Era manhã de sábado quando decidi ir até a casa dos meus pais. O sol surgia com uma intensidade quase cínica, como se o universo estivesse de bom humor enquanto minha mente ainda era um redemoinho de lembranças e incertezas. Claire tinha saído cedo para resolver coisas do novo apartamento e me incentivou a passar um tempo com minha família. "Vai te fazer bem", disse ela, com aquele jeito doce, meio maternal, meio parceira. Estacionei o carro em frente à casa onde cresci. O portão branco estava entreaberto, e eu já ouvia vozes vindas do jardim dos fundos. Vozes familiares. Risos. Um calor estranho se formou no peito antes mesmo de eu atravessar o corredor lateral. E foi quando vi. Letícia. No quintal. Sentada na rede de tecido azul-claro que minha mãe amava. Daniel ao lado, no banco de m

