Capítulo 1 - Morar com eles?!
Subo as escadas correndo, mas isso meio que nao adianta.
Aí que você pergunta, por que nao adianta?
Simples. Se você é uma garota sedentária que nunca usou muito as pernas na vida, meio que aguentará correr escada acima por apenas 3 segundos.
Isso te responde não é?!
Pois bem, não aguentei muito e parei de correr, ofegante.
O i*****l do meu irmão começou a rir de mim, com meu celular em suas mãos.
Ele vai ver só!
Ninguém toca no meu precioso celular e sai vivo.
-ME DA ESSA d***a DE CELULAR MIGUEL!- gritei o mais alto que pude.
-Você quer?-mostrou o aparelho que segurava nas mãos- então vem pegar- ele deu um de seus sorrisos cínicos e voltou a correr igual um guepardo.
-VOCÊ ME PAGA i****a!- gritei novamente e corri atrás dele.
Estava tão concentrada no meu irmão que não vi uma pessoa na minha frente e esbarrei com alguém.
-Onde vai com essa pressa, Gabi?- ouvi a voz doce e meiga da minha mãe.
O bom de ser a mais nova da família é que você ganha tudo que quiser apenas se fazendo de santo.
-Mãe o Miguel roubou meu celular e não quer devolver- falei com voz manhosa e fiz aquela carinha do Gato de Botas no filme do Shrek.
Eu sei, sou uma ótima atriz. Esses diretores de cinema nao sabem o que estão perdendo.
-MIGUEL VEM AQUI AGORA!- minha mãe gritou.
Vi meu irmão se aproximar e segurei um sorrisinho de deboche.
-O que foi mãe?- Miguel tremeu um pouco de medo. Se mamãe gritar com meu irmão , pode apostar que ele começa a se segurar pra não urinar na calça.
-Devolve o celular da sua irmã. Você tem o seu, porque precisaria do dela?- falando serio, eu amo quando a mamãe dá bronca no Miguel.
Miguel soltou um suspiro e me entregou meu telefone.
Sorri para ele com deboche e peguei o aparelho.
Ah, que indelicadeza minha. Nem me apresentei direito.
Eu sou Gabriela Vaz, mais conhecida como Gabi e sou filha de Manuelle e Joaquim Vaz.
A história dos meus pais deixo para a imaginação fértil de você leitor.
Agora, é a minha vez de ser a principal. Vocês conhecerão agora, a minha história.
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-DESÇAM AQUI LOGO CRIANÇAS - Tia May e sua mania de gritar. Uma coisa que acho desnecessário. Eu limpo meus ouvidos todo dia e tenho certeza que ninguém da família é s***o. Então, por que ela tem que gritar? Não sei como o marido dela aguenta as vezes.
May era nossa vizinha desde que meus pais se mudaram para o interior. Uma vizinha intrometida e sem vergonha nenhuma de sua personalidade.
Saí de meu quarto e desci para a sala, meus primos e irmãos fizeram o mesmo. Sim, primos. Mesmo que nem todos ali fossem parentes de sangue, eram todos grandes amigos, nos consideravamos uma família de verdade.
-Nos chamaram?- o i****a do Guilherme perguntou. Guilherme era o mais velho dos adolescentes.
-Nao i*****l, chamamos a banda Nivarna- Tia Gertrudes respondeu. Me segurei para não rir, ela era mau humorada que virava uma comedia.
Acho que é por isso que a Tia Gertrudes nao tem filhos.
Ela m*l tem paciência com a gente, imagina com os filhos?
Me sinto agradecida por ser apenas afilhada dela.
- Seguinte crianças: a Tia de vocês, Mary, nos convidou para passar uns tempos em Paris- Tia Isabelle, minha única tia de sangue, explicou com cautela.
-Uhh eu sempre quis ir pra Paris- Erica se empolgou.
-Seria bom conhecer algumas gatinhas francesas- Thomas sorriu, pevertido.
-Mas vocês nao vão- Tia Júlia disse, rindo.
-COMO É QUE É?- todos gritamos ao mesmo tempo, indignados.
-Precisamos de um pouco de espaço dessa vida de pais, então decidimos deixar vocês aqui- Tia Isabelle completou.
