VISITANDO OS INIMIG...DIGO, FAMÍLIA.

1119 Words
O outro dia era inevitavelmente r**m, um dia ao qual eu teria que ir até os meu pais, fingir que eles nunca me falaram um monte de bosta, abraçar o meu irmão arrogante e sua esposa sonsa, que só fazia falar sem parar sobre como ela havia reformado a droga da cozinha. Ou ver o marido da minha irmã, um herdeiro de merda acariciar a barriga perfeitamente redonda dela. E é claro, eu me sentaria ali para aguentar essa ocasião infeliz, para ouvir o meu pai dizer que eu deveria arrumar um emprego de verdade. “Escrita não é carreira!” ele dizia, enquanto apoiava totalmente a submissão da minha irmã ao marido pateta para alcançar um status social de filhos bem sucedidos e bem casados na família. Eu era um efeito colateral daquela vida perfeita, a filha do meio que não vingou e não floresceu como deveria. Era aniversário da minha mãe, comprei para ela, um perfume, cansei de tentar dar algo que ela realmente pudesse gostar, porque, seja o que for que viesse de mim não seria bom o bastante. Minha irmã ia dar um neto, pelo amor de Deus, e isso já era concorrência demais. Mas ela podia ganhar...Colocar até cinco rebentos em disparada na minha frente, e eu a deixaria ganhar. Quando finalmente fui até lá, os dois filhos perfeitos já estavam, pude ver o olhar do meu pai se voltar para mim no momento que eu entrei pela porta. - Ah finalmente Laura! Sempre atrasada! – Disse o meu irmão. Pedro era o tipo de cara boa pinta, era charmoso, legal e na maioria das vezes um arrogante de merda. Mas eu tinha que reconhecer, ele ao menos era um cara completamente carismático, o que desgraçava totalmente a minha cunhada, que era um picolé de chuchu com cabelos longos. - É Pedro, finalmente eu cheguei! Já está infeliz? – Falei provocando - Não maninha, eu estava brincando. Eu o abracei forte, era um i*****l, mas era sangue do meu sangue. O mesmo aconteceu com a minha irmã, estava tão linda grávida! Giovanna o nome dela, meu pai sempre a preferiu. Mas também quem não iria preferir alguém tão doce e tão imaculada? - Oi Gio, você está linda! Como cresceu a Barriga! - Laura já estou de Sete meses.... - Nossa, o tempo passa não é? Disse me desvencilhando do assunto, a verdade é que eu nem me dei ao trabalho de ir a p***a do chá. Eu sou uma péssima irmã. - Mãe feliz aniversário! – A abracei e lhe entreguei o presente, que ela fez questão de não abrir e deixar em um canto do rack da sala. Tudo bem sabe? Foi-se se o tempo, que eu me abalava por esse tipo de história. Todo aquele constrangimento ficou maior, quando o meu pai não trocou sequer uma palavra comigo, e meu cunhado falando sem parar sobre o carro novo que ele havia comprado. Meu Deus que coisa insuportável. Estranhei é claro, meu pai não havia feito nenhum comentário desagradável de verdade, e isso não era típico dele. Mas tudo bem, acabou mais rápido do que pensei, e demoraria mais um ano para isso acontecer novamente, já que era proibido comemorar o aniversário do meu pai. Parece doido, mas era assim. Eu deitei cedo naquele dia, com meu caderno em mãos, li e reli a minha matéria. Analisei os corpos, como estavam feios, vinculei a minha cabeça algumas imagens, percepções de como seria o autor ou mandante daquele crime, Imaginei talvez que a aparência externa refletisse a feiura deles por dentro. O outro dia chegou, mais um dia lotado no escritório cheio de coisas que literalmente ninguém no mundo gostaria de fazer, e isso queria dizer que era trabalho meu. Me levantei para beber água no corredor, vi passar um homem alto, cabelos castanhos, ternos perfeitamente alinhados. Um porte maravilhoso, dava pra ver que era alguém importante. Não consegui ver o rosto dele, passou rápido demais por mim. Apenas vi as costas, os ombros largos marcados em um terno preto. Bom talvez as coisas ficassem melhores no final. O homem foi direto a sala do animal asqueroso que era o meu chefe, ficou lá mais ou menos uma hora inteira. Mas quem é que estava contando? Eu não... Nem percebi o homem passar! Imagina! Eu fiquei vidrada na sala quando ele finalmente saiu. E eu fiquei sem fôlego é claro, tinha certeza, era o homem mais bonito de todo o mundo. Quando ele passou pelo corredor, me encarou nos olhos através do vidro, sem esboçar nenhum tipo de reação, apenas um olhar sombrio e a boca perfeita, que apenas esboçava m*l-humor e arrogância. Caralho, lindo demais! Perfeito dos pés a cabeça, quando ele me olhou pareceu me inundar, mas eu sei que ele estava apenas olhando e não realmente admirando como eu estava fazendo com ele. Eu era apenas uma moça padrão sentada em uma cadeira de escritório, e aquilo não seria algum padrão de filme, ele não iria se apaixonar por mim e descobrir que eu sou na verdade a mulher da vida dele. O olhar dele, tinha algo que eu jamais conseguiria decifrar, era sombrio e frio, e mesmo assim me aquecia por dentro. Quando ele finalmente passou, o que eram apenas segundos tornaram se horas em minha imaginação fértil. Não se falava em outro assunto no corredor, a mulherada alvoroçada para saber quem era aquele homem perfeito. E de que conto erótico ele havia saído? Deveria ser pecado alguém ser tão lindo assim, tirou a atenção de um departamento inteiro sem esforço. Ele era discreto, com certeza, ou, o i****a louco por atenção que chefiava a equipe, já teria dito para todos o seu nome. Qual seria o nome dele? Eu aposto que é algum nome imponente, que faria qualquer mocinha molhar a calcinha só de pensar. Seria algum CEO? Algum anunciante? Mas eu não conseguia pensar em outra coisa... o olhar dele... Não dava para tirar aquilo de mim. E mesmo depois, quando eu estava já na minha casa absorta em pensamentos, me pegava vivendo aquela troca de olhares outra vez, me pegava sentindo aquele calor percorrer o meu corpo mais e mais vezes até eu finalmente pegar no sono. E só importava saber agora, quem era aquele homem? Julgar e condenar moralmente é a vingança preferida das almas limitadas sobre aquelas que são menos que elas, uma espécie de indenização por tudo aquilo que obtiveram de menos da natureza, eis uma ocasião para mostrar espírito e tornar-se refinado — a malícia espiritualiza o homem. No fundo de seus corações gostariam que existisse uma medida, diante da qual também os homens ricos e privilegiados sejam seus iguais Friedrich Nietzsche
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