Laura e Bianca foram conversando animadamente pelos corredores da revista. Pareciam grandes amigas, estavam se dando muito bem, Laura tratou de apresentar Bianca para Armando, que ficou encantado com a beleza da moça.
– Com uma beleza como essa, deveria ser a nossa próxima modelo de capa!… O que acha, Laura? - disse Armando.
– Tem razão, Armando. Bianca, querida, nunca pensou em seguir carreira de modelo?
– Minha mãe quer isso pra mim, Laura. Mas eu decidi tomar as rédeas da minha vida faz tempo. Hoje, eu faço as minhas próprias escolhas. - disse Bianca bastante convicta.
– Tô vendo que vamos nos dar muito bem, Bianca. - disse Laura sorrindo.
***
_ Do outro lado da cidade _
Leonardo acabara de chegar no seu novo restaurante, que seria inaugurado brevemente. Seu grande amigo e assistente, "Pancho" Olivares estava cuidando de alguns preparativos para a inauguração.
– Levantem mais esse lustre! Se ele cair na cabeça de alguém vai dar problema! - dizia ele orientando os funcionários.
– Se eu fosse você, virava essa sua boca pra lá! - disse Leonardo.
– Leonardo, meu amigo! Há quanto tempo! - disse Pancho cumprimentando-o.
– Faz um bom tempo, Pancho. Mas como estão as coisas por aqui?… Tudo pronto pra inauguração? - pergunta Leonardo.
– Quase pronto, como manda o figurino, chefe. … Com relação à imprensa, como pretende fazer?
– Apenas alguns repórteres, algumas revistas. Nada badalado demais, Pancho, pelo amor de Deus! - disse Leonardo.
– Pode deixar, chefe! … a menina Bianca veio com o senhor dessa vez?
– Veio sim. Mas isso é uma longa história, meu amigo. Uma história que envolve uma grande mentira, da qual a mãe dela vai matar a todos nós quando descobrir!
***
_ Empresas Martinez/Sisneros _
A pedido de seu pai, Ricardo foi falar com ele nas empresas, obviamente, já esperando pelo pior.
– Com licença, pai.
– Entre, meu filho.
Os dois se cumprimentam e se abraçam.
– Você bem que poderia ter me avisado que chegaria. - disse Arthur.
– As coisas aconteceram muito depressa, pai.
– É… Mas a sua tia você avisou, não é? - disse Arthur.
– Me desculpe.
– Tudo bem, meu filho.
– A tia Laura falou com o senhor? - perguntou Ricardo um pouco receoso.
– Sobre o quê?… Ah sim… Ela mencionou algo sobre você ter largado a faculdade de administração. - disse Arthur com uma calma que estava deixando Ricardo nervoso.
– E o senhor não disse nada?
– Filho, eu resolvi fazer diferente. Vou te dar uma chance. - disse Arthur.
– Uma chance?… Quer dizer que o senhor vai me apoiar? - animou-se Ricardo.
– Claro, meu filho. Imagino que quando você optar por retomar os seus estudos em administração e esquecer essa estupidez de fisioterapia, você vai precisar do meu apoio e vai tê-lo de maneira incondicional.
Ricardo, mesmo sabendo como era seu pai, no fundo, ele tinha um fio de esperança que ele lhe apoiasse, e ouvir aquilo o indignou.
– Eu sabia!... Era bom demais pra ser verdade!
– Calma, filho. Só estou lhe expondo a situação. … Onde você pensa que essa carreira de fisioterapeuta vai te levar?… Acha que ela vai te dar a vida confortável que você tem agora? - disse Arthur.
– Não vou seguir essa carreira pensando em lucros e numa vida confortável. Eu não sou como o senhor que coloca o dinheiro acima de tudo, até da sua própria família. - disse Ricardo.
– É tão fácil reclamar do dinheiro quando não se sabe os sacrifícios que se fez pra tê-lo. - disse Arthur. - A vida que você tem hoje, você deve a mim. Afinal, até os seus estudos, quando pensei que você estava fazendo administração, eu paguei. E tudo isso pra quê?… Pra você e sua tia planejarem tudo pelas minhas costas!
