Prólogo
Vivíamos em uma sociedade que um dia fora uma monarquia harmoniosa. O rei era justo, leal ao seu povo, e por muito tempo, reinou em paz. No entanto, conspirações silenciosas e traiçoeiras derrubaram sua coroa. O que antes era uma monarquia justa, transformou-se em uma ditadura c***l e opressiva.
Séculos atrás, os cientistas — obedecendo a ordens da elite dominante — dividiram a sociedade em três castas distintas:
Alfas: predadores natos, no topo da cadeia alimentar. Entre eles, distinguem-se ainda subespécies raras e mais poderosas:
Alfa Lúpus
Alfa Lúpus Puro
O Alfa Lúpus Puro é o mais temido de todos. Raro, letal, e com feições mais próximas das de um lobo do que de um homem, é considerado a entidade suprema da natureza. Seu instinto é feroz, sua presença, dominante. Apenas poucos nascem assim, e todos carregam o fardo do medo que impõem aos demais.
Ômegas: submissos aos alfas, dóceis por natureza, muitos apresentam traços afeminados. São, para o sistema, companheiros, serviçais e instrumentos de controle emocional e físico dos alfas.
Betas: os humanos comuns. A vasta maioria da população. Sem dons especiais, mas com a falsa segurança de viverem fora das guerras do topo e da base.
No século XV, porém, uma nova espécie foi descoberta. Tão rara, que até os dias atuais só nasceram três em todo o mundo. Chamados de monstros pela sociedade — mais especificamente pelo governo — esses seres possuem tanto poder que o próprio medo se tornou uma arma contra eles.
Lupus Demone. O Lobo Demônio.
O governo, formado inteiramente por alfas, teme essa criatura com todas as suas forças. Há apenas um Alfa Lúpus entre eles — um homem c***l, sedento por poder — que se autodenomina Alta Cúpula. Frio e implacável, comanda com punho de ferro e paranoia. Ele é o único que conhece a verdade sobre o último Lupus Demone vivo. O único que sabe que a lenda… é real.
Para acalmar a população, o governo declarou a existência dos Lupus Demone como mero folclore. Uma fábula contada para assustar crianças. Mas não passa de hipocrisia. Eles existem. Eles caminham entre nós.
O último de sua espécie vive escondido, sempre à sombra, tentando passar despercebido para não ser executado. Uma recompensa foi colocada por sua cabeça. Qualquer um que o encontrar pode entregá-lo ao governo e ganhar glória e riqueza. Mas poucos ousariam sequer tentar.
A primeira aparição conhecida de um Lupus Demone foi também no século XV. Uma criança nasceu com um símbolo marcado em seu corpo: o Triskelion, composto por três espirais representando alfa, beta e ômega. No centro, um triângulo invertido, sinal da soberania dessa raça sobre todas as outras.
A chegada da criança causou alvoroço. Como um simples bebê poderia carregar tamanho fardo? O tempo passou, e a criança cresceu saudável… até que sua verdadeira natureza começou a emergir. Sua força era descomunal. A raiva, constante. Seus olhos brilhavam como brasas quando sentia perigo. Aos olhos do então imperador, a criança não era um milagre… era uma ameaça.
Tudo mudou no dia em que, com apenas cinco anos de idade, ela se transformou. Diante dos olhos da corte, um lobo colossal tomou forma. Não era apenas uma criatura sobrenatural — era o lobo. O verdadeiro predador. O ápice da cadeia alimentar.
O imperador, tomado pelo pânico, ordenou sua execução imediata, junto com o m******e de toda sua família. Assinou, então, um decreto proibindo o símbolo do Triskelion e instituindo a Lei de Extermínio: qualquer um nascido Lupus Demone deveria ser morto antes dos cinco anos — antes da Primeira Transformação. Pois, após esse ponto, matá-lo se tornaria quase impossível.
A sociedade vive, desde então, assombrada por um medo silencioso. Medo desse ser supremo. Medo do que ele poderia se tornar.
E assim, o medo tornou-se a única palavra capaz de resumir tudo o que sentem ao pensar nele:
o Lobo Demônio.