“A vida até pode dar-nos mil lições, agora um homem viver imune aos seus sentimentos, possivelmente trata-se de uma ficção”.
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Vickyara
Os raios solares penetravam tenuemente através das janelas redondas vitral, que havia aos pés da cama, e graças as suas investidas, Evie despertou com o desconforto dos feixes do sol que insidiam directamente na sua fronte, ainda que as suas pálpebras estivessem embriagadas de sono, era inevitável ignorar o mormaço do sol.
Olhou ao redor, a claridade do sol conferia um brilho extra ao quarto, ainda que ele já fosse dotado de vivacidade. Os detalhes da decoração a deixaram maravilhada, tinham escapado pela imersão da fraca claridade da luz na noite passada.
As estampas florais azul-marinho no papel de parede de fundo da cor de ouro, era impressionante como casava com os restantes moveis. Sem falar das flores douradas no vaso de alabastro num canto, que cintilavam com as investidas dos feixes solares.
Mr. Blue dormia na cadeira estofada, com a cabeça inclinada para o lado direito numa posição bastante desconfortável, e ressonava ruidosamente ainda no mais profundo sono.
Evie ergeu-se da cama, os seus pequenos pés assentaram no carpet macio trabalhado com desenhos de mandala. Calçou as suas botas pretas de cano curto que terminam na altura do tornozelo, com maior facilidade graças ao elástico na lateral.
Levou consigo o revólver que descansava na cabeceira acolchoada em amarelo terroso. Andou de maneira altiva, com a cabeça erguida, o peito para a frente e os ombros para trás e chegou ao pé de Mr. Blue, notou como o seu pescoço era musculoso e grosso.
Agitou Mr.Blue para acordar, mas parecia uma missão impossível, dormia ébrio, macilento como um defunto, então deliberadamente deu-lhe um t**a na face desprovida de barba.
“Ah!…, porquê tanta agressividade? “ Resmungou ele exasperado assim que despertou.
“Já chega! Você tem que acordar, vou libertá-lo para fazer um banho”. Declarou ela, retirou as chaves do bolso, arrebatou as correntes dos pés e as algemas das mãos.
Mr. Blue, já livre, colocou-se em pé, e ela notou o quanto ele é bem mais alto.
“Vê se não faça palhaçada”. Disse Evie com a arma apontada ao seu peito, David no que lhe concerne abanou a cabeça em resposta.
Entrou na casa de banho. Olhou para janelas vitrais, eram grandes e gradeadas, não tinha como escapar, precisava ter uma ideia inteligente, que não lhe colocaria em perigo.
''Ela não devia ser tão burra ao ponto de soltar-me para o banho''. Pensou ele em meio a dúvidas, por isso mesmo precisava ser mais criativo com o seu plano de fuga.
Logo que terminou amarrou a toalha ao tronco, voltou ao quarto, viu na mesa de cabeceira de um toque vintage, onde alguns vasos de planta enfeitam o móvel, uma bandeja com alguns muffins de mirtilo por acaso os seus preferidos, e uma chávena de chá, pelo aroma que se espalhara era limão e gengibre.
Levou um muffin a boca, sentiu a textura terna húmida que contrastava com o sabor que oscila entre doce e o amargo do mirtilo, deglutiu com delicadeza para saborear devidamente.
Por alguns instantes, sentiu como se tivesse voltado ao passado. Quem diria que uns meros muffins de mirtilo, o levassem a sentir os odores da infância até ao ponto de esquecer do seu plano de fuga.” Essa mulher é uma boa manipuladora”. Assim pensou David.
Evie entrou no quarto e o vê ainda de toalha, parado em frente a bandeja com o desjejum. Perdeu-se naquele corpo da cor de chocolate, muito bem esculpido, cada traço muito bem definido, há músculo em todo o lado.” será que ele é real?” Pensou ela. Para a sua ruína os seus olhos castanhos não passaram despercebidos de David.
