Encerramento da Festa
Blade saiu da sala com o rosto sério, o ar ainda impregnado das palavras do pai. Endireitou os ombros, ajeitou o paletó e caminhou até a cerimonialista, que o aguardava nervosa à beira da pista de dança.
— Avise aos convidados — disse com voz firme, sem demonstrar fraqueza — que aproveitem a festa, o buffet, a música. A celebração continua para todos. A noiva sentiu-se indisposta, o pai dela a levou para se trocar. Eu mesmo irei buscá-la em seguida, pois partiremos para a lua de mel.
Fez uma breve pausa, olhou em volta e concluiu em italiano, de modo teatral, como se fosse um artista diante de uma plateia:
— Arrivederci.
Em seguida, saiu sem olhar para trás, sob os flashes discretos das câmeras dos colunistas que já registravam cada detalhe.
Richard e Eleanor também se levantaram. Para eles, não havia mais motivo algum para permanecer naquele circo. Antes de sair, porém, Richard avistou Frida ainda parada perto do bar, provocativa, como se fosse a dona do ambiente. Aproximou-se com Eleanor ao lado.
Richard parou diante dela, mantendo o mesmo tom polido que usava em reuniões de negócios, mas o peso das palavras fez Frida perder o sorriso.
— Senhorita Frida — começou —, o que você fez esta noite foi de uma grosseria indesculpável. Provocar a minha nora no dia do casamento dela... Não se faz.
Frida tentou sustentar o olhar, mas Richard se inclinou apenas o suficiente para que a voz soasse como uma lâmina afiada:
— Você é famosa, sim. Mas não se engane. Para permanecer nas capas de revista, precisa de homens como eu, do meu dinheiro e da minha influência. E eu lhe garanto uma coisa: as portas começarão a se fechar para você a partir de agora.
A modelo empalideceu, e pela primeira vez sua postura vacilou. Richard endireitou o corpo, ofereceu o braço à esposa e completou:
— Boa noite.
Eleanor, altiva, apenas lançou um olhar de desprezo antes de se retirar com o marido.
O salão permaneceu cheio de música, risos forçados e falsos brindes, mas a essência da festa já havia acabado. O centro de tudo — a noiva, a verdadeira estrela daquela noite — tinha deixado o lugar.
Frida ainda tentava recuperar o fôlego depois do golpe certeiro das palavras de Richard, quando uma voz grave e carregada de frustração soou às suas costas.
— Ragazza... — Germano se aproximou lentamente, o olhar severo cravado nela. — Você conseguiu a façanha de estragar a cerimônia de casamento da filha de Alessio.
Ela abriu a boca, mas ele ergueu a mão, cortando qualquer tentativa de defesa.
— Eu te trouxe porque você pediu. O convite que recebi me permitia levar um acompanhante. Poderia ter trazido qualquer outra pessoa, mas escolhi você. — Os olhos dele faiscavam de desapontamento. — Jamais imaginei que fosse usar essa oportunidade para causar uma cena dessas.
Frida tentou sustentar a pose, mas Germano foi implacável:
— Considere que, a partir de hoje, o seu nome está riscado da minha agenda. Não me procure e os contatos que íamos assinar, está tudo cancelado. Não quero o meu nome associado a alguém como você, é uma pena, pois você acreditou que nada aconteceria, o Richard não brinca, você se prepare para sua queda..
Ele ajeitou o paletó, girou nos calcanhares e se afastou sem sequer olhar para trás. Frida ficou imóvel, de boca entreaberta, enquanto os olhares curiosos dos convidados que tinham presenciado de longe a repreensão a cercavam como lâminas invisíveis. Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu exposta e completamente sozinha.