A garrafa de uísque estava quase pela metade. Eram dez da noite. O silêncio no apartamento parecia zombar de mim, tão alto que era capaz de esmagar qualquer tentativa de distração. A TV estava ligada em algum canal aleatório, mas eu nem via a imagem. Só ficava ali, sentado no chão, de costas pra parede da sala, com a cabeça encostada e os olhos marejados. O gosto da derrota na boca era mais amargo do que qualquer bebida. Claire tinha ido embora. Mais uma vez. E eu... eu não tive forças pra impedir. Me sentia ridículo. Um homem feito, de terno caro e nome respeitado, sentado no chão de um apartamento cinco estrelas chorando como uma criança órfã. Pela segunda vez na vida, eu tinha deixado o amor escapar. E a pior parte era saber que a culpa era minha. Só minha. Ouvi a campainha tocar

