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1124 Words
Clara Narrando Eu sou a Clara, e essa é minha vida. Eu sou n***a, e meu corpo é totalmente fora dos padrões impostos pela sociedade, graças a Deus! Eu sou PlusSize, tenho 1.66 cm e meu quadril é enorme, e eu adoro. p****s? Não tenho nada. Ja ouviu aquela musica? Peitinho piquinin, da b***a grandona.. vai sua cavalona.. Então, foi feita exatamente pra mim e eu me acabo! Cabelo? de 15 em 15 dias eu to com um diferente, amo a diversidade que eu posso ter. Mas a minha vida não é fácil, não. Todo dia, às 4 da matina, eu levanto no meu canto aqui no Salgueiro, me arrumo rapidinho, mas claro, sempre me arrumo bem, por que nunca se sabe quando vamos encontrar o amor da nossa vida né? Brincadeira. Eu me arrumo por que tenho medo de sofrer um acidente e do nada, tenham que rasgar minha roupa e eu estar com uma calcinha feia e toda furada, ja pensou? Deus me livre, que vergonha. Eu pego o ônibus rumo ao meu trabalho lá em Botafogo. Lá, trabalho num hospital gigante, onde eu comando o CTI com a minha simpatia e inteligência. Eu aprendi a me amar e a não deixar ninguém me diminuir, mesmo depois de ter sofrido uma porrada de bullying na escola. Hoje, sou respeitada, e se alguém vem com papo furado, eu respondo na lata! Ta pra nascer o dia que eu vou baixar a cabeça pra alguém, né? Acordo cedo, ainda com aquela ressaca de sono, mas a vontade de fazer a diferença me puxa pra fora da cama. Enquanto me arrumo, olho no espelho e, sem rodeio, dou aquele recado pra mim mesma: "Clara, se liga: cê é f**a do jeito que cê é, e ninguém vai te fazer sentir menos por isso!" E assim, me jogo na vida com toda a energia. No ônibus, já rola aquela resenha marota com o motorista, é o mesmo todo santo dia né? Ja viramos ate amigos. Sempre tem alguém puxando papo, e eu, com meu jeito descontraído e sorriso largo, canso de todos com a minha história. Quando eu chego no hospital, no CTI, a correria é frenética, mas eu comando tudo com garra. Cada paciente, cada enfermeiro, cada médico – eu trato todo mundo com o mesmo carinho. Sempre que entro na sala, o pessoal se anima, sabe que eu tô ali pra fazer a diferença. — Clara, vem cá, precisamos da tua ajuda com o caso do Sr. João! — grita a Lúcia, uma enfermeira mais nova, mas que já me admira. — Já vou, Lúcia! — respondo, pegando a responsa sem nem hesitar. — Vamos mostrar pra esse velho que a gente não tá pra brincadeira! Enquanto organizo os equipamentos e dou instruções, lembro de como foi difícil chegar até aqui. Lá na escola, eu era a "gorda", e os moleques e as meninas viviam zoando. Chorava demais, mas com o tempo aprendi a me blindar, a usar a dor como combustível. Hoje, cada comentário m*****o do passado se transformou numa lição: “Não deixa ninguém te derrubar, Clara, tu é única!” No meio do expediente, já rolava um burburinho. Nem todo mundo no hospital curte a minha forma de ser, e algumas pessoas ficam se achando, mas eu sei quem eu sou e não deixo esses babacas me afetarem. Tem aquela enfermeira que adora fazer comentário pelo canto, mas, quando olho pra ela, dou um sorriso e sigo com a minha missão. Afinal, respeito é o que conta. No almoço, enquanto come um prato simples na cantina, recebo um recado pelo celular de uma paciente que agradecia meu cuidado. A mensagem diz: "Clara, você é um anjo! Obrigada por salvar minha vida." Aquele recado aquece o coração e me faz sentir que todo o corre vale a pena. Depois do almoço, dou aquela passada rápida pelo corredor, cumprimentando a limpeza e até o zelador. — E aí, Dona Marli, como tá o dia? — eu chamo, com aquele tom amigável, e ela responde com um sorriso maroto. — Sempre bem, Clara. Tu é a alegria desse lugar, viu? — diz ela, com orgulho na voz. Eu respondo: — É o mínimo, né? Quem me ver feliz, tá ajudando a gente também! O dia segue, e a rotina de salvar vidas e administrar o CTI me leva a enfrentar desafios e tomar decisões rápidas. Em meio à correria, aproveito um momento de pausa pra conversar com o Dr. Luiz, o diretor do hospital, que sempre me reconhece pelo trabalho. Mas, ó, nem tudo é só flores. Fora do hospital, a vida na comunidade é outra história. O trânsito, as dificuldades do transporte público, os olhares tortos – às vezes, sinto que o mundo ainda não entende que beleza não se mede por padrão, mas por atitude. Eu já recebi muita crítica, mas aprendi a ignorar as maledicências e a focar no que realmente importa. Entre uma tarefa e outra, a gente vai zoando, fazendo piadas e rindo das pequenas tretas do dia. Eu sempre tento contagiar o ambiente com minha energia, fazendo até os pacientes rirem, porque, no meio de tanta dor e angústia, um sorriso sincero vale mais do que qualquer remédio. Durante uma pausa rápida, eu paro pra conversar com o Zé, o técnico de enfermagem que sempre tá de bom humor, mesmo quando a coisa aperta. Eu sei que nem todo mundo no hospital me curte, e tem aquela gente que fica só no roçado, jogando farpas pelas costas. Na sala de reuniões do CTI, o Dr. Ricardo, que é firme mas justo, me chama pra dar uma palavra pra equipe. Eu subo na frente, olho pra geral e digo: — Galera, hoje a missão é salvar vidas, sim, mas também é mostrar que a gente trabalha com alegria e união. Cada um de vocês tem um talento único, e juntos somos imbatíveis! E, olha, se algum dia vocês duvidarem disso, lembrem-se: tem a Clara aqui, que já encarou mais que o que muitos só imaginam. Bora fazer esse plantão ser épico! Os aplausos são espontâneos, e eu me sinto orgulhosa de cada m****o dessa equipe. Afinal, a gente não é só um grupo de profissionais; a gente é uma família que se apoia, mesmo quando o sistema tenta derrubar a gente. E é nessa vibe que seguimos, resolvendo cada pepino que aparece, com risada, com zoeira e, claro, com muito amor. Mas eu sei que é por isso que tem gente que me odeia aqui dentro, por que eu faço o meu trabalho certinho, sem margem pra erros, comando tudo e eu sei bem que tem gente que não gosta nenhum pouco. Mas eu dou o r**o como resposta.
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