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1040 Words
- Passei pelos seguranças que ficaram me olhando com cara de cu, até que um passou o radio pro Terror e o infeliz respondeu que eu estava liberada, não sabia que era prisioneira dele. Fui descendo pela Rocinha, um calor de Deus me livre. Os bares tudo cheios, o povo tomando uma cerveja bem gelada e pela primeira vez minha boca salivou por uma. Mas eu que não vou parar em um bar sozinha pra beber, o cúmulo na carência hahahahah. - Achei um trailer de açaí em uma praça, fiz o meu pedido e a menina montou meu açaí. Paguei e sentei naquelas mesas e bancos de concreto mesmo que tem aqui na praça, fiquei comendo e observando ao meu redor, a praça cheia de crianças. Não sei como tem gente que critica as comunidades e nos anulam o tempo inteiro, ninguém tem mais sede de vencer do que esse povo e mesmo com tão pouco, somos felizes com o que temos e mesmo com os problemas e diversidades que aparecem constantemente. Eu amo isso aqui! Pra mim a Rocinha sempre vai ter meu coração e significado de recomeço, eu mereço. - Estava me deliciando do meu açaí, que gostoso cara. É meio caro, mas vale a pena, bem gostoso mesmo. É batido, não é industrializado, ai já ganha o meu coração. Uma mulher e uma criança se aproximou da mesa, me tirando dos meus pensamentos. Xxxx: Oi, a praça está muito cheia, tudo bem se eu sentar aqui com ela? Só até ela terminar o lanche. Maria Clara: Claro, fique à vontade. - Elas sentaram e a menininha ficou me olhando e eu super sem graça. Criança: Qual é o seu nome tia? Maria Clara: Meu nome é Maria Clara, amor. E o seu? Criança: O meu é Eloah e o da minha irmã é Bianca tia. - Falou comendo o lanche dela. Bianca: Criança, para de falar e vai comer. - Falou meia sem graça. Maria Clara: Nossa, que lindo o nome de vocês. Relaxa Bianca, criança hahaha. - As horas foram passando e ficamos conversando enquanto a pequena brincava pela praça. Que conversa gostosa, conversamos sobre diversas coisas e eu super me identifiquei com a Bianca, não falamos sobre nosso íntimo, mas dá pra ver que a vida com ela também não foi fácil, perderam a mãe a pouco tempo e ela tendo que cuidar da irmã, ela é de uma força imensurável e é de se admirar. - Trocamos o número de w******p pra manter contato e fomos segundo, ela mora duas ruas a baixo da casa do Terror, já gostei. Maria Clara: Tchau n**a, fica com Deus. Foi um prazer conhecer você e essa pequena linda. - Disse pegando a Eloah no colo. Bianca: O prazer foi todo meu, foi muito bom conversar com você, me senti leve e pronta pra mais uns b.o hahahahah. - Falou pegando a Eloah do meu colo e me dando um abraço. - Elas foram pra rua delas e eu continuei subindo. Não canso de admirar esse lugar, tá explicado porque todo mundo quer morar aqui, agora sim eu entendo. Cheguei no portão de casa, ou melhor, da casa do Terror e os seguranças no mesmo lugar, feitos uma estátua, esse "emprego" não serviria pra mim nem aqui e nem na china. Ficar parado em um plantão de 12h sem poder fazer nada, muito m*l mexer no celular, é loucura, sem contar que tem que ficar com esses fuzis pesadíssimos é o fim. - Entrei em casa e estava um silêncio, pra variar. Tudo escuro, já fui ascendendo as luzes da sala, odeio escuro. Fui pro meu quarto e nenhum sinal do gato, deve foi se aventurar, ele que tá certo. Tem que aproveitar a vida, até porque a vida dele é bem incerta né, hoje tá vivo e amanhã pode não estar. Nossa, que pesado isso que acabei pensando, Deus que me livre. Que ele ainda viva durante muitos e muitos anos. - No meu quarto tem uma varanda que dá do lado da varanda do quarto do Terror, eu nunca tinha vindo até a varanda. Aqui você consegue ver a parte gourmet lá em baixo da casa dele, uma piscina enorme, essa casa é surreal de linda, ele tem um bom gosto. Fora a vista da favela toda, com um pedaço da praia de São Conrado, imagine o pôr do sol aqui, deve ser a coisa mais linda, ficaria tipo aqueles quadros perfeitos. - Aquela piscina estava me chamando, acho que nunca entrei em nenhuma como essa. f**a é que eu não tenho biquíni, não comprei. Até porque não teria nem lugar pra usar, mas acho que se eu colocar uma calcinha e um sutiã, não vai ficar r**m. Atr porque ele não tá aqui e os seguranças parece que não entram aqui. - Troquei de roupa rápido, pequei uma toalha e desci, cheia de ansiedade pra entrar nessa piscina. Cheguei na parte da piscina e é ainda mais lindo de perto, sinceramente. Espero que ele não leve a m*l eu entrar na piscina sem antes de falar com o mesmo. Mas não quero incomodar, ele não tá em casa, não vou ficar enchendo o saco, também não vejo nada de mais. - Tirei a toalha e fui entrando, a água estava gelada, porém gostosa. Está um calor horrível, dei meu primeiro mergulho e parece que diminuiu a metade da tensão e o peso nas minhas costas. Fiquei nadando pela piscina toda, que sensação gostosa, estava me sentindo viva e feliz, bem leve. Graças a Deus. - Estava distraida nadando, até que me senti observada, olhei ao meu redor e não vi ninguém, também tá meio escuro, só as luminárias da piscina mesmo. Não quis ligar a luz daqui pra não chamar atenção dos seguranças, vai que eles me barram, Deus me livre hahahahah. - Olhei mais uma vez e não tinha ninguém, mas como eu sou medrosa pra um caramba, sai da piscina, peguei a toalha, me enxuguei rápido e meti o pé pro meu quarto hahahahah. Fazer o que né, a vida me fez ter medo de tudo. - Tomei um banho relaxante, coloquei uma roupa leve e fiquei na cama mexendo no celular.
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