Já fazia quase um mês desde aquele sequestro gastronômico inesperado. Desde então, meus encontros com Eloá passaram a acontecer quase por rotina, mesmo que nunca marcados de forma oficial. Às vezes ela aparecia de surpresa no restaurante, sentava na mesma mesa, mandava nos funcionários, como se estivesse na sala de casa. — Você nunca vai aprender etiqueta básica, né? — perguntei uma vez, ao vê-la devorando um prato de burrata como se estivesse faminta após uma travessia no deserto. — Eu aprendi. Só escolhi ignorar. Além disso, etiqueta é para jantares com sogras ou CEOs neuróticos. Você não é nenhum dos dois — respondeu, lambendo os dedos com total falta de cerimônia. Outras vezes, era ela quem me mandava mensagem com um simples: “Hoje é dia de você fingir que ainda tem uma vida. Vamb

