DONA MARTA NARRANDO O sol nem tinha nascido direito, mas eu já tava acordada. Velha tem dessas, né? Não precisa nem de despertador. O corpo já sabe a hora de levantar. Me espreguicei devagar e olhei pro lado. Lilia tava se remexendo na cama de solteiro que tinha no quarto. Sorri. Desde que a Clara saiu ontem, ela ficou comigo. Eu podia dizer que era só porque eu não queria dormir sozinha, mas a verdade era que eu tava aproveitando pra fofocar. E hoje não ia ser diferente. — Lilia… — chamei, puxando a coberta dela de leve. Ela resmungou. — Hmm… Ri. — Acorda, mulher! Ela abriu um olho, depois o outro. — Que foi, Marta? Me sentei na cama, animada. — A Clara não chegou, né? Ela bocejou, se espreguiçando. — Não… Arqueei as sobrancelhas. — Eu sabia! Lilia se sentou também,

