5 - Flertando

1919 Words
Hyle  O sol está alto no céu, e eu estou suando um pouco. Estou deitada em uma espreguiçadeira ao lado da piscina, o que parece um pouco bobo, já que o oceano está a poucos metros de distância. Mas não estou com vontade de nadar ou ficar na areia, então isso funciona muito bem. Os caras estão, na maioria das vezes, dentro de casa, curtindo, e eu estou sozinha. O que, para ser sincera, me agrada bastante. Julian está acordado e bancando o anfitrião de novo, então imagino que muitos deles queiram evitar a "irmãzinha" dele, já que eu estou claramente fora dos limites para eles. Exceto que, aparentemente, Kevin não se importa muito com isso. Não paro de pensar naquele beijo, tão inesperado, mas incrivelmente bom. Senti aquele pico de excitação, aquela sensação especial que você tem quando um cara particularmente incrível te beija. Kevin me deu isso e muito mais, tudo com um beijo rápido, sua língua na minha boca, seu gosto nos meus lábios. Talvez tenha sido a pintura ou o fato de ele ter se aberto comigo. Não sei ao certo, mas eu soube que era certo assim que ele me tocou, e eu queria mais. Mas ele terminou e foi embora, me deixando na mão. Kyle saiu pouco depois, então não pude perguntar a ele sobre isso, mas acho que já sei o que está acontecendo. Ele tem medo de Julian. Tenho a impressão de que Julian é importante para ele, que o ajudou a construir sua carreira. Kevin não quer arriscar machucar Julian depois de tudo que ele fez por ele. Isso significa que eu estou ainda mais fora dos limites para Kevin. Exceto que, mesmo assim, ele ainda me beijou. O que só prova o quanto ele me quer. E eu não entendo. Nem um pouco. Ele está tão fora do meu alcance que chega a ser irônico, e ainda assim ele age como se eu fosse a única que vale a pena perseguir. Kevin é lindo, inteligente, doce, talentoso e engraçado. E, ainda assim, ele quer a velha e chata eu. Não faz sentido. Até Kyle estava flertando comigo, o que me deixa ainda mais confusa. Kyle também é bonito e rico, embora tenha um jeito mais humilde e seja todo musculoso. Ele é um cara prático, do tipo que coloca a mão na massa, apesar de ser dono da construtora agora. E eu respeito isso. Ele é rude e bruto, enquanto Kevin é um artista. E os outros? Bem, ainda não os conheço muito bem. Tive uma conversa rápida com Chris durante a festa e acho que Dennis flertou um pouco comigo, mas fora isso, não tive muito contato. Para ser justa, m*l estive aqui, e Julian parece estar mantendo todos ocupados com seus joguinhos e tarefas. Mas, mesmo assim, quero conhecer todos os cinco, inclusive meu irmão. As coisas são complicadas, no entanto. E eu não sei exatamente o motivo. Parece que deveria ser simples, mas há uma tensão no ar, algo avassalador. Meu telefone começa a tocar, e eu olho para a tela. Sorrio para mim mesma. É uma chamada de FaceTime da minha mãe. — Oi? — atendo. Minha mãe e meu pai aparecem na tela. — Querida? — meu pai diz. — Você consegue nos ver? — Sim, estou vendo vocês dois. Como estão? — Oi da Itália! — minha mãe praticamente grita. — Vocês não precisam falar tão alto — digo, rindo. — Ela disse para não gritar — meu pai repete. — Querida, você deveria ver isso aqui. Tudo é tão europeu. — Aposto que sim — respondo. — Como estão? — Estamos ótimos, querida — minha mãe diz. — Seu pai anda bebendo muito vinho. — Não estou, não — meu pai rebate. — Ela só está com ciúmes. — Ciúmes? De quanto você ama o vinho? — minha mãe revira os olhos. — De qualquer forma, querida, como está o Julian? — Ele está bem — digo. — Ele tem alguns amigos aqui. — Oh, querida, eu sei — minha mãe responde. — Ele me contou. A tela de repente é preenchida pelo rosto dela quando ela se aproxima demais. — Você está lá fora, perto da água? — Na piscina — digo. — Por que não no oceano? Você está usando protetor solar? Onde está Julian? — Julian está lá dentro — respondo. — E eu estou usando protetor solar. — Ok, bom. Você está confortável? Ele está sendo legal? — Ele está ótimo, mãe — digo, rindo. — Querida, temos que ir — meu pai interrompe. — Hora do macarrão! Rio enquanto o telefone fica uma bagunça do lado deles. O rosto do meu pai aparece bem perto da câmera. — Tchau, querida. Vou comer macarrão e beber vinho, e sua mãe não pode fazer nada sobre isso — ele sussurra. — Eu ouvi isso! — minha mãe grita ao fundo, rindo. A chamada encerra, e eu sorrio para mim mesma. Fico feliz que eles estejam se divertindo. — Eles parecem legais. Olho para cima, surpresa, e vejo Matt sorrindo para mim, com as mãos erguidas. — Desculpa, não quis te assustar. — Não, eu só não ouvi você se aproximando. — Foi porque seus pais estavam gritando — ele diz, sentando-se na espreguiçadeira ao lado da minha. — Tenho uma teoria sobre isso... — E qual é? — pergunto a ele. Ele está usando uma camisa branca larga de botões e um par de shorts de banho curtos. Inclina os óculos escuros para baixo para me olhar. — Bem, os velhos fundamentalmente desconfiam da tecnologia, certo? Além disso, eles estão ficando surdos. — Verdade — digo. — Em ambos os aspectos. — Então, acho que eles acreditam que os telefones ouvem tão m*l quanto eles. Não conseguem imaginar um mundo