A casa dos meus pais estava animada naquela noite. Era só um jantar em família, sem anúncio, sem surpresa, porque todo mundo já sabia: eu e Claire estávamos noivos, oficialmente, alianças compradas, data marcada. Ainda assim, minha mãe fez questão de preparar tudo como se fosse uma celebração formal. Era o jeito dela de demonstrar carinho — com comida, toalhas rendadas e taças de cristal. Claire parecia em casa, como sempre. Já tinha conquistado meus pais com seu jeitinho leve, aquele equilíbrio entre elegância e maluquice que fazia todo mundo rir, até meu pai, que normalmente era sisudo. Ela circulava pela sala com uma taça de vinho na mão, falando sobre o restaurante japonês que queria abrir, contando histórias absurdas da infância como se todos ali fossem amigos de infância dela. Eu o

