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1263 Words
Cheguei bem cedo na delegacia, estou bastante ansiosa para começar a trabalhar na minha cidade Natal. O local está vazio, parece que hoje o dia vai ser calmo, apesar de preferir um pouco mais agitado para entrar em ação logo no primeiro dia. — Seja bem vinda, minha querida — olho em direção ao seu pequeno broche para saber quem a mulher que se aproxima de mim toda sorridente e amigável. — Estava contando os dias para a sua chegada. — é a delegada Silvia. — Sou a Jéssica, mais conhecida como Delegada Silvia. — ela continua com um enorme sorriso na boca. Tenho certeza que todos estavam, havia recebido uma medalha de honra na cidade atual e dias depois fui transferida para a minha cidade natal, com o intuito de iniciar a operação d***o. Eles tinham conseguido algumas pistas de quem é o chefe do tráfico, o dono do morro, mas nada muito evidente, fontes não muito confiáveis. Uma das pistas era o local que o homem frequentava para suas reuniões, apesar de muitas tentativas falidas de uma organização para pegar o "senhor d***o" — um apelido criado para o desconhecido. Minha transferência foi muito repentina, cheguei na capital não faz nem uma semana, não estava esperando que ocorresse tão rápido, meu pai ficou muito preocupado com tudo, ele sempre foi assim e piorou depois que minha mãe veio ao óbito durante uma operação. Ela sempre foi policial e eu sempre achei incrível uma mulher ali, na ação, no meio da adrenalina e tensão. Sem deixar nenhuma vez de ser uma mulher incrível, uma ótima esposa e a melhor mãe do mundo. Quando completei meus dez anos, a capital estava em um tumulto, ocorria uma operação muito perigosa tanto para os policiais locais quanto para os civis que tinham toque de recolher. Não foi em uma troca de tiro, Gabriela Morais foi defender uma mãe com sua menina, ela estava indo ao mercadinho quando viu a cena e acabou levando um tiro certeiro. Desde então, Henrique passou a ser mais protetor, saímos da capital e fui criada na Duque de Caxias, hoje voltando vejo a diferença e claro, meu pai veio junto não queria me abandonar e tenho certeza que ele ficaria preocupado o tempo todo. Não que vá mudar alguma coisa, que Henrique não irá ficar acordado até a hora que eu chegar em casa, não importando a hora que eu chegue, ele vai estar ali, sentando em sua poltrona do papai, com uma xícara de chá de camomila e um livro na mão. — Eu também, Silva! — digo estendo minha mão para ela, mas sou surpreendida por um abraço muito apertado e aconchegante. — Que isso garota, chega mais. — ela ri e dá um beijo estalado na minha bochecha. Limpo a minha garganta e a delegada se afasta ajeitando seu uniforme. — Os rapazes querem comemorar com você e dar boas vindas hoje a noite. — Delegada Silva é totalmente diferente do que imaginei, pensava que seria seria por ter este posto, mas é o oposto, toda animada, cheia de energia e empolgada, fica sorrindo igual uma criança por eu estar ao vivo e as cores em sua frente. — E pensei que você ia gostar, um jeito de conhecer todos. — Claro. — sorrio de canto. — Pode ser legal. — Pode ser legal... — Silva balança a cabeça — Vai ser legal! — ela da uns tapinhas no meu ombro. A baixinha me faz lembrar Raquel, uma vizinha que passou a ser minha amiga e ajudar com as "coisas de mulheres" que meu pai não conseguia explicar por pura vergonha. Silva, como Raquel, são baixas, cabelo preto e enrolado, rosto redondo, olhos parecendo fechados, grandes e bem pretinhos que me fazem lembrar de jabuticaba. Lembro de uma vez dizer isso para Raquel e ela dizia que sua mãe sonhava em comer jabuticaba quando estava grávida dela, por isso que seus olhos são pretos, eu gostava de suas histórias e sentirei sua falta. A única diferença entre as duas, é que Silva tem uma verruga no meio da testa e varinhas pintinhas sobre o nariz. — Francis! — um policial entra na delegacia passando por nós duas. — Dá um oi para a Larissa. Ela é a novata que estávamos esperando. O policial Francis me olhou dando um sorriso amarelo, não consigo confiar muito nele, não posso deduzir que Francis é corrupto por causa de um sorriso amarelo, mas algo me diz que nele não posso confiar. Ele coloca uma mão sobre o cinto, deitando o dedão para o lado de dentro, como se quisesse parecer um policial americano em um filme i****a, estende sua mão direita para a minha direção. — Estávamos ansiosos para a sua chegada, policial — ele para uns segundo antes de falar meu sobrenome e olhar em direção ao meu broche. — Morais. — digo colocando minha mão na dele apertando com força. — Policial Morais. — Certo, certo! — ele limpa a garganta e olha para as nossas mãos, parecendo impressionado com o meu aperto forte. — Bom... Seja bem vinda, policial Morais. Na hora do almoço, após ser convencida que a noite seria legal uma pequena comemoração no Rota 57, fui para casa para comer com meu pai. Sempre combinei com ele sobre comer na mesa juntos, desde que mamãe se foi é o nosso combinado. Alguns casos de eu estar em uma operação ou rota, que ele come sozinho, e nesses casos eu aviso por uma mensagem rápida e direta em seu celular. — Como foi o seu primeiro dia, Lari? — Henrique pergunta colocando os nossos pratos sobre a mesa, deixando tudo bonito como foi ensinado por Gabriela. — Não assustou ninguém com essa cara de Pitt Bull? — ele brinca. Sendo o único que sabe que sou toda durona no trabalho e fora dele sou totalmente diferente, papai sempre zomba dizendo que pareço um Pitt Bull quando estou de farda. Não que mude muito quando estou em alguma comemoração com colegas de trabalho, raramente algum deles me viu de vestido ou parecendo a garotinha do papai. — Ah, papai! — me aproximo dele beijando sua bochecha. — Você sabe que não posso deixar eles montarem em mim. — Bem que eu sei. — ele sorri quando passo os talheres para colocar do lado dos pratos. — Sua mãe dizia a mesma coisa — Henrique sempre fica emocionado quando fala dela, posso ver seus olhos lacrimejando. — Eu sempre trabalhei como operário, raramente havia mulher no meu setor e sempre que aparecia alguma, era bem assim. — ele aponta para o meu rosto com o dedo indicador. — Com essa cara fechada e parecendo um cachorro pronto para o ataque, não sei como é estar na pele de vocês, mas sei muito bem o que os homens pensam e o que são capazes. — Vai me dizer que o senhor ficava olhando e desejando as mulheres que passavam ao seu lado? — dou uma encarada e ele me cutuca com o seu cotovelo áspero. — Eu não preciso agir como esses machos héteros top — papai fica um pouco pensativo antes de continuar — é assim que vocês os chamam? — eu dou risada como resposta. — Então, minha filha, eu não preciso agir como esses caras, eu sou homem só sou cavaleiro. — Se não fosse... — Sua mãe não teria se casado comigo e ter tido a nossa princesa. — ele sorri dando um beijo em minha testa antes de seguir o caminho para a cozinha.
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