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Alto Mar

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Blurb

O oceano ainda é um lugar misterioso, pouco explorado pelo ser humano. Estima-se que apenas 5% de todo o território oceânico é conhecido pelos homens.

Em sua vida como biólogo marinho, Christopher vai descobrir que existem muitos mistérios a serem desvendados e que ele pode ser o único a acreditar no que seus olhos lhe mostram.

Um ser belo e aparentemente inofensivo seria capaz de cometer atos tão cruéis contra aqueles que Christopher amava? E será que ele seria capaz de ceder ao perdão por amor?

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01
Christopher  Era começo da manhã em Seacity. Eu, meu pai e seus marujos saímos para a nossa primeira viagem marítima pelos arredores de uma das crateras mais profundas do continente. Um lugar pouco explorado e que com toda certeza poderia guardar riquezas inestimáveis.  Meu pai, capitão da marinha, comandava toda a equipe do barco. Eu seria responsável por descobrir que espécies viviam ali e como sobreviviam em águas tão turbulentas e profundas.  — Isso pode ser perigoso, rapazes. Peço que todos mantenham seus corpos totalmente dentro do barco. — meu pai anunciava andando pelo convés. Enquanto o barco vagava pelo mar, eu ia observando e identificando os peixes que nadavam em cardumes ao lado. — Desde criança, você nunca olhou pra outra coisa que não fosse para a água. Nunca quis aprender a velejar, só queria saber de ficar olhando os peixes. — meu pai sentou ao meu lado e sorriu.  — A vida marinha me fascina. — suspirei. — E confesso que eu gosto mais de nadar com os animais do que velejar sobre eles.  — Pelo menos você e seus irmãos tomaram gosto pelo oceano, cada um do seu jeito único.  Eu me tornei biólogo, trabalhava diretamente com os seres vivos e passava a minha vida viajando só para estudá-los. Minha irmã, Maite, também era bióloga marinha, mas não realizava trabalho de campo. Seu negócio era o laboratório, atrás dos microscópios. Meu irmão, Alfonso, assim como o meu pai, entrou para a marinha e atuava em outro estado.  Todos nós crescemos perto da água e dedicar nossas vidas à ela era inevitável. Todo aquele vento com aroma salgado me dava uma paz inestimável. Não trocaria o oceano por nada.  ••• Com minha roupa de mergulho e preso a um cabo que não me deixava ir tão longe, eu usava uma câmera especial para captar toda a vida ao redor daquela cratera. Meu pai insistiu que eu não me aproximasse tanto da beira para não correr o risco da gravidade daquele buraco me puxar para dentro.  Reparei que os animais ali eram os mesmos que costumavam viver em águas mais profundas, mas o que estariam fazendo na superfície? Deduzi que viviam dentro da cratera e saíam apenas para alimentar-se.  Ainda embaixo d'água, eu comecei a ouvir um sussurro ao pé do ouvido, algo que parecia um canto. Mas estava tão perto que parecia ter alguém com a boca colada em mim.  Nadei até a superfície e vi que meu pai e os outros haviam afastado o barco e consequentemente, eu comecei a ser puxado pelo cabo que me prendia.  — PAI!! — gritei. — EU AINDA ESTOU PRESO AQUI!! — me desesperei ao ver que eles iam direto para o meio da cratera. — PAI!!! — eu tentava soltar o cabo de todas as formas possíveis.  Foi quando eu vi a coisa mais inacreditável da minha vida. Todos os homens começaram a se jogar na água, sem nenhum tipo de proteção. Franzi a minha testa observando aquela cena sem entender nada.  O canto que eu ouvia estava vindo diretamente de lá, era apenas um sussurro para mim, mas com certeza eles ouviam mais alto.  Vi meu pai também se atirando na água e comecei a nadar naquela direção. Quando parecia que todos os homens já estavam no mar, boiando de costas com um sorriso sereno no rosto, o canto parou. Eu parecia ser o único acordado em meio a todos eles.  — Ei, pai! — cheguei até meu pai e o sacudi, mas ele não respondeu e continuou sorrindo. — Pai?  Tudo estava silencioso demais e eu comecei a sentir um calafrio subir em minha espinha. De repente, senti uma leve corrente sob meus pés, como se alguma coisa tivesse nadado rapidamente próximo de mim. Pensei logo em tubarões, então nadei arrastando meu pai em direção ao barco.  Eu não entendia o que estava acontecendo. Por que todos aqueles homens pareciam hipnotizados com algo? O que era aquele canto?  Estava quase chegando ao barco quando vi todos os marinheiros, um por um, serem puxados para o fundo da cratera como se algum predador os tivesse caçando.  