Cobra Narrando
O dia já tava começando errado. Eu tava em casa, jogado no sofá, enquanto a Débora rodava pelo quarto mexendo nas sacolas de compra que fez mais cedo. A TV tava ligada num volume baixo, só pra fazer barulho de fundo, mas minha cabeça já tava cheia antes mesmo do celular tocar.
E quando tocou, eu já sabia que não ia prestar.
Peguei o aparelho de má vontade, vendo o nome da enfermeira piscando na tela. Atendi bufando.
— Fala logo, p***a. Que que foi agora?
A voz dela veio azeda do outro lado.
— Cobra, a Dona Marta me mandou embora! Me xingou, me desrespeitou, disse que não precisava de mim e que eu só ficava no telefone! Ainda teve aquela Lília se metendo e me botando pra fora que nem cachorro! Tô te avisando antes que chegue fofoca distorcida até você.
Fechei os olhos
