Capítulo 1
-Vamos perder o controle do navio! -alerta o capitão com um olhar desesperado no rosto
-Precisamos entrar em contato com alguém! -afirma o auxiliar
-Não! Vamos esperar até avistarmos um dos faróis de nossa costa! -diz outro auxiliar enquanto remexia as mãos nervosamente em gestos exagerados
-Vamos usar a bússola! A região norte fica sob o nosso domínio, certo? -diz um tripulante como se tivesse uma brilhante ideia
-CHEGA! Todos vocês vão à poupa do navio e escapem usando os botes salva-vidas! Esta embarcação vai afundar daqui a alguns minutos! -alerto
-Mas-
-SEM “MAS”! ISSO FOI UMA ORDEM! -esbravejo
-Sim comandante! -afirmam batendo continência e correndo para fora da cabine de controle
Os trovões faziam barulhos ensurdecedores, os raios cortavam o céu de maneira agressiva. A noite era nublada e tempestuosa.
Saio da cabine até a poupa do barco e não demora muito até que minhas roupas fiquem enxarcadas pelas gotas grossas de água que caíam pela tempestade. Ondas gigantes e assustadoras eram formadas e batiam contra o casco do navio. Os homens corriam desesperadamente para seus botes e via os soldados desesperados para salvarem suas vidas miseráveis.
-DEEM PRIORIDADE Á EQUIPE MÉDICA! -grito para todos me ouvirem
-SIM COMANDANTE! -dizem em uníssono
Homens e mulheres com roupas camufladas e um típico broche no peito, composto por um bastão envolto a uma serpente, correm de forma organizada para um dos botes salva vidas.
-Carina! -chamo a responsável pelo seu esquadrão-salve sua equipe. Quando nos reencontrarmos não quero baixas entendido? -indago esticando minha mão
-Sim comandante! -responde antes de apertar minha mão e entrar no bote junto com sua equipe
O mesmo é lançado ao mar e desaparece em meio ás águas agitadas
-ATIRADORES! -grito
Uma equipe de homens com enormes armas nas costas chega de forma organizada e com expressões duras. Seus passos faziam barulhos altos e marcantes devido ao peso de seus armamentos e sincronia ao andar
-Paul, não quero baixas. Não me decepcione-digo estendendo a mão, enquanto cumprimentava o capitão do esquadrão
-Sim comandante! -responde apertando minha mão e batendo continência antes de adentrar o bote com seus homens que mais uma vez é lançado ao mar e desaparece em meio às enormes ondas
-ESQUADRÃO DA LINHA DE FRENTE! -berro mais uma vez
Homens e mulheres com roupas camufladas e com diversos tipos de armamentos, como facas, adagas, espadas e armas de curta distância, chegam de forma organizada
-John, tenho certeza que não preciso dizer que não quero baixas-digo mais uma vez estendendo minha mão e cumprimentando o capitão
-Sim comandante! -afirma aceitando o cumprimento e adentrando o bote com seu grupo logo em seguida
-ESQUADRÃO DE FORÇAS ESPECIAIS
Os soldados chegam de forma organizada e batem continência como sempre-Não quero baixas Megan! -digo estendendo a mão para a capitã do esquadrão
-Sim comandante! -responde apertando a mesma e indo em direção ao bote junto com seu esquadrão
Soltamos o bote que cai no mar e desaparece em meio às águas tortuosas
-E agora comandante? -indaga um dos quatro tripulantes que restaram
-Vocês precisam tomar uma decisão. Como sabem, estamos no meio de uma guerra. Vocês podem pegar um dos barcos e tentar sobreviver, mesmo sabendo que se sobreviverem há uma chance de caírem em território inimigo, ou, ficar neste barco que com certeza irá afundar. O que vai ser senhores? -Indago
-Não podemos abandonar o navio! -um deles responde
-E não vou abandonar meus homens. Eu disse a eles que não queria baixas em nenhum dos meus esquadrões. Se eu morrer, isso conta como uma baixa, portanto, eu sairei deste navio com vida! E vocês senhores?!
-Ficaremos vivos comandante! -respondem batendo continência
Entramos no último bote, cortamos as cordas e fomos lançados ao mar.
Esses tripulantes não eram meus homens, muito menos do meu exército, mas eu não tinha escolha, afinal, eles estavam do nosso lado na guerra imperial e eu não podia permitir que morressem tão fácil assim.
As ondas batiam insistentemente contra o bote enquanto os homens lutavam para se manterem agarrados ao mesmo e não acabarem em alto mar. O frio era intenso e suas expressões de medo eram evidentes.
Os que não tremiam, reclamavam de fome ou ficavam dizendo a frase típica: "Acabou! Vamos morrer!" de cinco em cinco minutos.
Francamente! Por que diabos tinha de estar aqui com quatros tripulantes que não eram meus homens e que ficam reclamando, tremendo ou sendo pessimistas?
Se eu tiver de morrer, que seja em paz! E não com um bando de medrosos!
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-Comandante, acorde! -escuto a voz de um dos infelizes em minha cabeça
Abro os olhos e vejo os quatro tripulantes me encarando. Me levanto rapidamente do chão do pequeno bote e noto o porquê: uma ilha.
