Aquela noite parecia não ter fim. O silêncio depois da tempestade era mais ensurdecedor do que os gritos. Eu estava parado no mesmo lugar, no meio da sala, sentindo o gosto metálico da culpa na garganta e o peso do fracasso esmagando meu peito.
Letícia, ainda chorando, caminhou até a porta com os passos trôpegos, sem levantar os olhos. Nenhum de nós disse nada. Ela sabia que não havia mais espaço para ela ali. E, mesmo que ainda restasse alguma compaixão, estava tudo destruído demais para que ela ficasse.
— Eu… eu vou pra casa da minha mãe… — disse por fim, num fio de voz.
Não respondi. Apenas assenti com a cabeça, sem encará-la. Ouvi a porta se fechando atrás dela com um estalo baixo, e então, só restaram Claire — trancada no quarto —, Vanessa e eu.
Vanessa apareceu instantes depois,
