Nos dias que seguiram, Hikari virou o centro de tudo. Era o que nos mantinha ocupados, animados, energizados. Claire se dedicava como se fosse a realização de um sonho de infância — e talvez fosse mesmo. Eu, de certa forma, me encontrava ao lado dela, longe dos fantasmas que insistiam em me acompanhar. Passávamos horas no restaurante. Às vezes, Claire surgia de avental e hashis no cabelo, distribuindo ordens para os funcionários da obra com um sotaque engraçado que misturava japonês e português. — Logan, amor, você pode ver com o fornecedor se o shoyu orgânico chegou? E, ah! Compra mais folhas de shissô, tá? As que vieram hoje estão tristes. E não dá pra servir tristeza no prato! Ela era uma explosão de ideias, cores, sons. Em uma tarde, ficamos testando pratos na cozinha. Claire fazia

