4. Briga entre irmãos

1164 Words
Carlos Eduardo narrando       Assim que Kile foi embora, e eu quase morri com o que "eu achei que vi", me levantei do sofá e olhei a sala. Wow! A casa estava uma tremenda bagunça. E eu que ia ter que arrumar. - Fala, estrela.- eu disse assim que vi minha irmã descer. - Oi. - Hey, me ajuda a arrumar a casa? - falei. Lua andou até a cozinha e preparou duas torradas e um copo de suco de laranja. - Não. - falou. - Ah, vai... - Não, a festa não foi minha e ninguém estava aqui por mim. - Mas poderiam estar, você quem não tem amigos. - Eu sei. - Tudo por que você é demasiada estranha.- falei emburrado. - Exatamente.- ela disse firme. Lua me fuzilou com os olhos, pegou seu prato e seu copo e subiu pro seu quarto. A ficha do que eu tinha falado caiu minutos depois. Droga! O que eu fui falar? m***a! Eu tinha que me desculpar. Que tipo de irmão eu sou? Pouco me importa se minha irmã é estranha, nerd, patricinha, tanto faz, o que importa é que eu a amo. - Lua! - chamei, batendo na porta de seu quarto que estava trancada. - Carlos Eduardo, faz o favor de ir pra bem longe.- ela gritou e sua voz saiu trêmula (eu tinha feito ela chorar ? Oh não!). E também, Lua só me chamava pelo nome todo quando estava chateada ou brava. - Lua, me desculpa. - não ouvi resposta.- Por favor, me deixa entrar. O silêncio permaneceu. Desci as escadas e peguei o celular. - Kile? - falei, assim que ouvi que alguém tinha atendido. - Oi querido, é a tia Lúcia, o Kile ta dormindo. - Então tá bom, tia. Pode avisar que eu liguei? - Claro! Beijinho, Cadu. - Beijo, tia. - Ah Cadu, mais tarde vem você e a sua irmã pra cá, vou fazer uma torta. - Tá bom, tia, vou sim. Obrigado, viu? Beijão. - Beijo. Desliguei a chamada.          Comecei a limpar aquela bagunça, sozinho mesmo. Que d***a! Vai demorar pra Lua me perdoar. Mas olha o que eu falei! Dessa vez fui longe demais. Eu e Lua sempre brigavamos sempre, mas era aquela briga que ... Você briga num segundo, e no outro já está colado. Lua era minha irmã, minha melhor amiga e eu confiava nela mais do que ninguém. E de repente, eu comecei a chorar. Como uma criancinha sem um doce, eu chorava. Pela 1° vez, por causa se uma garota! E era a garota mais importante da minha vida. Oh, Lua, perdoe-me. Comecei a dar vários tapas na minha cabeça, repreendendo-me. Ouvi algo se quebrar no andar de cima, mas acabei por não dar atenção. Resolvi descansar um pouco quando terminei, o melhor a fazer era por a cabeça no lugar. Deitei do sofá e tirei um cochilo. ~•~ 7:23 p.m - Hey cara! Acorda. - ouvi alguém gritar no meu ouvido e o som de panelas. Abri os olhos e vi Kile, ele estava com uma colher de p*u numa mão e uma panela na outra, ele batia um no outro, provocando um som agudo. - Para, seu louco.- falei lhe dando um leve soco no braço. - Parei. Parei. - ele falou se rendendo.- Você está com uma cara péssima. Ele cutucou meu rosto como se tivesse algum animal extraordinário no mesmo. - "Cê" tá inchado. - pausou.- Espera! Você estava chorando?- ele questionou. - Visível demais? - perguntei. - Demais! Minha mãe falou que você me ligou. O que se passa? - Lua... - Uuhh, aí vem bomba. - Para. - Ok, mas o que tem a Lua? - Brigamos. - Sério? Cara, "cê" conhece suas brigas, num momento estão como cão e gato e depois estão que nem... Ahn...Sei lá ... chiclete. - Mas dessa vez... Foi diferente. - Já tentou falar com ela? - Já, bati na porta, gritei e nada. - Sério? - Sim. O que eu faço? - Eu não sei, cara! O que é que você fez ? - Meio que ... Falei que ela era estranha. - Hum. - Hum. - E aí? Só isso? - É! - Ela sabe que é estranha. Lancei um olhar mortal para ele. - Calei. - O que eu faço? - Você só disse que ela é estranha. - Mas ... Mas eu entendo ela. Eu aceito isso e eu não vejo m*l nisso. Eu sou irmão dela, devo apoia-la, cara. Ela sofre com todo mundo chamando ela de estranha, mas ... O próprio irmão? Não! Ai já é demais. - Vendo deste angulo ... É cara, você pisou na bola. - Cara, eu já percebi isso, vai ficar esculachando isso na minha cara? - Calma. Uau, ok, entendi. - Vou falar com ela, ou pelo menos tentar. - Boa sorte. - Valeu. Já estava subindo as escadas quando me lembrei de algo. - Ei. - Hum? - Kile disse deitado no sofá e ligando a TV. - Como você entrou aqui? - A porta estava aberta. - Hum, acho que ... Tenho que me lembrar de trancar a porta. - Isso foi uma indireta? Dei de ombros.        Continuei a subir as escadas e parei diante daquela porta. Por um instante aquela porta n***a onde havia escrito DANGER, parecia tão... Distante, parecia que a qualquer momento ela iria explodir. Bati na porta 3 vezes e ninguém respondeu. Ou ela me ignorava, ou ... Estava dormindo. Prefiri acreditar na segunda opção. Encostei na maçaneta e o ferro estava frio. Girei, mas a porta não abriu. Pensei em empurrar e arrombar, mas lembrei que eu tinha uma chave extra de seu quarto, assim como ela também tinha uma do meu. Corri até meu quarto e abri umas das gavetas, onde encontrei a chave extra. Abri a porta depois de destranca-la e vi Lua. Ela estava dormindo - como eu havia previsto -, a coberta estava bagunçada acima de seu corpo, o cabelo tampava uma parte do rosto,um braço perto do rosto e o outro estava dobrado em baixo da cabeça. Ela tão serena. Observei a sua barriga subindo e descendo por causa da respiração. - Lua? - chamei. Ela se mexeu, mas não acordou. - Lua? - chamei novamente. Quando Lua acordasse, iria explicar tudo a ela, se ela deixasse. A última coisa que eu queria, era ficar brigado com ela. - Lua! - chamei mais alto. Dessa vez ela abriu apenas uma parte dos olhos, mas os fechou rapidamente, como se ainda estivesse inconsciente. - Lua.- falei com um tom de lamento na voz. Novamente Lua abriu os olhos, mas agora por completo e assim que se deu conta de onde estava e quem estava na sua frente - no caso eu - ela se sentou e me olhou. - Lua. Seus olhos se encheram, como se por um segundo tivesse esquecido tudo, e depois, no outro segundo, tivesse se lembrado.
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