A madrugada chegou com o tipo de silêncio que faz a pele arrepiar. Eu já tinha acordado duas vezes só com o barulho de motos passando na rua abaixo. Cada farol que cortava a janela fazia meu coração bater descompassado, como se meu corpo soubesse antes da mente que ele viria.
E ele veio.
As batidas na porta foram secas e impacientes. Uma, duas, três.
Meu corpo congelou no sofá. Estava deitada ali, vestindo apenas uma camiseta velha, as pernas descobertas por causa do calor abafado.
Levantei-me devagar, os pés descalços tocando o chão gelado, o estômago revirado numa mistura de medo e adrenalina. Fui até a porta e, antes de encostar na maçaneta, parei com a testa colada na madeira.
"Finge que não está... Fica quieta... Ele vai embora..."
Mas a quarta batida veio mais forte. Mais autoritária. Mais dele.
Abri a porta só o suficiente para colocar meu corpo entre a fresta e a parede.
— Vai embora, Dante — sussurrei, a voz falha de tanto segurar o pânico.
Ele estava ali, de novo. Sem capacete, o rosto suado, o olhar escuro e carregado daquela fúria silenciosa que eu já sabia no que dava.
— Abre essa p***a de porta — falou baixo, a voz grave, o tom de ameaça entre cada palavra.
— Não... — minha mão segurava a porta com força — estou com a Clara... Não dá.
Ele riu. Um riso curto, sem humor.
— Não perguntei.
Antes que eu tivesse tempo de reagir, ele empurrou a porta com força. O impacto me fez tropeçar para trás. Ele entrou e fechou a porta atrás de si com um estalo.
— Que parte do "não se esconde de mim" você ainda não entendeu? — perguntou, caminhando até mim com passos firmes, como se a casa fosse dele.
— Você não pode ficar entrando assim... — tentei dizer, a voz tremendo, as mãos levantadas como se isso pudesse impedir algo.
Ele chegou perto demais. Seu cheiro invadiu tudo. O calor de seu corpo me cercou, me sufocou.
Suas mãos foram direto à minha cintura, me empurrando de costas contra a parede da sala. O choque da parede fria nas minhas costas foi menor que o choque de sua boca vindo contra a minha.
Foi um beijo brutal. Sua boca esmagou a minha. Seus dentes puxaram meu lábio com força. Sua língua invadiu, sem pedir, sem permitir escolha.
Tentei empurrá-lo. Juro que tentei. Minhas mãos bateram em seu peito, empurraram, mas era como tentar mover um prédio.
Ele segurou meus pulsos com facilidade irritante, prendendo-os acima da minha cabeça.
— Para, por favor... — foi o que saiu da minha boca, mas minha voz já não tinha firmeza.
Seu corpo colou no meu, duro, quente, e contra minha barriga eu senti o que ele queria. O quanto ele me queria.
Ele soltou meus pulsos só para rasgar a camiseta velha que eu usava. O som do tecido arrebentando ecoou alto no silêncio. Meus s***s ficaram expostos, os m*****s duros, a pele arrepiada de medo, de raiva e, pior, de desejo.
Sua boca desceu pelo meu pescoço, os dentes marcando, chupando, deixando vergões que eu sabia que durariam dias. Suas mãos desceram pelas minhas coxas, me levantando com facilidade absurda, me encaixando em seu quadril como se meu corpo fosse feito para caber ali.
— Você está me deixando louco — rosnou contra minha pele.
— Por favor... — tentei novamente, a voz embargada, mas seu quadril já se encaixava entre minhas pernas, fazendo-me sentir o quanto ele estava duro, pulsando.
Ele me girou no meio da sala, me levando até o sofá. Me jogou de barriga para cima e veio por cima, abrindo o zíper da calça com pressa. Nem tirei a calcinha. Ele a puxou de lado, do jeito mais bruto possível, só para me ter.
Quando me penetrou, foi como uma invasão. Forte, rápida, quente. Meu corpo respondeu antes da cabeça. Minhas pernas tremeram, se abriram mais, mesmo que meu cérebro gritasse para eu fechá-las.
Ele me tomou com força, com raiva, com um desespero possessivo que me deixou sem ar. Cada estocada era funda demais, dura demais, dolorida e, ao mesmo tempo, boa demais.
Odiava cada segundo de prazer que meu corpo sentia. Odiava a maneira como minhas mãos agarravam seus ombros, como meu quadril subia para buscar mais, mesmo que minha cabeça gritasse para eu empurrá-lo, chutar, morder, fazer qualquer coisa.
Mas eu não fazia. Apenas sentia.
E ele continuou me tomando como se aquilo fosse uma guerra. Como se eu fosse dele por direito.
Quando ele gozou dentro de mim, veio com um grunhido grave e rouco, seu corpo inteiro tremendo sobre o meu.
Ficamos ali, os dois suados, ofegantes, com a respiração misturada. Ele ainda com a testa encostada no meu ombro, as mãos segurando minha cintura com tanta força que deixariam marcas.
Quando finalmente se levantou, ficou de pé, me olhando de cima. Seu olhar estava carregado de tudo: desejo, raiva, confusão e um fundo de culpa que ele nem sabia esconder.
— Não tente me evitar de novo — disse, a voz mais baixa e grave — porque você já sabe que eu venho buscar.