Sentei com eles na laje da sede — aquela casinha abandonada que a gente transformou no quartel-general da favela. Tava começando a escurecer e o céu tingido de laranja servia como pano de fundo pro que viria a ser uma das conversas mais importantes desde que eu voltei. O Rick puxou uma cadeira, me passou uma água e ficou me encarando com aquele olhar de quem já sabia que eu ia perguntar tudo, até o detalhe mais insignificante. — Manda, Rick. Quero saber de tudo. Quem vacilou, quem se destacou, o que tá rodando... cê sabe, geral. Ele assentiu com a cabeça e começou. E, irmão, era história. Primeiro, ele falou sobre a movimentação da polícia. Disse que depois do confronto, os cana tinham feito umas duas ou três batidas rápidas na entrada da comunidade, tentando intimidar, revistar motoque