-Ah nao acredito- Sophia bufou e se jogou no sofá, cruzando os braços.
-E quem vai cuidar de nós?- perguntei.
-Vocês todos vão morar com a Lídia - Tia Gertrudes disse, tentando segurar a risada.
-O que? Eu vou morar com eles?- apontei para os projetos de gente que se diziam ser meus primos.
-Sinto muito querida, mas é necessário- papai sorriu e beijou minha testa. Necessário por que se eles estão nos abandonando na cara dura pra viajar à Paris, para a mansão da tia Mary?
-Vocês, nao encostem um dedo na Gabi, ou arranco os amiguinhos de vocês- papai ameaçou, olhando para cada um dos meninos.
Obrigada papai, estragou meus esquemas de beijar pelo menos um dos meninos. De preferência o Daniel.
-Deixa disso Joaquim, eles são primos da Gabi, nunca tentariam nada com ela- Tia Júlia riu do ciúmes de papai.
Primos de consideração, eu diria.
Papai suspirou e apenas lançou um olhar mortal para os meninos.
-Arrumem suas coisas crianças, amanhã mesmo deixaremos vocês aos cuidados da Lídia- Tia Isa disse.
Subi para meu quarto e tranquei a porta.
Me aproximei do guarda-roupa e comecei a bater minha cabeça no mesmo, com força.
Droga, d***a, mil vezes d***a!
Morar com a Tia Lídia nao era nada m*l, mas morar com os seres irritantes chamados meus primos?
É pedir pra cair de um penhasco.
Infelizmente, nao tenho escolha e o único jeito é obedecer os adultos.
Que adoram fazer injustiça com a vida de adolescentes.
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-Lembrem-se pirralhos, nao se comportem e façam da vida da Lídia um inferno- Tia Gertrudes deu um sorrisinho de quem ia aprontar.
-Por isso você é minha tia favorita, pode contar comigo que a Tia Lídia vai "amar" cuidar da gente- Thomas riu e fez um "toca aqui" com a Tia Gertrudes.
- Gertrudes tem um grande amor com a Lidia - Tia Isabelle riu.
De fato a amizade dessas duas era questionável: viviam entre socos mas não se desgrudavam.
Tia Gertrudes se aproximou da porta da "simples" residência e tocou a campainha.
A porta se abriu e uma expressão de surpresa estava presente no rosto da Tia Lídia.
-O que é isso....?- ela olhou para Tia Gertrudes com uma certa desconfiança.
-Parabéns fofa, você sera babá- respondeu como se fosse a coisa mais empolgante do mundo.
-Ah nao...ta de brincadeira- olhou para minha mãe como se dissesse "isso é serio?".
Mamãe e Tia Gertrudes caíram na gargalhada.
-Super serio, você esta responsável por todos eles até voltarmos de viagem- mamãe explicou, recuperando-se da crise de risos.
-Vocês que colocaram no mundo, cuidem vocês- Tia Lídia disse e revirou os olhos, lançando um olhar mortal para as três amigas.
-Acontece querida, que precisamos de ferias dessa vida de pais- Tia Gertrudes disse.
-Você nao precisa Trudes, nem tem filhos- Lídia arqueou uma sobrancelha.
-E nem quero ter, deus me livre, ter sobrinhos já basta- Tia Gertrudes revirou os olhos.
-Aham acredito - a amiga riu.
Tia Trudes bufou impaciente e me empurrou pra dentro da casa, os outros nos seguiram.
Me sentei no enorme sofá e fiquei surpreso ao ver Lhucas se sentar ao meu lado.
Ele nunca havia nem sequer olhado pra mim durante esses 15 anos de vida.
-Acho que vamos nos divertir nesses 3 meses de férias- ele disse, em um tom meio baixo, e sorriu de canto.
Eu acredito que milagres acontecem. Lhucas é a prova. Tímido como é, sua voz quase nunca era ouvida e agora estava conversando comigo.
-É, acho que sim- sorri de volta para ele, disfarçando a desconfiança.
Espero que a Tia Lídia nao seja chata e nao atrapalhe meus planos de beijar algum dos meus primos.
Falando nela, terminou de discutir com as amigas e entrou na casa.