“Esses Muffins lembram-me a minha infância”. Comentou ele a acompanhar os olhos de Evie, em algum momento parecia que tinha sido hipnotizada. Não durou muito o seu estado de abstração, despertou, o seu rosto queimava de vergonha ao perceber que tinha sido apanhada.
O silêncio se instalou entre eles, David viu vantagem, percebeu que se calhar não precisaria de usar a força e nem de ferir aquele rosto bonito, por isso como se nada tivesse acontecido declarou:
“Como você acertou que este é meu desjejum preferido?” Questionou ele, e lembrou-se no mesmo instante que ela era obcecada por si, não imaginava que o observava com tanta exatidão.
Evie apenas revirou as esferas na cor de mel, se tinha alguma coisa que ela desconhecia dele se calhar fossem os sentimentos e pensamentos.
“Eu trouxe algo para vestires”. Disse ela com firmeza, que deixava claro que tinha voltado ao comando.
“E se eu não quiser vestir o que você fará?” indagou ele de forma tão ousada, a sua voz indicava sensualização, ela olhou desconfiada para o homem que se atreveu aproximar bem em perto ao seu corpo.
“Eu penso que te desacorrentar não parece ter sido uma boa ideia”. Declarou ela a olhar para as órbitas da cor do café de David que pareciam acessas como uma fogueira ardente.
Ele nada disse, num impulso, a atirou para a cama e jogou os seus 72 kg sob o pequeno corpo de Evie. Pronta para protestar, perde o fôlego quando ele esfregou o seu nariz no seu gélido, e desceu para cheirar os seus cabelos castanhos escuros, inalou o odor de champô de abacate.
Com o seu grande polegar, passeou na face aveludada dela em jeito de carícia.
“Sei que você também deseja-me”. Disse ele, havia uma aura de petulância na sua expressão. Aproximou os seus lábios da cor de ameixa dos lábios revestidos de um batom nude, e tudo pareceu resultar, Evie fechou os olhos para se entregar a chama flamejante.
O polegar de David, deslizou suavemente do rosto ao pescoço dela, o fazia com tanta delicadeza, aquela pele aveludada e macia, da cor de chocolate em pouco tempo eriçou-se.
Com as duas mãos, David apertou aquele pequeno pescoço, que a pouco provocara sensações viscerais. Evie pestanejou sem parar, abriu a boca na tentativa de buscar por alívio, a sua respiração era descompassada, a cada força que ele impunha com o objetivo de a neutralizar.
“Aquele que inventou o provérbio que diz, não se confia em homens estava certo…” . Disse ela com a voz ofegante, e com suas mãos tentavam arranhar a face de David, esse que fazia força para a asfixia-la.
Evie ergueu um pouco o joelho e acertou-lhe entre as pernas. David resmunga de dor, e consequentemente aborta o seu plano e deita-se a outra margem da cama.
Evie levanta-se, cambaleou até onde a sua arma estava pousada, alcança e aponta para ele que tenta reprimir o choro devido ao golpe desferido.
“Recomponha-te, e vista-te”. Ordenou ela, a sua voz parecia ativa ainda que estivesse com dor. Evie, estava certa agora que não valia a pena dar-lhe confiança como havia feito a pouco. Ele ainda não estava disposto a colaborar, “mas era uma questão de tempo”. Disse ela a si mesma.
“Mr. Blue, deixa de chorar, tu não tens um coração feminino, ergue-te e vista temos muito por fazer”. Ordenou Evie, ainda com a arma apontada a ele.
“ Pronto, rendo-me, juro que não tento mais nada, só não me mate”. Murmurou com a voz ofegante, as suas partes atingidas ainda estavam sensíveis à dor.
“ E assim será”. Disse ela, sentou-se na cadeira para descansar a segurar a arma.
David a coxear, alcançou o terno, vestiu-o, viu a sua figura sublime e elegante ao espelho, aquele não era um dos ternos costurados por seu homem de confiança, porém gostou, ficava perfeito e salientava o seu corpo atlético.
