Naquela sexta-feira o sol nem tinha nascido direito e o barulho do helicóptero já cortava o céu como uma navalha. O rádio tava com interferência o tempo todo, e os moleques da ponta da comunidade já tinham avisado: “Movimento estranho na base. Viatura de fora, tática de elite.” Era nítido que o cerco tava se fechando, e a pressão era cada vez mais forte. Eu sabia que era questão de tempo até eles baterem de frente, mas uma coisa eu não ia permitir: o caos dentro da quebrada. Não ia deixar ninguém correndo desesperado, não ia deixar criança chorando, morador se trancando dentro de casa ou sangue inocente no chão. Se a guerra deles era psicológica, a minha era de estrutura. Na mesma manhã, convoquei uma reunião com os cabeças de cada viela — todos se encontraram no centro comunitário, o me

