O tempo dentro de um hospital parece se mover em outra frequência. Os segundos escorrem como tinta grossa num vidro fosco. Entre um monitor apitando, a movimentação constante de enfermeiros, o zumbido das luzes de teto, e os gemidos abafados vindos de outros quartos, o mundo todo parecia girar... menos eu. Minha perna estava engessada, meu braço direito preso por cintas, meu rosto doía com os pontos que eu sequer havia visto ainda. E minha cabeça? Um vendaval. A dor física era suportável com a morfina. O que eu não conseguia conter era o peso da solidão. Eu já estava acordado há cerca de uma hora, olhando para o teto branco, tentando entender por que ainda não haviam me procurado. Claire não mandou uma mensagem. Eloá — que supostamente estava "tão presente" — nem sequer apareceu. Dani

