Passaram-se dois dias desde aquela visita no hospital. Dois dias que pareciam semanas, pesados, meio nublados por dentro. Eu fiquei meio na minha. Não quis comentar nada com os caras, nem dar bandeira. Quem olhasse de fora ia ver o mesmo Dante de sempre: postura firme, olhar atento, voz forte. Mas por dentro… tava meio murchado, sabe? Não derrotado. Só… cansado de sonhar alto. Só que eu não era mais só eu. Eu tinha o morro pra cuidar, tinha a loja agora, tinha um monte de gente que acreditava em mim. Gente que esperava meu “e aí, meu cria?”, gente que sorria só de ver eu passando. Então não dava pra parar. Já tinha vivido dores maiores. Já tinha perdido parceiro em confronto, já vi mãe de menino chorar com o corpo do filho no colo. Isso? Isso era só uma frustração do coração. No terceiro