“ Até o tamanho você acertou, Mrs. Collins, a sua obsessão é sem limites”. Afirmou ele admirado com um brilho nos olhos não parecia o mesmo que a pouco rastejava de dor.
De facto, ela não precisava ajustar nada, servia perfeitamente. O Fato é liso preto de corte slim fit com lapela clássica, confecionado em tecido de 100% lã. Aperta em dois botões, dois bolsos laterais com aba e um bolso de peito com lenço reto, manga terminada em punho de quatro botões. No interior há um forro e bolsos. As calças com dois bolsos laterais e dois bolsos traseiros.
“Vou considerar isso um elogio. Agora se despache para voltar a cidade”. Ordenou ela, e fitou-o a comer os muffins com muito gosto, via-se que estava esfomeado com a urgência que ele tinha em querer devorar todos eles de uma só vez.
“ Você vai libertar-me? É isso que percebi? “ Perguntou incrédulo, a segurar um muffin em suas mãos.
“Sim, estou a dar-te a minha confiança, que você trará os vídeos de segurança guardados no seu escritório”. Declarou ela e tudo parecia surreal para David bem a pouco tentara se livrar e agora ela estava a dar-lhe o benefício da dúvida.
“ Toma as suas chaves”. Evie entregou-lhe as chaves.
Juntos percorreram a escadaria de forma de L, com o corrimão suportado por abalastros, da casa ou castelo como parecia, e veio a mente de Evie, a imagem do dia em que se avistaram naquelas escadas.
Passaram pelo corredor que separava a sala com a entrada principal, e o seu escritório. O chão era coberto de madeiras entalhadas, e as paredes com um papel de estampas florais, as molduras dos quadros eram douradas. O teto é suavemente branco com um rodateto floral e lustres com cristais.
Foram em direção a porta principal, David desceu as escadas de concreto que flutuava sob o espelho de água, e com um clique no botão das chaves para destrancar o seu Porsche azul-escuro.
“ Boa viagem, só não se afaste do objetivo”. Alertou Evie despreocupada, em pé as escadas.
David tinha tanta urgência em escapulir-se dali. Ele entrou no carro, ligou o motor, a seguir recuou com o automóvel, depois avançou, com os pneus a guinchar em protesto.
Percorreu meio quilómetro, parou para introduzir o seu cartão na f***a do portão automático. Após atravessar os portões da sua moradia, sentiu-se aliviado, através do retrovisor viu a imagem de Evie a acenar para si.
Escolheu um atalho entre a vastidão de campos verdejantes que rodeavam a sua residência. Em pouco tempo já estava na estrada principal, entrou no tráfego e tornou a recuar, cortou a frente de motoristas.
Uma vez chegado ao cruzamento da estrada que vai dar a cidade de Grandes lagos a Este e Nova Zambézia ao Norte, o tráfego reduziu. Ficou menos tenso e diminuiu a força com que segurava o volante.
Olhou diversas vezes atentamente para ter a certeza que em momento nenhum estava a ser seguido, acelerou para alcançar antes do sinal de trânsito fechar, um BMW muda inesperadamente de faixa e se atravessa à sua frente, e o sinal marca vermelho.
Exasperado com a atitude do condutor, tenta alcançar o seu Iphone11, e rapidamente disca com o seu polegar o número da polícia, para a sua graça, no primeiro toque é atendido.
“ Aqui é David Blue da Blue motor Design, acabo de ser sequestrado por uma reclusa do nome, Evie Collins, protagonista da morte da minha falecida namorada”. Falou freneticamente, pois controlava o semáforo que ainda marcava vermelho.
“David Blue da Blue motor design. Deixa lembrar-lhe que o seu objetivo é trazer os vídeos. Não faça besteira, olha só para a janela......”. David ficou pasmo com o que escutava, olhou para janela, para o lado do passeio viu alguns vendedores ambulantes, que carregavam os seus produtos para aproveitar vende-los uma vez que o sinal marcava vermelho.
“ Veja só o florista”. Continuou ela, e ele olhou para um homem com feições orientais, numa banca de variadas flores, acenou para si, em seguida apontou-lhe com uma metralhadora.
