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Bruna
Bruna: Ele não pode descobrir o que escondo. Seu olhar julgador me persegue como se soubesse a verdade; só precisava do seu sangue, apenas do sangue raro que meu filho precisa para sobreviver.
Jamais iria atrás dele se não fosse por isso. Agora, ele não é mais um policial de pouco destaque; Fred é um delegado. Vi sua nomeação e como foi elogiado na TV por prender uma quadrilha de ladrões de carga, o que foi fundamental para sua promoção.
Fred: O que quer, bruna? Sabe que não tem lugar na minha vida, não depois de tudo que houve - Ele me abandonou. Fred não quis uma favelada como eu, sua mãe foi c***l quando disse isso a mando dele. Entreguei meu coração para ele, para no final ser abandonada grávida. Se não fosse minha madrinha, não sei como sobreviveria.
Bruna: Fred, eu...
Fred: É doutor Frederico para você. Bruna. O que quer? Estou ocupado e não tenho tempo para conversa fiada.
Bruna: Só preciso que me diga qual é o seu tipo sanguíneo.
O olhar dele mudou para questionamento, não sei por quê, já que nunca usou proteção comigo, alegava que queria me encher de filhos. No final, tivemos apenas um que ele nunca fez questão de conhecer.
Fred: Por que quer saber disso, Bruna? Tenho vários casos para resolver e outras questões burocráticas. Se realmente não tem nada útil para dizer, peço que se retire.
Bruna: Não vou me retirar como se tivesse cometido um erro irreparável, quando fui uma vítima sua e da sua maldita posição social. Tive um filho, o nome dele é Jorge, sofreu um acidente, mas o sangue dele é O negativo. Preciso de alguém da sua família ou até que você doe o sangue para ele; esse sangue normal é herança genética. Depois, nunca mais vai me ver. Desapareci antes, posso fazer de novo.
A expressão dele mudou radicalmente. Agora entendia por que, depois de cinco anos, vim atrás dele. Pensou que viria pedir algum favor. Jamais estaria aqui se não fosse pelo meu menino. Jorge não tem culpa de nada.
Fred: Por que não me procurou antes? Bruna, você foi c***l escondendo meu filho. Sabe bem como sempre quis ser pai.
Bruna: Fred, eu preciso saber se pode doar o sangue, só isso. Não vamos discutir sobre o passado. O tempo está correndo contra o meu filho. Vai me ajudar?
Ele se levantou, pegando a chave em cima da mesa, saiu atrás de mim, percebendo a gravidade da situação. Não quero brigas ou discussões sobre um passado tão doloroso para mim. Só quero salvar o meu filho. Se preciso do homem que destruiu meus sonhos e vida para isso, não vou me importar de recordar tudo que passei.
Fred: vamos no meu carro - ele disse destravando a porta!
Bruna: não, ele está no Copa D'or, eu te encontro lá.
Fred: ok, te encontro na porta.
Saímos em carros separados, e eu encontrei ele na porta do hospital, fui direto para recepção do hospital, eu não tenho tempo a perder!