Narrado por Débora
Eu me lembro ate hoje daquele dia ... Eu tava em casa, de boa, quando minha amiga, aquela de sempre, me manda um zap com um vídeo. No vídeo, o Cobra tava lá, na maior ostentação, jogado na piscina com um monte de mina, de rolê, rindo, bebendo e se achando o rei da p***a. E ele, p***a, tinha me mentido dizendo que tava de plantão na Boca, cuidando do negócio dele. Meu sangue ferveu, e sem pensar duas vezes, peguei a moto dele e saí voando pelas vielas do Santa Marta.
— p**a merda, hoje vai ser o dia dele aprender! — pensei, com a mão no guidão, acelerando a fera da vida.
A sensação de adrenalina me tomou. A moto, cheia de estilo, parecia entender a minha raiva. O vento batia no rosto e, a cada rua, a fúria ia crescendo. O morro, com seus becos e vielas, sempre foi palco de muita treta, mas hoje eu estava determinada a mostrar quem mandava mesmo.
Cheguei no salão de festas, que era o point do rolê. As luzes piscavam, a galera tava de resenha, e o som do pagodinho ecoava pelos corredores. Eu sabia que o Cobra não ia escapar fácil; ele sempre tem um esquema, um trampo, uma desculpa esfarrapada pra não ter que encarar a mim. E, mermã, hoje a verdade ia estourar de vez!
Ao chegar, fui direto pra porta dos fundos, onde o clima esquentava. Lá, os seguranças do Cobra, sempre com aquele olhar de quem pensa que tá acima, tentaram me barrar.
— Ei, mina, segura aí! — gritou um deles, com aquela voz grossa, tentando me intimidar.
— Segura o que? Ta maluco? — retruquei, com a voz firme e cheia de veneno. — Vamo ver se cês tão afim de arrumar confusão hoje, p***a! Sai da minha frente
Eles se adiantaram, tentando bloquear a entrada. Eu, sem nem perder tempo, encarei aquele monte de babaca e soltei um recado na lata:
— Tô avisando, se um de vocês me tocar, eu juro que vou fazer vocês pagarem. E não tô falando de palminhas, não— vou contar pra geral que vocês, além de merdas de seguranças, tocaram nos meus p****s, entendeu?
A ameaça foi o suficiente. Os caras, meio sem jeito e percebendo que estavam diante de uma mina fodona, se afastaram e deixaram a porta aberta. Eu empurrei a porta com força e entrei sem dó.
O ambiente tava escuro, mas logo fui iluminada por flashes de luz, risadas e o som abafado de conversas e batidas de música. E foi aí que eu vi: o Cobra, o homem que eu achava que conhecia, lá, na cama com outra mina, no meio de uma bagunça generalizada.
Meu sangue congelou por um segundo, mas a raiva me incendiou. Eu avancei, pisando forte no chão de mármore sujo de festa. Cada passo parecia marcar o compasso da minha revolta. Cheguei pertinho e, sem nem dar chance dele de se virar, gritei:
— CAIO, SEU FILHO DA p**a, QUE p***a É ESSA?!
O Cobra se enrijeceu, empurrou a garota de cima dele mas eu já estava dominando a situação. Ele tentou se levantar, a cara dele ficou toda confusa, meio que na tentativa de explicar, mas eu não quis nem saber.
— Cê vem com essa merda de “tô de plantão na Boca” só pra ficar aqui com essa ostentação de b***a, mina e grana, enquanto a gente tem um casamento?
A mina que tava com ele tentou se esconder, mas ele, desesperado, se pôs entre a gente, tentando me acalmar.
— Débora, para, relaxa, deixa eu explicar… não é isso que você ta pensando.. — ele começou, mas eu cortei ele na hora, jogando a aliança que ele me deu bem no meio dele, fazendo bater com força na pele dele.
— Olha essa aliança, seu vagabundo! — eu gritei, quase sem acreditar na audácia dele. — Pode voltar a comer tua p*****a aí, que eu me retiro!
Os seguranças, que até então ficavam ali parados, começaram a recuar, murmurando e olhando de canto de olho, como se a cena não fosse de um filme barato. Eu, com o coração batendo forte, senti o gosto amargo da traição.
No corredor escuro de uma garagem improvisada, onde as motos e os bagulhos do morro tavam empilhados, avistei a moto dele. Aquela máquina, que sempre foi o símbolo do poder e da ostentação do Cobra.
— Toma essa, seu desgraçado! — gritei, enquanto perfurava o pneu com precisão. O ar começou a escapar num chiado desesperado, e a moto logo mostrou sinais de que não aguentava mais o meu ataque. Sem perder o ritmo, virei para o pneu traseiro e repeti a dose: a faca dançava em minhas mãos como se fosse extensão da minha raiva.
Eu lancei golpes firmes, rasgando a borracha e fazendo a máquina tremer. Não bastava só furar os pneus; eu precisava que ele sentisse o prejuízo de verdade. Num impulso, dei um golpe certeiro no tubo de combustível, fazendo com que uma pequena explosão de fumaça subisse, deixando a moto ainda mais danificada.
— Que se f**a, Cobra! Hoje tu vai pagar cada merda que fez! — eu gritei com o coração em chamas.
Os seguranças, que até então tentavam me barrar lá fora, começaram a se aglomerar, mas eu não tinha tempo pra conversa fiada. Joguei um punhado de pedras contra o guidão, quebrando a estrutura e fazendo a máquina chiar sob o impacto. Cada batida, cada furo, era uma justiça crua e sem piedade.
De repente, enquanto eu finalizava o meu recado de sangue e metal, ouvi passos apressados e o som de um motor se aproximando. Levantei o olhar e vi o Cobra aparecendo no portão, com a cara toda amarrada, aquela mistura de surpresa e medo estampada no rosto. Ele parecia ter percebido o estrago, mas mesmo assim, não ousava dar um passo à frente com confiança.
— Débora! — ele gritou, a voz oscilando entre a raiva e o pânico, enquanto os seguranças se encolhiam em silêncio.
Eu mantive o olhar fixo nele, sem desviar o rosto, e a adrenalina me fez falar sem filtro. Com o dedo indicador apontado com força em sua direção, gritei:
— Se contente por eu não tacar fogo nessa p***a, seu nojento!
O Cobra parou, boquiaberto, sem saber se avançava ou recuava diante do recado que acabara de levar. Seus olhos se arregalaram enquanto ele tentava articular algo, mas as palavras morreram no ar, engolidas pela minha fúria.
Eu sai andando pra casa, tranquei tudo e fui direto pro quarto. E ali, eu chorei. Chorei de raiva, de tristeza e por causa de turbilhão de sentimentos que eu não sabia descrever.