Cap. 2 - De Volta Em Casa

1381 Words
O dia transcorreu sem mais nenhum aborrecimento, Laura estava analisando uma determinada matéria, enquanto saboreavam seu café, quando Ivete entrou. – Com licença, senhora. – Ah, que bom que apareceu, Ivete, preciso da sua opinião. – Minha opinião, senhora? – surpreende-se Ivete. – Em quê? – Olha só essa frase: "As mulheres não necessitam de um homem nem mesmo para ter um orgasmo." – Oh, Minha Nossa! – disse Ivete com um certo rubor. – Que você acha? Forte demais? – Bem, senhora… Depende do contexto. Algumas achariam forte, outras encarariam numa boa. Eu, por exemplo, não n**o que já usei um "brinquedinho" uma vez ou outra, mas acho que nada substitui o original! – disse ela se abanando. – O que eu não daria pra ter aquela pegada forte, beijos de tirar o fôlego, uma noite romântica que começasse num jantar e terminasse numa bela… – ela faz uma pausa quando percebe que se deixou levar demais. – E terminasse com o quê, Ivete? Agora fiquei curiosa. – disse Laura sorrindo com os braços cruzados. – Sobremesa! Eu ia dizer sobremesa, senhora. – disse Ivete sem graça. – Ah, sim. Seu sobrinho ligou. – Ligou pra cá? Como assim? – Ele disse que ligou várias vezes para o seu celular e só dava desligado. – Sério? – disse Laura pegando o celular da bolsa. – Droga! Descarregado!… Mas o que ele disse, Ivete? – Disse que a senhora fosse recebê-lo no aeroporto. – Meu sobrinho está chegando?! – disse Laura com um sorriso de orelha à orelha. – Sim, senhora. Ele chega no vôo das 4h:30mPM. – Que ótimo!… Ivete, me faça um favor, diga ao Armando que hoje eu não volto mais à tarde, sim? – disse ela pegando sua bolsa e saindo. – Sim, senhora. Mande lembranças ao senhor Ricardo. – Pode deixar. Laura saiu eufórica. Ricardo era filho de sua falecida irmã, Amélia. Antes de morrer, sua irmã lhe pediu que cuidasse de seu filho e que o amasse como se fosse seu. Laura tem cumprido bem essa promessa, mesmo a contragosto de seu cunhado Arthur, com quem nunca se entendeu. Ela chegou no aeroporto no horário combinado. Laura estava impaciente, não via a hora de rever seu sobrinho. Foi então que ele surgiu. – Tia Laura! – Ricardo, meu querido! Os dois dão um longo abraço, afinal, foram cinco anos longe um do outro. – Meu Deus! Olha só você, está um homem! – disse Laura. – A senhora continua linda, tia. Uma gatona! – Não seja debochado, garoto! – disse ela dando um tapinha no braço de seu sobrinho. – Minha Nossa! Como o tempo passa, meu filho! – ela acaricia seu rosto. – Nem fale, tia. Senti tanto a sua falta. – Eu também, meu querido. Eles se abraçam novamente. – Vamos, tia. Tenho tanta coisa pra lhe contar. – E eu quero saber tudinho! – disse ela. Eles saíram do aeroporto e foram direto para o apartamento de Laura, que era como a segunda casa de Ricardo. Aliás, ele sempre se sentiu mais em casa quando estava no apartamento da tia, do que na sua própria casa com seu pai. – Entra, querido. … Lupe!… Lupe! Venha ver quem chegou! – disse Laura. Lupe era a secretária do lar de Laura. Era a pessoa em quem ela mais confiava, principalmente porque sem Lupe, o apartamento de Lupe era um caos. – Ai, Virgenzinha! Menino Ricardo! – disse ela toda contente. – Lupita, minha flor! – disse ele abraçando-a e levantando-a do chão. – Como eu senti sua falta, minha Lupita! – Olha só pra ele, dona Laura! Tá um homem feito! – Foi exatamente o que eu disse, assim que o vi, Lupe. – disse Laura. – Lupe, prepare o quarto de hóspedes pro Ricardo e faça algo bem gostoso pra ele comer como só você sabe fazer! – Com certeza, senhora! – Eu senti tanta falta dessas mulheres, meu Deus! – disse Ricardo abraçando as duas e olhando para cima, como se agradecesse aos céus por estar em casa. – Ele continua o mesmo brincalhão de sempre, não é senhora? – disse Lupe. – Esse aí, Lupe… Não muda nunca. Ricardo tomou um banho, provou da comida de Lupe – a qual sentiu uma saudade imensa –, descansou um pouco e depois foi conversar com sua tia, contar as novidades. – E então, querido?