, mesmo que fosse julgada. Na escola, quando descobriram, eu fui ridicularizada. Porém, sempre tive apoio da minha melhor amiga Normani. Ela é linda, com um sorriso cativante e belas curvas. Sempre tivemos afinidade, desde cedo concluímos que amávamos arte, pintura e fotografia. Sabíamos que, cedo ou tarde, trabalharíamos juntas. Ela que me mostrou que era possível ser aceita sendo aquilo que você que ser. No ensino médio, Mani começou a se aproximar de uma polinésia que havia sempre a chamado atenção, mas que ela nunca tivera coragem de se aproximar. Diana possui um corpo malhado e pele morena que chamava atenção dos meninos e meninas na escola. Ela sempre andava com Camile, minha latina encantadora. Ambas arrancavam suspiros por onde passavam, metade da escola era apaixonado por elas e a outra metade tinha admiração. Quando começamos a andar juntas por conta da aproximação de Mani e Diana, a minha popularidade aumentou. Algumas garotas quiseram ficar comigo por curiosidade para comprovarem que eu realmente era intersexual e tinha um pênis. Só fiquei com duas meninas nesses anos todos de escola, pois descobri que o meu coração pertencia a Camile e o seu sorriso charmoso. Formámo-nos no ensino médio e, infelizmente, perdi um pouco o contato com ela. Eu cursei fotografia e ela administração, já que assumiria a empresa da sua família. Passamos a nos reencontrar devido a encontros aleatórios que Diana e Normani organizavam. Geralmente, íamos a barzinhos ou baladas, mas eu nunca tentava nada, já que, na maioria das vezes, Camile estava namorando ou interessada em alguém. -Oi, Mile. - Diana foi a primeira a se levantar para cumprimentar a latina. Mani se levantou junto da namorada e eu permaneci parada admirando a beleza de Camile. Acho até que estava babando, pois Mani olhou para mim, dando-me uma advertência e logo eu levantei-me também para cumprimentá-la. -Olá. – Disse rápido quando ela se aproximou para me cumprimentar. -Oi, Lo. – Disse sorrindo de lado, do jeito que me hipnotizava. Eu não sabia se ela fazia isso naturalmente ou se amava seduzir e se sentir desejada. A abracei, sentindo o seu cheiro adocicado, fazendo-me inspirar e me perder na sua aura. Segurei na sua cintura, enlaçando-a com os meus braços firmes que tanto queriam tê-la para sempre comigo. Com uma tossida baixinha, ela despertou-me da minha ilusão, fazendo-me soltá-la imediatamente e encarar-lhe constrangida, observando o seu sorriso torto enfeitar o seu rosto. Ela sabia, tenho certeza que sabia da minha paixão. Ou, pelo menos, o que me causava, o que causava em todos ao seu redor. Depois desse momento, a noite seguiu como todos os outros encontros. Ocasionalmente, eu levantava-me e caminhava um pouco para controlar a vontade que eu tinha de atacar os lábios de Camile, a vontade que tinha de encará-la até quando ela não estava falando, de admirá-la por ser tão encantadora. Quando voltava de uma dessas caminhadas, peguei a conversa pela metade que as meninas haviam começado. -Não dava mais certo, ele era um escroto. – Disse ela, abaixando a cabeça. -Concordo plenamente. Ricardo tinha uma pose de arrogante, não sei como conseguiu ficar tanto tempo com ele. -Nem eu, Dih. - Camile parou um pouco de falar para dar um gole da sua bebida. - Agora eu vou investir em mulheres. Chega de homens idiotas na minha vida. -É assim que se fala, Mila. - Mani disse brindando com Camile e logo sendo acompanhada por Diana. Senti que eu estava meio deslocada e logo levantei o meu copo para brindar com as meninas, recebendo um olhar de Camile. -E você Lorena? – Disse sorrindo de lado. – A sua vida amorosa é um mistério. -E...eu o q...que? - Merda de nervosismo que aparecia sempre quando ela dirigia a palavra a mim. -Aaaah, Lorena sempre está com alguém. Ela deve ter mel na boca e dentro das calças. - Normani falou e logo eu direcionei o olhar para ela a repreendendo. Eu nunca me dei bem com garotas. Na verdade, eu era péssima nesse assunto. Sem atitude, envergonhada e apaixonada por