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1118 Words
— Boa noite, gostaria de um martíni — digo assim que sento no banquinho na frente do balcão do barman — com duas azeitonas, por favor. Havia voltando para casa depois do meu turno, tomei um banho rápido para não acabar me atrasando com meus novos companheiros de trabalho. Até o momento só conheci a delegada Silva de mulher na delegacia, fora a parte do escritório, a maioria dos policiais são homens, pelo menos os que eu conheci. Coloquei uma blusa de alcinha na cor verde musgo, minha calça branca de tecido soltinho com o meu scarpin bege. Deixei meu cabelo solto após secar rapidamente no secador, não gosto muito de maquiagem, acabei só passado um rímel e um batom vermelho. Meu pai havia dito que não iria ficar acordado me esperando, não acredito muito nisso. Henrique sempre me esperou enquanto lia um livro, quando chego em casa ele fala que perdeu a hora lendo e vai para o seu quarto finalmente dormir. Nunca demonstrou temer a minha vida quando chego tarde, sempre tentou disfarçar dando essa desculpa. O Rota 57 está vazio no momento, as pessoas estão chegando aos poucos, uma banda começou a se organizar no pequeno palco do barzinho, parece ser de rock, não tinha procurando nada sobre o local e muito menos se tinha show ao vivo, quem dirá estar sabendo que trocaria uma banda de rock esta noite. — É a banda da casa. — disse o barman ao perceber que estou encarando muito eles, e entrega o meu pedido colocando a taça sobre o balcão, seus olhos são verdes, cabelos enrolados e um sorriso largo que por sinal é muito bonito. — Eles tocam o que? — digo pegando minha bebida e levando aos meus lábios para dar um gole. — A maioria das músicas são covers de bandas de pop rock, eles tem algumas músicas feitas por eles. — o barman levanta os ombros e pega um guardanapo para secar alguns copos que havia acabado de lavar. — eles são bons, você irá gostar. A hora vai passando e não tenho notícia de ninguém da delegacia, muito menos de Silva que estava toda animada para comemorar. Me sinto um i****a por ter vindo antes de mandar alguma mensagem para ela, m*l conheço a cidade e o pouco que conheço é do passado e alguns lugares que fiz ronda hoje. — Mais uma dose, senhorita? — o barman pergunta pegando minha taça. — Por favor. — assim que respondo, ele coloca mais martini e duas azeitonas. Meu celular de trabalho toca na minha bolsa, prefiro separar o número pessoal e o de trabalho, por isso preferi ter dois celulares. Dificilmente ando com os dois, só hoje que deixei eles na bolsa, para conseguir falar com alguém do trabalho, já que a comemoração é com eles. Vejo a mensagem na tela do celular antes de bloquear, é da delegada, desbloqueio e abro o aplicativo. "Ocorreu um chamado, não conseguimos sair, nos perdoe" "Precisa de ajuda? Posso ir aí" "Morais, seu turno acabou fica tranquila" "O turno de vocês acabou também, eu posso ir" "Já está no Rota 57?" "Sim" "Se divirta, depois compensamos" Ela ficou offline, respiro fundo e jogo o celular na bolsa. Poderia estar lá com eles, posso ser útil também não é por ser novata por aqui que não posso fazer algumas horas extras. — Você está bem? — escuto uma voz masculina próxima de mim, apesar do local estar com uma banda ao vivo com som alto, algumas pessoas falando o mais alto que conseguem, posso ouvir a voz do rapaz perfeitamente por estar tão próximo de mim. — Aconteceu alguma coisa? — Está tudo bem, é coisa do trabalho. — levanto os ombros dando um sorriso de lado um tanto chateada por não ser convocada para ir com eles. Muitas vezes não conto para as pessoas com o que trabalho, ainda mais quando estou em um bar. Raramente entro em algum relacionamento justamente por isso, não quero colocar mais uma pessoa na lista que se preocupa comigo, meu pai já faz isso por todos. Tive poucos namorados, a maioria quando estudava no fundamental e no médio, depois disso era casual ou algum tipo de rolo que duravam entre três a seis meses, e demorava um tempo para contar que sou policial militar, nas vezes que contei acabou tudo, não aguentava a pressão de ver uma mulher nesta área. — Às vezes o trabalho é estressante, sei bem como é. — ele sorri. — A propósito, me chamo Oscar. Oscar tem ombros largos, braços musculosos, cabelos loiros liso e cortado bem baixinho, barba por fazer que deixa seu maxilar marcado mostrando o formato do rosto triângulo invertido. Vestia uma camisa jeans de botão e uma calça preta. — Prazer, Oscar. — sorrio para ele. — Eu sou a Larissa, acabei de me mudar na cidade e resolvi conhecer o Rota 57. — Boa escolha, sempre que posso venho aqui. — ele aponta para o vocalista da banda, um rapaz alto de cabelo comprido que parece ter pintado de preto azulado — Meu primo, Júlio, é o vocalista da banda fixa daqui. — Eles são bons. — pego o meu drink e dou alguns goles — Gostei deles. — Você veio sozinha? — afirmei com a cabeça. — Então... — Oscar toma um gole do seu whisky antes de continuar — Hoje serei sua companhia, amigos? — abre um sorriso e estende a mão para mim. — Claro. — seguro sua não dando um leve aperto. A noite passou a ser agradável ao lado de Oscar, ele havia dito que mora no Rio desde a infância, que não se lembra quando foi que seus pais se mudaram para lá. Não contou muito sobre o seu trabalho, apenas disse que fez administração na universidade e acredito que trabalha na área. Não posso me deixar levar, ele pode estar mentindo também sobre o trabalho. — Você trabalha com o que? — perguntou apoiando seu queixo na mão. — Deixa eu adivinhar, pela sua roupa creio que seja uma executiva ou secretária. Não confirmo nada, deixei que Oscar pensasse quem realmente fosse uma executiva, por fim ele apenas riu e olhou para a banda começou a tocar uma música de U2, With Or Without You. Oscar levanta do banco de madeira e estende a mão para mim. — Me concede essa dança? — fico sem graça com essa pergunta, mas acabo aceitando colocando minha mão sobre a dele. O toque de nossas mãos juntas sobre uma energia forte entre nós dois, como se tivesse uma corrente elétrica e de alguma forma senti que essa noite minha vida mudaria ao lado de Oscar.
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