David, deixa cair o celular, com sorte assenta no banco revestido de couro do passageiro, ainda sob o efeito de adrenalina bate no seu volante desportivo de design purista, e acaba por tocar a buzina descontroladamente.
Como o seu carro estava conectado por seu celular via Bluetooth, podia escutar a risada gutural de Evie, a seguir disse-lhe:
“Não faça besteira Mr.Blue, estou de olho em ti”. Evie terminou a chamada.
Só depois de manter a calma deu-se conta que o sinal já tinha aberto, os carros atrás buzinavam em protesto da sua distração.
Recuperou o fôlego e continuou em movimento, concluiu que ela tinha substituído todos os seus contactos, e observava-o de todas as maneiras, gostava ele de saber como ela dispunha de tais recursos.
David chegou a empresa, uma torre cilíndrica envidraçada, com 100 metros de altura, de 30 andares. Deixa o seu carro na entrada e um dos motoristas de estacionamento vem a passos largos na sua direção, acena para ele como um breve cumprimento e entrega-lhe as chaves.
Adentrou no átrio do edifício a ritmo médio e evitava fazer contacto visual com os outros em seu entorno, seguiu a iluminação feita por um quadrado grande que demarca a direção ao elevador.
De tão aéreo que estava não percebeu que ia em direção ao elevador público, adentrou nele, ficou aliviado quando as portas fecharam.
“Bom dia Mr. Blue”. Cumprimentou o diretor de market que também entrara no elevador consigo, e recebeu apenas o silêncio como resposta, olhou para David, parecia estar bem distante e o seu rosto suava.
O elevador produziu o seu sino de chegada, David despertou, e saiu. Seguiu o corredor que dava acesso ao seu escritório. Há um pequeno Átrio antes de chegar a sua sala, era muito bem decorada, com reproduções chippendale e um grande tapete de tabriz. As paredes são azuis e ornadas com arte original.
“Foram encontrados 1000 corpos, e um deles identificados foi da reclusa Evie Collins, conhecida como a obcecada de Blue, a mesma protagonizou há cinco anos a morte da Modelo, Annabel Sparks… ”. O som da grande tela o fez retroceder, percebeu o quanto corria perigo.
“Mr. Blue, está tudo bem? “ Inquiriu a sua secretaria, uma mulher de fios grisalhos, de altura normal assim como o peso, na casa dos 68 a 70 anos.
A Henrine, fez a questão de escolher para ele a velha como a sua secretaria substituta de forma a assegurar o seu lugar como única mulher da vida dele.
“Está tudo bem celeste”. Respondeu ele com um sorriso forçado.
“O senhor não devia estar a festejar a sua semana como última de solteiro? “ Perguntou ela, pois ela sabia que ele iria apreciar toda a semana com os seus amigos, até a data do seu casamento que fora idealizado com pompas e capricho por Henrine que também fazia o mesmo com as suas amigas.
“Preciso apenas de rever uns documentos que deixei aqui”. Contou ele, viu o maxilar da mulher a mexer-se pronta para dizer alguma coisa, então desfez-se da sua frente antes que ela continuasse com o falatório.
A porta que dava acesso ao seu escritório interno era guardada por uma mesa de mogno ocupada por celeste. Entrou, encostou o seu corpo a porta metálica do seu escritório, fechou os olhos e respirou o fundo.
Ao escutar o som da sua cadeira a gira, abriu imediatamente os olhos e vê o seu pior pesadelo no seu assento.
“O que faz aqui? “ Questiona-lhe a sussurrar, com medo de que a sua secretaria os escutasse.
“Vim certificar-me de que o combinado aconteça. A nossa última conversa ao celular deixou-me pouco a desejar”. Respondeu — lhe Evie, retirou a arma e apontou para ele.
“Vou retirar agora do cofre, e depois você desaparece da minha vida”. Determinou David, trémulo com o rosto suado.
