— f**a-se! — Lark deu de ombros tentando vender uma indiferença que esperava que Ollie comprasse. — Eu quero continuar dançando.
— Ele está acenando para nós.
— Ótimo para ele.
— Você realmente o odeia.
— Não, não o odeio. Desisti dele, Ollie, e simplesmente não tenho desejo algum de voltar a ser sua comparsa de piadas. — A única coisa que ela nunca escondeu de Ollie foi o quanto ela amava Max quando eram crianças. Ollie sempre soube e guardava seu segredo por ela.
Na época, ela disse a Ollie que percebeu na noite do baile que nunca iria sair da friendzone. Além disso, ela nunca iria superá-lo se não se afastasse dele. Ollie foi quem a ajudou a queimar, chorando, todas as lembranças que Lark guardava quando ela voltou para casa para arrumar suas coisas para a universidade longe deles.
O ingresso do primeiro baile da escola, onde ela dançou sua primeira dança com Max, estava rasgado. A foto tirada dos quatro na casa na árvore, com sua câmera Instamax, quando ela beijou Max, foi a primeira a queimar. Uma fita de primeiro lugar do trabalho científico que ficaram juntos na oitava série se juntou às cinzas. Seus diários, onde ela escrevia o nome dele centenas de vezes, foram colocados na trituradora de papel do pai e depois incendiados. Tudo queimou. Elas fizeram uma fogueira, e ela queimou tudo. Mais tarde, quando Max voltou de um encontro e entrou no quintal, ela se afastou dele sem dizer mais uma palavra. Eles não trocariam mais do que algumas sílabas em doze anos.
Mesmo que suas famílias fossem próximas, ela conseguiu evitar qualquer conversa com ele. Voltar para Dallas e estar aqui permanentemente sabia que poderia ser mais difícil evitá-lo, mas isso não significava que ela não ia tentar. Vê-lo, mesmo que por um breve olhar que deu agora, provou para ela que ainda guardava muita dor em seu coração. Ela precisava manter distância. Max Villeneuve sempre foi, e sempre será, uma fraqueza para sua alma tola.
Ela segurou Ollie depois de beber seu drinque e a puxou de volta para a pista de dança.
Com o novo influxo de álcool correndo em suas veias, ela conseguiu esquecer novamente as lembranças que pareciam assombrá-la esta noite e concentrou-se nas letras e no ritmo da música.
Ela e Ollie eram grandes fãs de música country, mas a música pop alta com batidas de techno remixadas pelo DJ era o suficiente para mantê-la concentrada na dança.
Lark sentiu mãos em seus quadris novamente e abriu os olhos, notando que Ollie estava na frente dela dessa vez, e olhou por cima do ombro e viu Johan atrás dela. Ele se juntou ao trio deles, fazendo deles um quarteto quando estavam na escola secundária. Ela não o tinha visto muito ao longo dos anos e jogou os braços em volta do pescoço dele, o abraçando apertado.
— Olá, linda!
— Oi, Johan! — ela gritou por cima da música enquanto ele a abraçava de volta. — Você está bem.
— Não tão bem quanto você! Onde está o namorado i****a? Por favor, me diga que este vestido preto é um vestido de vingança e que você terminou com ele.
— Ele transou com a secretária dele no aniversário deles! — Ollie gritou por cima do ombro para Johan.
— Ótimo, agora posso avançar! — Johan provocou e então a mergulhou profundamente sobre o braço antes de beijar sua bochecha em alto e bom som.
Ela deu um tapa no peito dele e riu enquanto ele pegava sua mão e a girava debaixo de seu braço. Os pais de Ollie adoravam dançar e, quando estavam todos na escola secundária e até na escola, empurravam os sofás da sala de estar e Olivier e Bobbie ensinavam todos os tipos de dança. Ela ria alegremente porque Johan não tinha esquecido suas lições enquanto dançava com ela.
Ela ficou sem fôlego quando ele a girou para trás e ela caiu nos braços de alguém que imediatamente a apertou com força e a levantou do chão.
Ela empurrou com raiva.
— Me solta, Max.
— De jeito nenhum, chère. Dance comigo. Você costumava amar dançar comigo.
A voz de Max era muito mais profunda do que ela se lembrava e, quando ele rosnou em seu ouvido, ela percebeu que ele não era mais o garoto adolescente que ela já adorou, mas era um homem diante dela. Mais uma razão para ela e seu coração t**o evitá-lo a todo custo. Max Villeneuve devorava garotinhas como ela no café da manhã e usava seus ossos para limpar os dentes quando terminava.
— Eu cresci. — ela o empurrou para longe e se abriu caminho pela pista de dança lotada, ignorando os gritos de Ollie enquanto ela gritava com Max por estragar sua diversão. Ela chegou à borda da pista de dança quando seu braço foi agarrado, e ela foi puxada para trás. — Que p***a é essa?
— Por que está fugindo de mim? — Max cruzou os braços sobre o peito.
Ela quase revirou os olhos quando notou os m*****s aparecendo sob seus braços cruzados. O homem usava a camisa mais apertada para exibir seus peitorais perfeitamente esculpidos. Um arrogante i****a. Ela puxou seu braço longe dele.
— Eu não quero falar com você.
— Que diabos, Lark? Você não fala comigo há anos. O que eu fiz?