… Como se sente sendo quase um executivo?… Seu pai vai explodir de orgulho!… Eu sei que ele e eu, não nos damos muito bem, mas… Nesse ponto, quando o assunto é o seu futuro, a gente não discute. … E a formatura? Quando vai ser? Ricardo parecia meio desconfortável com a conversa da tia. Como se alguma coisa tivesse entalada em sua garganta querendo sair. – Tia, eu… – O que foi, querido? – Eu… Bem, eu… – Fala, Ricardo! – Eu larguei a faculdade de administração! Laura o olha incrédula. – Você o quê?! – Tia, eu posso explicar… – Você…?! Você largou a faculdade, Ricardo?! – Tia, me escuta, por favor… Laura começa a andar pela sala de um lado para o outro, nervosa e furiosa. – Como pôde, Ricardo?! … Largar a faculdade! Isso não é coisa que se faça! O que sua mãe ia pensar se estivesse viva! – Tia, se acalma, me deixa explicar. – Isso não tem explicação, Ricardo! O que foi que rue ensinei, hein?! – Que com os estudos não se brinca. – Exatamente! E agora, você me vem com essa?!… O que o se pai disse?? Aposto que tá uma fera! Por isso não o vi no aeroporto! – Na verdade,… Ele ainda não sabe. Por isso que e não o avisei que estava voltando. – O que?! Agora, Laura estava uma pilha de nervos. – Ricardo, pelo amor de Deus! Seu pai vai te matar!… E depois vai me matar, achando que eu aconselhei você a fazer isso! – Tia, pára. – disse Ricardo fazendo Laura parar de andar de um lado para o outro. Senta e se acalma. Agora me deixa te explicar. – Está bem. – disse ela respirando fundo. – Fala. – Eu não larguei a faculdade de vez. – Mas, então…? – Eu só não estou concluindo o curso de administração. – Você trocou de curso? – Sim. A senhora está falando com um futuro fisioterapeuta. – disse Ricardo com um sorriso de satisfação. Laura não pôde conter sua surpresa, porém já estava mais calma, afinal, seu sobrinho não tinha largado a faculdade, de fato. – Certo. … Mas, pelo que me lembro, você fez uma prova para entrar na faculdade de administração, não foi? – pergunta ela. – Sim, tia. Mas a senhora sabe, que só fiz isso pro meu pai largar do meu pé. … Logo que entrei na universidade, fiquei sabendo que, se o estudante conseguisse passar dois semestres com notas acima da média, ele poderia trocar de curso. E foi o que fiz. – Tá certo, filho, eu entendi. Mas por que fisioterapia? – Porque eu quero poder ajudar na qualidade de vida das pessoas, tia. Qualquer pessoa, principalmente as mais necessitadas. … Minha mãe me ensinou isso, que a gente sempre precisa ajudar o próximo, como pudermos. Laura enxugava as lágrimas que rolavam pelo seu rosto com as palavras de seu sobrinho. Ele era muito parecido com sua irmã, Amélia. – Que foi, tia? Por que tá chorando? – Porque sua tia é uma "manteiga derretida"! Anda, vem aqui. – disse ela abraçando seu sobrinho. – Você me enche de orgulho, sabia? – Acha que minha mãe se orgulharia? – Sua mãe?… – disse ela o olhando. – Ela ia inflar feito um balão de tanto orgulho desse filho maravilhoso que ela tem! – O problema vai ser o Seu Arthur. – disse Ricardo apreensivo. – Tem razão. … Mas eu converso com ele. Ao menos, tentarei não é? – Não vai ser fácil. – Eu é que sei! – suspira Laura. Os dois começam a rir, mas no fundo, Laura sabia que essa conversa com seu cunhado Arthur, não seria nem um pouco amistosa.
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