“Essa última parte não prometo cumprir. Faça logo estou sem tempo”. Resmungou Evie.
“Sem tempo? Se despistou a polícia com a morte”. Perguntou-lhe incrédulo.
“Aprendi que o tempo é um dos piores inimigos da humanidade, a cada minuto que passa o mundo vive uma transformação, por isso mesmo, o comodismo não pode ser a postura adotada”. Retorquiu de forma suave como se fosse uma guru.
David, deu as costas, retirou o seu quadro de moldura contemporânea provençal, com a foto do seu primeiro carro que ganhara dos seus pais, um Nissan Blue Bird, do ano em que fora admitido a faculdade de engenharia automobilista.
Digitou o código no cofre de estrutura de aço carbono, retirou do mesmo uma caixa com as cassetes das câmaras de segurança.
“ Aqui estão elas”. Disse David a colocá-las ao seu alcance, fez uma carranca, não entendia porquê aquela mulher insistia com a loucura de que quer brincar de detetive, ficou tudo claro há cinco anos.
“Então coloque no seu laptop, e você vai ver comigo”. Ordenou Evie.
“Eu não vou ver nada, já não bastasse esse terror todo que passo”. Respondeu Ele revoltado.
Evie segurou o revólver, pronta para premir. David murmurou diversas vezes, até proferiu palavras de baixo escalão, mas colocou as cassetes.
As cassetes ilustraram parte do que havia acontecido, David a princípio estava relutante, porém cedeu e começou a ver atentamente. Foi uma maré de emoções para os dois reviver aquele dia, nunca imaginaram que um dia as coisas terminariam do jeito como elas estão.
“Não acredito, falta uma parte, alguém a apagou”. Disse Evie nervosa, olhou para David ele parecia estar com os olhos fixos em algo no vídeo.
” O que é? Mr. Blue”. Perguntou ela curiosa.
“Sim, não está completa a prova disso é o grande intervalo de tempo. Vejamos juntos. Eu sai eram 20:55, e a gravação salta para as 21:30 quando entras no escritório, e não mostra o que aconteceu durante esse intervalo de tempo. Isso significa que você não é a assassina está tão claro”. Afirmou David como se tivesse matado a charada.
“ É verdade, faz todo o sentido, preciso achar a outra parte”. Concordou. Evie começou a ficar inquieta, como fazia sempre que ficasse nervosa.
“Como a polícia deixou escapar isso? Não tinha como passar despercebido”. Comentou David incrédulo. Evie riu baixo.
“Eles tinham achado a suspeita perfeita, uma mulher sem um nome de referência e n***a. Fim do caso”. Disse ela sem pestanejar.
“Mas isso não justifica, não devia ser assim”. Afirmou ele revoltado. Estava de frente para Evie.
“Falou o homem que sempre teve tudo”. Evie, aproximou-se do laptop
"Não sei se você sabe, mas sou adotado, não conheci os meus pais biológicos, e há dez anos perdi os meus adotivos”. Confessou David, não aceitava que lhe vissem como um miúdo mimado que sempre teve tudo.
“Sorte sua de não os ter conhecido, porque se assim fosse, nunca iria superar essa perda. Eu perdi os meus pais com 8 anos, não consegui ter uma família de apoio, por isso mesmo fui a Paris viver com a minha tia-avó. Viver com um parente não é a mesma coisa com pai e mãe, parente não é família”. Essas palavras foram suficientes para cala-lo.
Agora parecia que tudo estava a dar volta na cabeça de David. Antes a via apenas como uma criminosa obcecada, agora ali diante dos seus olhos via uma criança de 8 anos no corpo de uma mulher acusada por um crime que não cometeu.
“Essa mulher que mandou-me ir ao escritório com as taças de champanhe, a reconhece? “Perguntou Evie, após colocar pausa no vídeo. No entanto, buscou a sua atenção de David, olhou no ecrã tentou lembrar.
“Não, é impossível com essa máscara”. Afirmou com a voz melódica David.
