O burburinho na capela deu lugar a um silêncio tenso, quase ensurdecedor. O telão no alto da nave, geralmente usado para letras de hinos e passagens bíblicas durante a missa, começou a piscar de forma errática. Primeiro, pareciam apenas interferências… um chiado sutil, distorções de luz. Mas então, em meio aos pixels dançantes, uma imagem se formou.
Uma foto.
Não qualquer foto. Uma antiga. Eu estava nela.
E Letícia também.
No exato momento em que o padre, diante de todos, havia perguntado a Daniel se ele aceitava Letícia como sua esposa, o telão mostrou uma lembrança há muito enterrada. Eu, de cabelos um pouco mais longos, barba por fazer, sorria ao lado de Letícia. Estávamos abraçados em uma rua de Paris. Eu me lembrava vagamente daquela viagem, feita com muito esforço, na juventude,
