Os dias passaram como um inverno sem fim. O tempo em que Daniel ficou no hospital pareceu uma eternidade, mas foi só ao vê-lo ganhar alta que o verdadeiro impacto do acidente — e tudo o que veio com ele — começou a se desenhar de forma c***l.
Minha mãe ligava todos os dias. Às vezes, mais de uma vez. A voz dela era sempre a mesma: preocupada, trêmula, com um peso no fundo que eu não ouvia desde que deixei o país, anos atrás.
— Logan… ele não tá bem. Por favor, filho, dá um jeito de vir aqui.
— O que houve agora? — perguntei, com o celular encostado entre o ombro e a orelha enquanto passava a chave na porta do quarto do hotel. Claire estava sentada na cama, me observando com aquele olhar atento de quem escuta até o que eu tento esconder.
— Ele não come. Não fala. Passa o dia inteiro no
