O dia seguinte foi leve de um jeito que eu não sentia fazia tempo. Claire acordou antes de mim, o cabelo preso num coque bagunçado, uma camisa minha larga caindo nos ombros. Quando voltei do banho, ela estava na cozinha improvisada da casa dos meus pais, descalça, cantando baixinho uma música em japonês enquanto preparava panquecas com frutas. — Isso é real? — perguntei, encostado no batente da porta, sorrindo. Ela olhou por cima do ombro, com aquele olhar travesso que já era marca registrada dela. — Se não for, a gente aproveita o sonho até alguém acordar. Rimos juntos. Sentamos à mesa e comemos, conversando sobre filmes que marcaram a infância, sobre comidas esquisitas que já havíamos provado, sobre medos bobos e paixões idiotas. Claire era assim: uma explosão de cor em um mundo que