— Existir. Você existe. — Ela cutucou seu peito. — Você vive apenas para si mesmo, suas vontades e suas necessidades, e você é um egoísta maldito e eu te odeio. — Ela gritou a última parte e observou a descrença atônita em seu rosto. — Agora fique longe de mim.
— Você me odeia?
Ela se afastou furiosa, se dirigindo ao barman, e se forçou a ignorar o gigante que vinha atrás dela. Max tinha crescido ainda mais desde quando estavam na escola. Ele tinha ombros largos e era mais alto do que a maioria dos homens no clube. Ela também não é delicada, com seus um metro e setenta e três descalça, era por isso que o Douglas sempre insistia que ela usasse sapatos baixos, porque ele tinha apenas um metro e setenta e cinco e isso o fazia se sentir diminuído quando ela estava mais alta do que ele. Babaca.
Ela mentiu para o Ollie. Ela odiava ele. O que fez com que todas aquelas outras garotas valessem o tempo dele e ela não valesse dez minutos para ir até o terraço conversar? Sua autoestima levou uma queda terrível ao perceber que, aos olhos dele, ela não era boa o suficiente para ele. Com o aumento constante de sua autoconfiança ao longo dos anos, sua hostilidade em relação a esse babaca arrogante também cresceu.
Ela acenou para o barman e fez um sinal para duas doses e mais um chope. Ambas as doses foram engolidas rapidamente antes que Max a alcançasse no bar.
— Ei, Lark, vamos lá. Fale comigo. Nós éramos melhores amigos.
— Você não é amigo meu.
— Pelo menos posso saber o que eu fiz?
Sua voz estava quente em seu ouvido e, apesar da música alta em alto volume, ela sentiu como um arrepio que desceu por sua espinha. O menino que falava inglês tanto quanto ela e Ollie, desde o momento em que descobriu que seu pai tinha raízes cajun, desenvolveu de repente uma fascinação pela língua francesa. Ele até passou um tempo na França e adotou um sotaque que ele conseguia usar ou deixar de usar com facilidade, e agora ele pronunciava bem forte em seu ouvido. Ela se virou e deu um soco no braço dele.
— Pare com essa falsa bobagem, Max. Você não é mais francês do que eu.
— Gostaria de ter um pouco de francês em você? — Ele flertou descaradamente.
Ela abriu e fechou a boca incrédula.
— Ah, vai, você costumava brincar comigo! Por favor, venha conversar comigo.
— Aquelas piadas eram o motivo de todo mundo no ensino médio achar que eu era uma das garotas no seu harém maldito. Vá se f***r! Não. Se você não me deixar em paz, vou chamar o Riggs.
— Riggs? Você tem ele no discador rápido?
— Bem, sim. Quem você acha que mantém você longe de mim?
— Espera, você está dizendo que o chefe de segurança do meu pai e melhor amigo me mantém longe de você? — Ele parecia completamente perplexo com suas palavras.
— Sim. Eu disse a ele no verão em que nos formamos que nunca mais queria você perto de mim. Ele se certifica de que isso aconteça.
— Por quê?
— Porque eu te odeio. Qual parte você não entendeu ali? — Ela jogou o braço na direção da pista de dança.
— A parte em que você me odeia. Eu não entendo o porquê. Nós éramos melhores amigos. Lark, eu te conheço desde que nascemos. Você me cortou. Eu acho que mereço saber por quê.
— Eu não te devo nada, Max. Veja bem, amigos colocam um ao outro em primeiro lugar. Eles cuidam um do outro. Eles não abandonam seus amigos que estão sofrendo. Eles não os deixam emocionalmente vulneráveis, e eles não os deixam pendurados. Você deixou de ser meu amigo quando começou a colocar seu p*u e sua necessidade de conquistar todas as mulheres num raio de cem milhas na minha frente e me humilhar constantemente diante do mundo todo. Não somos amigos. Nem agora. Nem nunca mais. — Ela pegou o telefone do bolso de trás e mandou uma mensagem para o Ollie sem ter certeza para onde tinha ido. Ela considerou que Johan a distraía para que Max pudesse mantê-la presa.
— Lark. — Ele estendeu a mão e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, e então pulou quando ela bateu na mão dele. Ele balançou para trás incrédulo. — c*****o, você realmente me odeia.
— Sim. Eu odeio. Me deixe em paz, Max. Vá encontrar alguma garota para t*****r e finja que eu não estou aqui. É o que você fazia bem no passado.
Ollie apareceu no ombro dela e lançou um olhar furioso para Max.
— Isso não é legal, Max. Você deveria saber que seus joguinhos não vão funcionar.
— Que joguinhos? Eu estou tentando descobrir por que a pessoa que foi minha melhor amiga por quase dezoito anos me odeia.
— É porque você é você, seu homem galinha. — Ollie rosnou e puxou Lark para longe. — Vamos lá. O Riggs vai nos levar para outro lugar e ele. — Ela deu um olhar irritado para o irmão. — Não está convidado.
Lark bebeu o drinque em frente a ela e, com o dedo médio erguido em direção a Max, seguiu sua melhor amiga para fora do clube. Por que, mesmo depois de tanto tempo, a queimação do álcool ainda não fazia o veneno de Max Villeneuve sair de seu coração?