-Se pensam que vou dar uma de babá pra vocês, estão muito enganados- cruzou os braços, nos observando severamente. Algo em seu olhar me fez lembrar de meu querido e ciumento pai, Joaquim Vaz.
- Se eu fosse você não desobedeceria as ordens da mamãe, Tia Lídia- Miguel riu, sempre metido.
Revirei os olhos para o irmão que a vida injustamente me deu. Se chatice fosse contagiosa, eu já teria pegado. Mas felizmente, a vida me fez linda e carismática, modéstia a parte.
-Eu estou pouco ligando pra sua mãe, Miguel, ela pode ate mandar, mas eu sou independente e sigo minhas próprias regras, então não espere que eu vigie vocês 24hrs por dia- ela respondeu e o sorriso de Miguel se desfez.
Amo.minha.tia.
-Os quartos ficam no andar de cima, todos terão que dividir, e oque estão esperando? Sumam da minha frente logo!- ela ordenou, falsamente alterada.
Ri e subi com minha mala até o corredor dos quartos.
Fiquei meio perdida. Qual dos quartos era o meu?
Acho que passei tempo demais sonhando acordada, pois alguém esbarrou em mim.
-Ai Gabriela, presta atenção criatura!- ouvi Sophia reclamar.
- Desculpa priminha, não te vi- eu falei, um pouco receosa. Sophia era a cópia perfeita da Tia Isabelle em r*****o ao humor as vezes.
Sophy revirou os olhos e suspirou.
-Esses meses serão longos, pelo visto- ela murmurou, incomodada. Seus olhos castanhos então me analisaram- o que você esta esperando? Entra logo no nosso quarto- ela nem me deixou responder, me empurrou para dentro de um quarto.
Ao entrar, perdi o fôlego ao ver o tamanho da beleza do quarto. Pude notar que Sophia estava na mesma que eu. Se tinha uma coisa que minha tia era, era rica.
O quarto para duas pessoas era enorme e decorado em dois estilos diferentes.
Sophia e eu dividimos nosso canto, de acordo com nosso estilo.
Joguei minha mala em algum canto qualquer e me deitei na cama lilás super confortável.
Meu verdadeiro quarto não era nada comparado àquele.
Pude notar que Sophy já estava cochilando em sua cama branca, que pelo visto era bastante macia.
Decidi não acorda-la e tirei meu celular da mala. Pus os fones no ouvido e fechei os olhos enquanto escutava minhas músicas favoritas.
Logo, peguei no sono.
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-ACORDEM GAROTAS, A GENTE ESTÁ DE FÉRIAS !- uma criatura irritante e maluca gritou.
Abri os olhos assustada e olhei para a porta do quarto para saber que ser corajoso teve o atrevimento de interromper meu precioso sono. Precisava saber quem eu iria dar um soco.
Reyna, claro.
A maluquice em forma de garota loira correu até minha cama e se jogou em cima de mim, me sufocando.
-Rey...dá pra sair de cima de mim, por favor!!?- reclamei, a empurrando.
Reyna riu, loucamente, e se levantou, me permitindo respirar.
Ela então foi até a cama de Sophia e fez com ela o mesmo que fez comigo.
-Ai sua louca, sai daqui!!- Sophia grunhiu e empurrou Reyna com brutalidade.
O sorriso divertido de Rey desapareceu e ela olhou magoada para Sophy, que não demonstrou nenhuma reação de pena ou ressentimento.
-Rey sua maluca, eu vou te bater por ter me acordado assim- ameacei e me levantei de minha preciosa cama.
Reyna apenas riu.
-Vamos preguiçosas, a Chatonilda da Lídia ta chamando, não vao querer perder o jantar!?- Rey arqueou uma sobrancelha, sarcástica.
Ela nos conhecia bem.
-Desço em dois minutos- avisei desesperadamente e corri para a penteadeira, que teria de dividir com Sophy.
-Fui!- Sophy disse e correu apressada para fora do quarto.
Peguei minha escova de cabelo da e peentei meus longos cabelos.
Fiz uma trança e prendi com uma fita. Joguei a trança para o lado e desci para a sala de jantar.
Até agora, tudo na minha vida havia corrido perfeitamente.
Mas quem disse que essas férias seguiriam a tranquilidade do primeiro dia?!