O caminho de volta para casa pareceu interminável. Cada semáforo vermelho parecia querer me testar, como se o universo tentasse me obrigar a repensar cada passo, cada palavra que disse ao meu irmão. Mas não havia mais nada a ser dito. O que existia agora era o eco do soco dele no meu rosto e das palavras que ainda doíam mais que qualquer ferida física. Cheguei no apartamento e encontrei Claire no sofá, com Letícia deitada em seu colo, como uma criança exausta. Ambas estavam assistindo a um programa qualquer, mas dava pra ver que nenhuma das duas prestava atenção na televisão. Claire acariciava os cabelos de Letícia, enquanto ela olhava fixamente para o nada. Vanessa estava sentada em uma das poltronas, mais afastada, com uma taça de vinho pela metade e o celular preso firmemente entre os