– A tia Laura não tem nada a ver com a decisão que tomei!
– Eu não vou perder meu tempo discutindo, meu filho. - disse Arthur. - Sou um homem de negócios. Então vou tratar esse assunto como um negócio.
– Como assim?
– É bem simples, Ricardo. Se você voltar atrás nessa sua decisão, esqueceremos tudo, inclusive essa sua afronta, e as coisas podem voltar a ser como antes.
– E se eu recusar? - pergunta Ricardo num tom desafiador.
– Você mesmo disse que quer seguir essa carreira sem pensar em dinheiro, então… Pode começar renunciando aos seus direitos nessa empresa e nessa fortuna.
– Mas isso é um absurdo! Não pode fazer isso!
– Posso sim. Te deserdo e pronto. - disse Arthur. - E então? O que vai decidir?
Ricardo estava incrédulo com a atitude egoísta de seu pai.
***
_ De volta ao restaurante _
Leonardo e Pancho conversavam amenidades, mais do que chefe e assistente, eles eram muito amigos.
- Sinceramente, Leonardo. Quando te sugeri que inaugurasse um restaurante aqui no México, eu duvidei que fosse aceitar.
- Por quê, Pancho?
- Ora, você sempre foi relutante em voltar pra cá. Abriu cadeias de restaurantes por quase todo o lugar do mundo, e justo no seu próprio país você tinha receio.
- Pois é, você tem toda a razão. Eu andei relutante em voltar pra cá. Mas acho que já é hora de esquecer o passado. - disse Leonardo.
- A que se refere? - pergunta Pancho.
- A um pedaço muito importante da minha história, que deixei aqui. - disse ele com certa melancolia.
A verdade era que desde que Leonardo descera daquele avião todas as perguntas que permeavam sua mente, giravam em torno de um único nome: Laura.
"Por onde será que ela anda?… Como será que está?… Será que se casou?" pensava ele.
***
_ Enquanto isso, na Revista Victória … _
Armando achou melhor deixar Bianca aos cuidados de Laura. Depois dele, Laura era que mais conhecia a rotina da Revista, e as duas pareciam estar se dando muito bem.
– E aqui, Bianca, é o setor onde trabalho. Tenho uma coluna chamada "Do que as mulheres gostam!"
- Você tem a sua própria coluna?!… Nossa! - disse Bianca empolgada.
- Essa aqui é a Ivete, ela é quem me ajuda a não enlouquecer nesse lugar! - brincou Laura. - Ivete, esta aqui é Bianca Monteiro, nossa nova estagiária. O que ela viu pra querer trabalhar aqui, eu não sei!
- Muito prazer, senhorita. - cumprimenta Ivete. - E a Dona Laura exagera demais, na verdade, é ela quem nos ajuda a não ficarmos loucos por aqui. - disse Ivete sorrindo. - Seja muito bem vinda.
- Muito obrigada, Ivete. Acho que vou adorar trabalhar aqui. - disse Bianca sorrindo.
- Esse é o espírito, Bianca! - disse Laura. - Ivete vai te mostrar sua atribuições, pode confiar nela, certo Ivete?
- Certíssimo, senhora.
Tudo estava correndo às mil maravilhas na Revista. Era hora do almoço, e todos estavam se encaminhando para um restaurante que ficava perto. Bianca foi por último porque estava respondendo uma mensagem de seu pai.
? Leonardo-pai
E então?… Como está sendo seu primeiro dia?
Bianca?
Está tudo maravilhoso!
?Leonardo-pai
Vou te buscar pra almoçarmos juntos?
Bianca?
Não precisa, paizinho. Vou almoçar por aqui mesmo. Te vejo mais tarde. Bjsss. ???
?Leonardo-pai
Beijos, princesa.
