Eu nunca imaginei que, depois de tudo, o que me esperava ao voltar pro Brasil fosse uma mansão com mais mármore do que afeto e uma convivência digna de uma peça de teatro m*l ensaiada. Estávamos os três ali: eu, Letícia — a mulher que já foi minha, depois do meu irmão, depois quase minha de novo — e Eloá, a patricinha rica, debochada, inquieta e... talvez a única pessoa capaz de transformar um jantar simples num espetáculo de ironias e tensão velada. Depois de subirmos com nossas malas, cada um foi para seu respectivo quarto. O meu era elegante, sóbrio e absurdamente confortável. A primeira coisa que fiz foi me jogar na cama, sapatos ainda nos pés, braços abertos, encarando o teto decorado com iluminação indireta. O silêncio ali parecia me engolir, abafando até meus próprios pensamentos.