onde algo escute melhor do que eles. Então, gritam o tempo todo. Eu rio um pouco. — Parece com meus pais, total. — Imaginei — ele diz. — Eu deveria escrever um artigo sobre isso. — Você é escritor? Ele balança a cabeça. — Físico. Eu levanto uma sobrancelha. — Sério? — Ensino na Caltech. — Uau — digo. — Isso é bem interessante. — É um bom trabalho. Passo o dia falando de física e pegando sol. Percebo que ele está perfeitamente bronzeado, o que faz sentido, já que é da Califórnia. Mas ele não parece um professor universitário de física. Eu imaginaria mais protetores de bolso e bem menos músculos. — Está vendo aquilo ali? — ele pergunta, apontando para a piscina. — Claro — respondo. Ele gesticula em direção à escada que desaparece sob a água. — Vê como ela parece cortada? Aceno. — Sempre me perguntei sobre isso. — É a luz se curvando na água, o que sempre achei fascinante. Quer dizer, a luz é tão fluida, é tanto uma onda quanto uma partícula. E a forma como ela interage com a água poderia me fazer falar disso o dia todo. — Você trabalha muito com luz? — pergunto, sem saber o que mais dizer. Percebo que não entendo nada de física. — Não — ele diz. — Meu foco são buracos negros. — Buracos negros? — sorrio para ele. — Isso é incrível. Ele dá de ombros. — Estou em uma equipe de pesquisa que tenta encontrá-los. Grandes e assustadores sugadores, mas muito difíceis de detectar. Eles não emitem luz nenhuma, nada, e absorvem toda a luz ao redor. — Como vocês os encontram? — Chamamos de lente gravitacional — ele explica. — Basicamente, a luz que passa ao redor do buraco n***o se curva um pouco, e nós procuramos por isso. — Loucura — digo. — Chato — ele rebate. — Grande parte do tempo é só olhar para o céu, esperando ver algo estranho. — Não fazemos isso o tempo todo? — provoco. Ele sorri para mim. — Bom ponto. Quando eu era criança, era obcecado pelas estrelas. — Eu costumava ler muitos romances de ficção científica quando era mais jovem — admito. — Queria ir para o espaço. — Eu também! — Ele ri e coloca as mãos atrás da cabeça. — Mas meus pais queriam que eu fizesse algo mais prático. Então, aqui estou eu, com trinta anos e ensinando física. — Parece prático para mim. Ele sorri e balança a cabeça. — Não é. Mas eu amo. — Estou com inveja. Espero encontrar algo que eu ame quando finalmente me formar. — Você vai. Tenho um pressentimento sobre você. — Ah, é? Um bom? — Um muito bom — ele diz, olhando para mim novamente. De repente, fico muito ciente de estar usando apenas um biquíni branco e óculos de sol. Ele se senta e tira a camisa. Meus olhos percorrem os músculos do seu corpo e, quando ele se inclina para trás, me pega olhando. Mas ele só sorri. Claramente, não se importa. — O que está achando deste lugar até agora? — ele pergunta, gesticulando para a piscina e a casa. — É loucura — admito. — Eu não sabia que Julian tinha tudo isso. — Você deveria ver a casa dele em Nova York. Cobertura incrível. Kevin decorou para ele, então você sabe que é impecável. — Vocês são todos próximos? — pergunto. — Quero dizer, você é claramente próximo de Julian, mas e dos outros? Ele assente. — Julian é a cola que nos mantém unidos, mas, a essa altura, já seríamos amigos sem ele. No fundo, somos muito parecidos. — Sério? Vocês me parecem bem diferentes. Ele observa a piscina. — Talvez na superfície, mas, no fundo, temos os mesmos valores. É por isso que somos tão próximos. Não nos reunimos assim com tanta frequência quanto gostaríamos, já que moramos em lugares diferentes, mas estamos sempre em contato. — Jogando futebol? — provoco. Ele ri. — Entre outras coisas, sim. — Não me diga que vocês têm um grupo de mensagens. Ele inclina a cabeça e sorri. — Claro que temos. Como um bando de adolescentes. E mandamos GIFs. Eu gemo. — Achei que vocês fossem adultos. — Você nunca está velho demais para um GIF perfeitamente usado. Eu gemo de novo, rindo, enquanto ele se senta e se espreguiça. Observo os músculos das costas dele e, de repente, sinto a mesma coisa que senti com Kyle e Kevin. Só que, dessa vez, vem acompanhada de um leve pavor. Não posso estar sentindo isso por três caras ao mesmo tempo. De jeito nenhum. Mas Matt está definitivamente flertando comigo. E ele é definitivamente bonito. E definitivamente interessante… — A festa vai começar logo — ele diz, e percebo que estou encarando. Desvio o olhar rapidamente. — Outra festa? — pergunto. — Acostume-se com isso — ele diz. — Julian não brinca em serviço. Mas acho que essa será menos luxuosa. — Não vou conseguir relaxar muito aqui, vou? Ele tira os óculos escuros e balança a cabeça. — Absolutamente não. Mas você está mesmo chateada com isso? — Acho que não. Ele sorri e se levanta. — Melhor eu entrar. Foi legal conversar com você, Hyle. Me encontre hoje à noite. Posso te contar mais sobre buracos negros. Aceno. — Ok, sim. Ele se vira e entra na casa. Observo-o ir, meu estômago dando voltas estranhas. Isso está ficando perigoso. Já beijei um dos amigos bonitos de Julian. Agora, mais dois estão flertando comigo. Se eu não tomar cuidado, vou acabar beijando mais de um cara lindo. E isso seria um grande problema.
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