Acelerei minhas pernas e em desespero, eu dava tapas no rosto do meu pai para acorda-lo daquele transe misterioso.  Só restavam eu e meu pai na superfície e quando consegui chegar ao barco, aquela coisa, seja lá o que ela fosse, puxou o meu pai dos meus braços. E então começamos uma briga onde eu o segurava para cima com força, tentando evitar que ele fosse levado. Mas eu fui fraco e perdi aquela batalha.  — NÃÃÃO!!! — gritei. — PAI! PAAAI! — paralisei ainda na água e nada se ouvia além do barulho do vento que batia contra o meu rosto.  Observei a água e lá de baixo um pontinho roxo que brilhava começou a se aproximar rápido em minha direção. Não iria dar tempo de subir no barco, eu iria ter que me defender.  Por sorte, um dos homens deixou um canivete no chão do barco. Alcancei e segurei firme em minha mão. Quando aquela coisa chegou perto, primeiro eu lhe chutei, fazendo-a se afastar um pouco. Um punhado de sangue flutuou por cima da água.  Mas ela voltou, era tão veloz que eu nem conseguia ver qual era sua forma. Não dava pra identificar o que eu estava vendo. Tudo o que eu vi foi uma cauda roxa e rosa espelhada saindo da água e vindo na minha direção para me golpear.  Enfiei o canivete sem nenhum pudor e acabei arrancando parte das escadas do animal, que sangrou novamente e se afastou rápido, fugindo de mim.  Tirei aquela escama da lâmina e a observei entre meus dedos. Reluzia como uma joia, tinha cores que eu nunca vi em um animal marinho antes.  Mergulhei para conseguir enxerga-lo e posso jurar ter visto um cabelo esvoaçando enquanto aquela coisa nadava para longe. Eu estava louco ou era mesmo cabelo humano?  Finalmente entrei no barco e a primeira coisa que fiz foi pedir ajuda. A guarda costeira não demorou a chegar com uma frota de barcos.  Eles me levaram dali enquanto os mergulhadores procuravam pelos corpos dos marinheiros, incluindo o corpo do meu pai. E eu estava tão em choque que não conseguia dizer nada, mesmo com várias pessoas ao meu redor tentando saber o que aconteceu.  Passei o dia inteiro no hospital sendo examinado por psiquiatras que tentavam diagnosticar o porquê do meu estado catatônico. Meu pai havia acabado de morrer por causa de uma coisa que eu nem ao menos sei o que era. Eu deveria saber, eu estudei para isso!  À noite, a minha irmã apareceu para me ver. Eu ainda continuava sem dizer nada, só olhava para o teto enquanto estava deitado naquela cama de hospital.  — Christopher? — ela sentou ao meu lado. — Eles me disseram que você não consegue dizer nada, mas pode falar comigo, eu sou sua irmã. — ela aguardou uma resposta que não veio. Ouvi ela começar a chorar, colocando as mãos no rosto. — Eles não acharam nenhum corpo. Christopher... por favor... eu só quero saber o que aconteceu com o meu pai!  Eu a olhei de canto e finalmente caiu a ficha para mim.  — Sereia. — foi a primeira coisa que surgiu na minha cabeça.  — O que?  — Foi uma sereia. Ela matou todos.  — Para com isso, Christopher! Não é hora de brincar.  — Não estou brincando. Ela me atacou, eu a feri. Aqui. — eu havia guardado a escama num potinho de exame. — Examina isso. — entreguei para ela. — Você tirou isso da coisa que atacou vocês? — assenti. — Não conseguiu ver o que era?  — Não, mas tinha uma cauda muito estranha. Olha a cor dessa escama. Que animal tem essa coloração? E ela tinha cabelo! Cabelo de mulher! — Maite me olhava como se eu fosse louco. — Precisa acreditar em mim! Só podia ser uma sereia. Eu ouvi um canto de longe e todos os homens que estavam no barco pularam na água e parecia que estavam hipnotizados. Quando o canto parou todos começaram a ser levados.  — Christopher... — ela segurou minha mão. — Você passou por um grande trauma, eu tenho certeza.  — May, eu não sou louco! Eu estou falando a verdade.  — Ok, tudo bem, eu não acho que esteja mentindo.  — Mas acha que eu sou louco.  — Você quer conversar com o médico agora?  — Eu não sou louco. — repeti.  — Eu vou chamá-lo.  Repeti toda a história para o psiquiatra e ele me olhou do mesmo jeito que a minha irmã. Não demorou até eu ser diagnosticado com estresse pós traumático seguido de delírios de consciência. Ele me receitou três medicamentos tarja preta e eu pude ouvir quando ele disse para a minha irmã que eu precisaria de acompanhamento psicológico até estar melhor. Melhor de que? Eu não estava louco!  •••  Em meu quarto, pela  janela, eu observava as águas do mar abraçarem a areia da praia que ficava a menos de dois quilômetros da minha casa. E a única coisa que sondava a minha mente agora era que eu deveria ter deixado aquela coisa me levar junto com o meu pai e os outros.  — Christopher? — Maite entrou no quarto. — Tomou seus remédios? — revirei os olhos e bufei. — Por favor, se ajuda! Amanhã eles vão continuar as buscas e o Alfonso vai estar aqui.  — Buscas pra que? Papai sempre disse que se um dia ele morresse iria querer descansar eternamente nos braços do oceano.  — A gente não sabe se ele morreu. — me olhou séria.  — Eu vi aquela sereia arrastar ele pro fundo da cratera. O papai não está mais aqui, May.  — Dá pra você parar com essa história de sereia?? — ela berrou, começando a chorar. — Existem milhares de predadores no oceano e nenhum deles é metade humano! — ela veio até a minha janela e fechou as cortinas. — Vai dormir! — quando saiu, bateu a porta do quarto com força.  Esperei a madrugada, pra ter certeza que ela estava dormindo e saí de casa indo para o oceanário onde eu e Maite trabalhávamos. Como eu tinha as chaves, entrei no lugar passando por todas as alas onde ficavam os animais até chegar ao laboratório.  Eu e Maite éramos os cientistas responsáveis pelas pesquisas do oceanário e apenas nós dois utilizávamos o laboratório. Eu sabia que ela havia trazido a escama que lhe dei para cá e possivelmente não iria querer examinar. Então eu faria isso.  Vi que ela tinha deixado o potinho com a escama em sua mesa. Eu peguei aquilo e levei para o microscópio. As células eram irreconhecíveis. Nunca tinha visto nada parecido em nenhum animal antes. O estranho era que a coloração parecia ter se acizentado agora que estava seca.  Peguei um pouco de água e joguei algumas gotas por cima, mas ainda continuava cinza. Então eu tive a ideia de colocar sal na água. E foi como mágica.  As células começaram a se agitar e a coloração da escama se acendeu como uma chama lenta e clara. Era um material espelhado, que refletia as luzes que tocavam sua superfície causando pequenos flash's de cores rosa e roxa ao seu redor. Parecia mais um espelho decorado do que a escama de um peixe.  Espetei com uma pinça, abrindo um pouco e na frente dos meus olhos as células se multiplicaram e se regeneraram rapidamente, fechando o corte que eu havia feito. Aquilo era incrível! Mesmo tendo sido arrancada do corpo original, a escama continuava viva e se fortalecia ao ser danificada. Agora Maite teria que me ouvir!  Ouvi algo como uma vassoura caindo no chão, o barulho vinha dos corredores lá fora. Mas eu estava sozinho, não estava?  Saí do laboratório e comecei a andar pelo oceanário, mas não havia ninguém. Realmente tinha uma vassoura no chão, mas poderia ter sido derrubada pelo vento.  Voltei para o laboratório e vi a porta aberta, mas eu havia fechado ao sair. Quando entrei, a escama havia simplesmente sumido.  — Não, não, não! — eu dizia enquanto procurava pela mesa e pelo chão. — Que merda! — bati com as mãos na minha cabeça.  Retornei para casa e corri para o quarto de Maite. Acendi as luzes e a sacudi para que ela acordasse. Ela abriu os olhos resmungando e franziu a testa.  — O que está fazendo? — perguntou.  — Ela pegou a escama, eu tenho certeza! De algum jeito ela saiu do mar e veio pegar! Talvez ela sofra metamorfose e consiga andar sobre a terra! Veio pegar pra que a gente não descubra a sua existência! — eu repetia tudo muito rápido e Maite me olhava com tristeza.  — Você foi ao oceanário?  — Sim e eu examinei aquela coisa. Não deu pra fazer muito porque ela pegou, mas eu observei coisas interessantes! — ao contrário de mim, Maite não estava nada animada. — A escama estava viva! Mesmo fora do corpo, o tecido não morreu! E ele se regenerou quando eu tentei danifica-lo! E tem mais, só reage sob a água salgada, sem ela fica acizentado e estático.  — Você precisa dormir, teve um dia cheio. — tocou meu rosto.  — Maite, você tem que acreditar em mim! Você é a única pessoa que eu tenho agora!  Os olhos dela se encheram de lágrimas.  — Eu estou muito cansada pra processar tudo isso. Que tal a gente dormir e analisar toda essa história amanhã? Tudo bem?  — Você promete que vai me ouvir?  — Prometo. Agora vai dormir. — eu assenti. Voltei para o meu quarto e tentei fechar os olhos e cair no sono, mas toda vez que eu tentava, as imagens daquela coisa tirando o meu pai dos meus braços e o levando para o fundo do mar retornavam.  Passei o resto da madrugada olhando o oceano pela minha janela até que o sol finalmente começasse a nascer.

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