“Eu preciso da lista dos seus convidados, ainda existe? “
“Claro que sim, tenho como arrumar”. David ficou em silêncio e surgiu uma ideia:
“Só mataria a Annabel alguém que tivesse algum problema com ela ou........”
“ Que estivesse obcecado por você”. Afirmou ela em alto tom.
“Toma aqui tens a lista”. Disse David após imprimi-la, Evie aproximou-se para ver.
Os seus olhos estavam vidrados naquelas folhas de papeis, e foi aí que pensou que precisa ver o relatório do interrogatório feito pela polícia.
A maçaneta da Porta de David girou, ele percebeu no primeiro instante, foi suficiente para ficar em alerta, a porta travou uma vez que o mesmo assim havia programado para caso alguém se atrever a entrar sem ser anunciado pela secretária.
Bom, Não havia como esconder Evie, por isso mesmo. Com alguma agressividade, a puxou para junto do seu corpo, e tomou aqueles lábios revestidos por um batom nude.
Evie socou inicialmente as costas de David, mas deixou-se levar pelas sensações. As suas mãos ficaram pendentes no ar, enquanto que David segurava firme a sua cintura e o lóbulo. Foi uma fusão de hálitos, o mentol de David com o doce de chocolate de Evie.
Os seus lábios sugavam de forma generosa, que até esqueceu o motivo que o levou fazer o mesmo.
Cristian Gavinha o diretor de operações, um homem muito atrevido, sempre disposto a desafiar, ignorou o apelo da secretária e penetrou na sala.
Ao ver o quanto Mr.Blue parecia ocupado com uma mulher que não chegou a reconhecer, decidiu sair.
Quando já não tinha mais fôlego porque os seus pulmões precisavam de ar David largou Evie. Ambos ficaram um pouco perdidos como se o mundo tivesse ficado parado por alguns minutos.
“O que foi isso?” Atreveu-se Evie com a respiração descompassada, sentia como se estivesse embriagada.
“Foi um beijo”. Respondeu David de forma inexpressiva como se nada tivesse acontecido, mas a verdade seja dita eles sentiram as correntes e os formigueiros típicos de um beijo apaixonado.
“ Sei muito bem o que é a p***a de um beijo, o que não entendo são essas suas atitudes, é mais uma forma de distrair-me como fez logo cedo? “ Resmungou Evie com uma pergunta no ar. A sua real inquietação é por ter gostado, e estar com uma enorme vontade de repetir, mas não podia.
“Pode não ter percebido, mas alguém estava prestes a entrar aqui, e veria-me com a mulher que a polícia julga estar morta. Eu não saberia explicar a situação da sua mortalidade ou imortalidade ao pretensioso Cristian Gavin”. Explanou David a lembrar o quanto detestava aquele homem, mas é de aceitar que ele era eficiente que o fazia esquecer o quanto ele é impertinente.
“De qualquer Jeito não passou de um beijo sem importância”. Declarou Evie como se estivesse a justificar.
David olhou para ela de soslaio, mas aquilo não podia ser verdade, porque também tinha gostado, e ele tinha fama de ser um optimo beijoqueiro.
“Eu estava a pensar, que se eu falar com a minha equipe que filtra os meus e-mails, é possível ter ideia de quem possa estar obcecado por mim”. Pensou David, Ela pôde concordar que era uma ideia genial.
“Muito bem Mr.Blue”. Concordou ela, discretamente retirou as suas algemas, enquanto ele mexia o celular, passou por trás dele e deu-lhe um pontapé nas costelas lombares, David grunhiu e inclinou para frente, de tal maneira que a câmara captou essa imagem. Evie algemou-lhe as mãos e outra parte prendeu com os pés da mesa.
“ Eu não preciso mais de você, isso é para manter-te longe do perigo”. Disse com o tom de voz solene, e pelo ângulo em que estava posicionada a câmara captou.
“Não é justo, devíamos investigar juntos.....” dizia ele e percebeu que estava a falar sozinho. De forma tão sorrateira Evie tinha saltado a janela a baixo......