Camile. Era uma combinação péssima na hora de conquistar alguém. -Verdade, eu acho que nunca vi Lorena sozinha. Tem sempre uma garota no seu pé. - Diana completou me deixando mais envergonhada. - Não é Lorena? Diana, assim como Mani, sabiam da minha queda, ou melhor, abismo por Camile. E sabiam também da minha enorme dificuldade em ficar com meninas. Eu tinha 23 anos e ainda era virgem. Isso era um desastre, eu sei. Beijei no máximo 5 bocas na minha vida inteira e nunca fiz sexo com ninguém. Um dos motivos era que mantinha Camile na minha cabeça desde o ensino médio. E o outro, era que tenho um pênis, assustava um pouco as garotas. -S...sim. As ga...garotas... -Aaaah, parem de zoar. - Camile me interrompeu. - Nunca vi Lorena com ninguém. Nossa, falou como se eu não pegasse ninguém. Claro que ela tinha razão, mas isso não vem ao caso. -Você não viu, porque não anda com ela 24 horas. - Diana falou na minha defesa. - Ela gosta de pegar as garotas e nunca se apegar a elas. -Verdade, e o pior é que a maioria delas se apaixonam. Lorena tem uma fama ótima. – Normani disse encarando a latina. Camile me olhou desconfiada e eu só consegui concordar com a maior cara de pamonha e nenhum pouco convincente. -Vocês estão mentindo. Conheço Lorena há anos e não a vejo com ninguém. -Eu sou discreta. - Pronunciei-me, eu tinha que mudar essa impressão que ela tinha de mim. -Sim, Lo é capaz de conquistar quem ela queira. Quer pagar para ver? - Diana falou e eu quase me engasguei. Como assim? Imagina eu tendo que conquistar Camile. Eu nunca conseguiria isso. -Duvido você resistir a ela. - Mani completou e eu a fuzilei com o olhar. Não é que eu não queria tentar algo com Camile. Eu só tinha certeza que não conseguiria nada. -E quanto tempo eu ficaria sem resistir a ela? - Camile disse com um sorriso de lado, zombando das meninas. -Um mês e você cairá na dela. Trinta dias. - Diana disse e eu arregalei os olhos espantada. Porra, eu não consegui conquistá-la em seis anos que eu a conheço, imagina trinta dias. Certo que nunca tentei, mas é Camile. A minha crush suprema, a garota dos meus sonhos, eu nunca conseguiria conquistá-la. Engoli o resto do suco que tinha no copo e quando ia me levantar para sair correndo dali ou fingir que desmaiei, Camile disse as duas palavrinhas sagradas. -Eu topo. - Olhei para ela espantada e ela riu da minha cara. - Nunca me conquistará. -Claro que vou. - Criei coragem para falar. - Mas quero colocar algumas regras para esses trinta dias. -Está ficando divertido. - Diana disse rindo para mim. -Nada de exclusividade. - Camile se pronunciou antes que eu pudesse falar. -Claro que teremos. - Falei chateada. -Se você é tão boa quanto dizem, não precisará colocar isso como regra. - Disse com um sorriso de lado. - Eu não procurarei em mais ninguém, já que você será suficiente. Eu dei uma leve engasgada, fazendo-a rir da minha cara de trouxa. Eu era, definitivamente, um desastre na hora da conquista. -Você está certa. - Disse firme. - Então, eu gostaria de dormir na sua casa nos finais de semana. Eu não queria t*****r com ela, não agora, já que eu não possuía nenhuma experiência e só estragaria as coisas se tentasse algo. Eu só queria tê-la mais tempo comigo. -No domingo somente. Sábado eu costumo sair para algum barzinho. E agora que estou solteira, preciso curtir. -Mile, são só quatro finais de semana. Para de colocar obstáculos. - Diana interviu e eu a agradeci com o olhar. -Está bem. - Disse revirando os olhos. - Mas não dormiremos juntas o final de semana inteiro. Nos encontramos no sábado à tarde e, no domingo, passamos o dia juntas. Eu concordei com a cabeça, já gostando da ideia. Seriam trinta dias perfeitos, mesmo que não rolasse nada, conhecer melhor Camile seria um sonho. -Mais alguma regra? - Perguntou e eu neguei com a cabeça. - Então, começamos no próximo final de semana. -Não, amanhã, eu te busco para almoçarmos juntas e depois ver um filme na minha casa. E lá vamos nós...
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