"Não há nada como a respiração profunda depois de dar uma gargalhada. Nada no mundo se compara à barriga dolorida pelas razões certas."
— As Vantagens de Ser Invisível
E se eu dissesse que a vida sempre tem seu lado bom… vocês acreditariam? Provavelmente não. A verdade é que há dias bons, dias ruins… e dias que são apenas dias. Talvez a vida seja sobre aprender, errar e, principalmente, se amar.
Amor... o que é o amor? Talvez seja a peça que nos completa, que nos arranca do vazio e atravessa as barreiras que construímos ao redor de nós mesmos.
Taehyung se sente assim: vivo. Pela primeira vez em muito tempo. Aceitando, aos poucos, seu verdadeiro eu — ainda que com ressalvas. O problema é que, mesmo agora, ele continua preso à ideia do fim, sem conseguir apenas... viver.
Sempre se perguntando: “E se...?”
Mas no fim, somos nós quem escrevemos nossa história. A vida pode nos derrubar, pode parecer que tudo está desmoronando — somos fantoches nas mãos de um destino c***l. E ainda assim, criamos nossos próprios momentos. Como diria Maquiavel: “Os fins justificam os meios.”
As escolhas moldam o fim.
Então aqui vai um conselho: seja você mesmo. Se você não se ama, como espera que alguém o ame?
Libertar-se da necessidade de agradar a todos é libertar-se de um ciclo de máscaras, de encenações... e uma hora, todas elas caem. E aí, quem sobra?
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— Tae, você pode contar mais sobre você? — perguntou Jimin.
Taehyung assentiu, curioso.
— Temos um livro sobre você. Vamos comparar os fatos.
Ele ficou surpreso. Um livro sobre ele? Será que ali havia respostas que ele mesmo desconhecia?
— Meu rei, é melhor você se transformar antes. — disse Jungkook, conduzindo-o até seu quarto.
O cômodo de Jeon era decorado em tons de preto e cinza. Simples e misterioso, assim como ele. Taehyung iniciou sua transformação. A pelagem n***a deu lugar à pele bronzeada, e os olhos — antes um azul cristalino — tornaram-se celestes. Ainda hipnotizantes.
— Vou pegar roupas pra você. — disse Jungkook, sem conseguir desviar o olhar.
Ele entregou uma calça de moletom, uma cueca nova e uma camiseta. Mas Taehyung dispensou a última.
— Taehyung, eu não quero aqueles abutres te devorando com os olhos.
— Seus amigos são... abutres? — perguntou confuso, com a testa franzida. Jungkook achou adorável.
— É uma forma de dizer que você é gostoso pra c*****o. E eles vão te olhar como se você fosse um banquete.
Jeon se aproximou, dando um selinho suave, e o puxou para um abraço.
— Nunca mais me deixa.
— Jungoo... eu só vou embora se você me mandar. Enquanto isso não acontecer, estarei ao seu lado.
Taehyung era doce. Ele sempre foi, mas demorou a se permitir ser.
— Sua cor favorita é preto? — perguntou o lobo.
— Era. Agora é azul. Sempre gostei desde pequeno… mas hoje tem outro significado.
Ele olhou nos olhos de Taehyung e completou:
— É a cor dos seus olhos. Meu motivo.
Taehyung sorriu, um sorriso pequeno, mas real.
— A minha é roxo.
— Por quê?
— Roxo é a última cor do arco-íris. Representa permanência, confiança até o fim… amar até o último momento.
Jungkook abriu um sorriso bobo, enfeitiçado.
— Jungoo… eu roxo você.— disse Taehyung, antes de sair do quarto.
Jungkook ficou parado, em choque, com a boca aberta em um perfeito “O”.
— Taehyung! Volta aqui! — correu atrás do alfa, rindo.
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Na sala, apenas oito integrantes do bando estavam presentes. O restante havia saído — sabe-se lá para onde.
— Tae, o livro diz que você tem uma marca n***a. É verdade? — perguntou Jimin.
Assim que viram o Taehyung transformado, agora em sua forma humana, todos pareceram hipnotizados. Youngjae soltou um palavrão.
— p**a que pariu. Você é lindo demais. Esses olhos…
— Tira os olhos do que é meu. — rosnou Jungkook, ciumento.
— Ele não é seu. — retrucou Youngjae.
— Ele me roxa. E você? Ele roxa você? Não. — respondeu Jeon, triunfante.
Taehyung caiu na gargalhada. Riu tanto que sua barriga doeu — fazia tempo que não sentia isso. Era bom. Era leve. Todos sorriram com ele.
— Respondendo à pergunta: sim, tenho uma marca. — virou-se de costas, mostrando-a. — Essa é a minha stigma
— Uou. Incrível. O livro também diz que você odeia prata. — comentou Yoongi.
— Sim. Descobri que era um licantropo quando tinha uns cinco, seis anos. Estava lendo um livro sobre lobisomens e me reconheci no protagonista. Resolvi testar com uma faca de prata da minha mãe… queimou na hora. Doeu pra caramba.
— E sua família? — perguntou Seokjin, curioso.
— Na internet dizem que você os matou… — comentou Hoseok.
— Claro que não. Eles eram tudo pra mim. Quem os matou foi aquele desgraçado do Alta Cupula.
— O nosso futuro rei? — questionou Jungkook, surpreso.
— Sim. Um homem que se acha um deus. Ele espalhou essa mentira pra virar todos contra mim. Mas eu sei quem ele é… e vou acabar com ele.
— Eu acredito em você. — disse Jungkook, abraçando-o, tentando confortá-lo.
A tensão pesava no ar, até que uma voz feminina surgiu, irritando instantaneamente metade dos presentes.
— Kook, meu amor… por que não me chamou pra passar o cio?
Hyun-Ah. Longos cabelos castanhos, bonita, sedutora… e oferecida.
— Hyun-Ah. — murmurou Jungkook com desgosto. Ela o abraçou, mas ele não retribuiu.
— Senti sua falta, amorzinho… — seus olhos pousaram em Taehyung. — E esse deus grego?
— Ah, esse? É Kim Taehyung. O alfa do Jungkook. — respondeu Jimin, com um sorriso venenoso. Ele odiava Hyun-Ah.
— Alfa? Ah, por favor… eu sou a única que satisfaz ele.
A aura de Taehyung escureceu. Ele não gostava nem um pouco daquela presença.
— Tae, se acalma. — sussurrou Yoongi.
— Bom… se eu satisfaço ele ou não, vamos descobrir essa noite. — disse Taehyung, com um sorriso malicioso e olhar cortante.