Quase que, ao mesmo tempo, Ricardo estava chegando aos arredores da Revista. Queria muito falar com sua tia.
Agora pensem: qual seria a probabilidade de Ricardo e Bianca se encontrarem?… 90%?
Mas e se as circunstâncias desse encontro fossem diferentes?
Bianca estava atravessando a rua para ir ao restaurante almoçar, de repente, um motorista irresponsável com um carro em alta velocidade se aproxima. O choque com Bianca seria inevitável e ela certamente ficaria bastante machucada ou coisa pior, se…
Se Ricardo não a tivesse salvo em cima da hora. Os dois caem perto da calçada.
- Caramba! Que cara maluco! - disse Ricardo.
- Maluco é pouco! É um irresponsável!… Será que alguém anotou a placa?? - disse Bianca.
- Você está bem? - pergunta Ricardo.
- Eu acho que… Ai!
- O que foi??
- Acho que torci o tornozelo quando caí.
- Espera, não se mexe. Vou buscar meu carro e vamos pro hospital. - disse Ricardo.
Ricardo coloca Bianca com todo o cuidado em seu carro e os dois se encaminham para o hospital mais próximo.
Bianca é medicada e vai para o quarto, Ricardo só possuía alguns arranhões então, rapidamente foi liberado. Após resolver tudo, ele foi ver como Bianca estava.
- O que o médico disse? - pergunta Ricardo.
- Uma semana de molho, acredita?! - disse Bianca bufando. - E justo hoje que comecei no meu estágio! Isso é muito azar!
- Puxa, que pena!
- Mas poderia ter sido bem pior, não é?… Se não fosse por você… Aliás, eu nem sei o seu nome.
- Meu nome é Ricardo, muito prazer.
- Igualmente. O meu é Bianca.
- Você estava trabalhando na Revista Victória, certo Bianca? - disse Ricardo.
- Como sabe?
- Eu vi o crachá. Nesse caso, você deve conhecido minha tia. - disse Ricardo.
- Sua tia?… Quem?
Quando Ricardo estava prestes à responder, Leonardo entra com tudo no quarto.
- Minha querida, princesa!… Você está bem??
- Calma, pai. Tá tudo bem. Eu tô bem, olha.
- Ela só torceu o tornozelo, senhor. - disse Ricardo.
- E você quem é? - pergunta Leonardo.
- Pai!… Olha a educação!… Ele é o Ricardo. Ele me salvou. Se não fosse por ele, eu poderia ter morrido. - disse Bianca.
- Ai, caramba!… Me desculpe o m*l jeito, rapaz. - disse Leonardo o cumprimentando. - Eu nem sei como lhe agradecer.
- Imagina, senhor. Eu só estava no lugar certo e na hora certa.
- Ainda assim, você salvou a vida da pessoa que mais amo no mundo. Minha filha. Obrigado.
Ver o modo como Leonardo e Bianca se davam bem deixou Ricardo comovido e pensativo do porquê ele e seu pai não podiam ter uma relação como aquela.
Pouco tempo depois, Laura chega ao hospital, pois Ricardo havia lhe mandado uma mensagem contando o que acontecera.
- Oi, meu querido! - disse ela o abraçando. - Como você está?
- Tá tudo bem, tia. Só fiquei com alguns arranhões, mas nada sério. Mas a Bianca torceu o tornozelo.
- Ai, coitadinha, meu Deus!… E qual é o quarto dela?
- É aquele ali. O pai dela já está lá.
Ao mesmo tempo que eles se aproximam do quarto, Leonardo está saindo.
- Senhor Monteiro! - chama Ricardo. - Esta é minha tia, Laura Martinez.
Os olhares de Laura e Leonardo se cruzam e o tempo pára. Era como se não houvesse mais ninguém naquele corredor de hospital, apenas eles dois. Foi como se o planeta tivesse parado de girar por um segundo, e logo em seguida começasse a girar novamente em sentido contrario, os levando para outro lugar, uma outra época.
- Laura?!
- Leonardo?!