Estava uma noite quente, o tipo de calor abafado que fazia o ar parecer mais denso, mesmo com todas as janelas abertas. Eu estava sentado no sofá da sala do apartamento que Claire havia comprado — moderno, minimalista, com vista panorâmica da cidade e uma varanda que parecia flutuar sobre o mundo. Daniel estava no chão, jogando videogame, rindo sozinho das próprias derrotas. Eu o observava com carinho — vê-lo sorrir de novo, mesmo que aos poucos, era um alívio que eu não sabia que precisava tanto. Mas naquele instante, o celular vibrou no meu bolso. Peguei o aparelho distraidamente, esperando alguma mensagem da Claire ou talvez algo do trabalho. Mas o nome que apareceu na tela me congelou. Letícia. O primeiro impulso foi ignorar. Fingir que aquilo não existia. Mas então veio outra mens

