O sol já havia passado do seu ponto mais alto quando Daniel bateu à porta do nosso restaurante. Estávamos no andar de cima, no pequeno apartamento anexo que Claire e eu mantínhamos como um refúgio particular. A cozinha ainda cheirava a gengibre e alho, resquícios do almoço que Claire tinha preparado com esmero. Eu estava terminando de revisar o estoque no notebook, e ela fazia anotações sobre fornecedores. A batida forte e insistente não pareceu a de um cliente comum. Claire e eu trocamos um olhar silencioso. Descemos juntos. Daniel estava parado na porta, com os olhos apertados e o maxilar travado. Não era raiva exatamente... Era mais como um tipo de decepção que ainda não encontrou palavras. Claire congelou ao vê-lo. — Daniel... — ela disse com cautela. Ele não respondeu. Olhou para

