Já era quase oito e meia da noite quando saí do escritório e atravessei o salão principal do restaurante. O ambiente estava calmo, uma música instrumental suave preenchia o ar com leveza. A iluminação baixa deixava as mesas envoltas em um tom ambarino, acolhedor. Familiar. Luxuoso. A mesa sete, é claro, estava ocupada. Eloá estava ali. Como um ritual. Vestia um blazer verde escuro, com o cabelo preso em um coque elegante, batom vermelho vinho nos lábios. Não olhava o celular. Não lia. Só bebia. Com a mesma taça de sempre. Girando o líquido, olhando ao redor com a impaciência de quem já esperava há tempo demais. Eu nunca tinha me aproximado antes. Mas, naquela noite, não sei se por cansaço ou curiosidade — talvez só por carência disfarçada de raiva — eu fui até lá. Ela me viu chegando