Olho em volta e noto a presença de várias ilhas envolta de uma principal: um arquipélago
-Remem-foi apenas o que consegui dizer
-Mas não temos remos...-um deles murmura
-Remem-digo com voz fria e olhar sério
Eles se agacham e, com o auxílio das mãos, remam em direção a ilha mais próxima
O problema é que os incompetentes nem para remar serviam já que o bote não saía do lugar somente com os movimentos feitos por eles
-Não adianta! Nossas mãos não são remos! Elas não criam o mesmo movimento!
-Me deem seus sapatos-ordeno
Com o cenho franzido e uma expressão de dúvida no rosto eles o fazem.
Desembainho uma de minhas espadas e, com auxílio dela, tiro a parte de cima dos calçados, deixando assim somente a parte de baixo que tinha uma leve curvatura.
-Remem-digo devolvendo o resto do objeto aos mesmos
Agora com o auxílio dos sapatos, ou o que restou deles, os homens remavam com mais rapidez e ânimo.
Olho em volta e tento adquirir o máximo de informações possíveis. Meu instinto estava apitando e eu não entendia o porquê. Olhava em volta e tudo que eu via, eram várias ilhas, palmeiras, água cristalina e vários peixes no mar. O céu estava limpo e claro. Tudo parecia perfeito, mas ainda sim tinha algo que me incomodava muito.
O bote chega à praia e os tripulantes descem desesperados e agradecidos pelo contato com a terra.
Olho em volta notando que a ilha era coberta por uma enorme floresta de árvores altas e mata fechada. Meus olhos se fixam em um amontoado de madeira, que mais se assemelhavam à lenha. Imediatamente, apoio minha mão na espada e me coloco em posição de defesa
-Comandante, o que voc-
-Quieto! -respondo em um sussurro interrompendo sua fala- não estamos sozinhos. Se tem lenha significa que tem alguém aqui
Barulhos são ouvidos na floresta que se encontrava logo à nossa frente. Os passos se tornam pesados e vozes graves são ouvidas. O barulho de uma espada cortando o mato para abrir o caminho era audível e os fracotes atrás de mim voltaram com uma mesma coisa de tremer e falar a frase típica da morte.
Se eu não estivesse querendo m***r quem estava à nossa frente, eu juro que matava os homens atrás de mim.
Meu nível de adrenalina sobe, meus instintos agem por si só, minha cabeça entra em modo automático e rapidamente noto que se tratava de quatro inimigos. Pelas vozes e intensidade dos passos, são no mínimo dois homens, sendo que um tem uma espada. As outras duas são mulheres e imagino que pelo menos uma esteja completamente desarmada.
Um dos homens atrás de mim tenta fugir do possível perigo, mas assim que se move, eu acordo de meu trans e o transfiro um soco, o fazendo perder a consciência. Francamente! Que i****a! Ele não estava vendo que eu estou tentando controlar uma situação?! Se um deles se perder aqui, nada de bom vai acontecer!
A sorte é que eu estou com paciência!
Os passos param. Imagino que graças a esse projeto de homem, os inimigos notaram nossa presença. Olho para trás e lanço um olhar mortal aos tripulantes, como quem diz: "se vocês se mexerem eu mato cada um de vocês" fazendo-os engolirem um seco e assentir com a cabeça.
Ouço um barulho familiar e uma discreta mudança no vento fazendo com que eu rapidamente me virasse e colasse a mão sobre minha testa. Como imaginado, uma adaga a finca e segundos depois os homens saem da lá em posição de ataque.
-Ccc-comandante!? -indaga Carina assim que me vê
-Bom arremesso John-digo retirando adaga cravada assim que noto que não eram inimigos, e sim, John, Paul, Carina e Megan
-Eu ...- tenta se explicar
-Acabei de te elogiar soldado! -afirmo devolvendo-lhe adaga que estava suja de sangue - faz um tempo que eu não sangro ...
-Faz um tempo desde que o arremesso de John não mata alguém- Megan diz surpresa
-Se não for inconveniente a pergunta... como notou? Como previu um arremesso impecável como esse? -indaga Paul
-O ar mudou e o barulho do objeto sendo arremessado me fez virar-explico
-Virar? -indaga John, confuso
-Sua adaga só me acertou porque tive de nocautear aquele homem ali-digo apontando para o tripulante caído no chão- eu estava de costas na hora que você arremessou. Se estivesse de frente, teria segurado-afirmo dando de ombros enquanto passo por eles e me agacho em frente à lenha
-Análise do território? -indago olhando os pedaços de madeira
-Ah ... é...- diz Carina como se acordasse de um transe pela minha resposta anterior- mata fechada e densa. Chegamos ontem e conseguimos pescar
-Nenhum sinal de habitantes-completa Paul
-Pescaram? -indago largando a lenha e os encarando
-Sim -responde Megan
-Não há gaivotas aqui -digo- as árvores têm líquen?
-Líquen? -pergunta Paul confuso
-As árvores têm líquen ou não?! -indago brava
-Não, comandante -responde John
-m***a! -esbravejo andando de um lado para o outro- vocês se depararam com algum animal terrestre?
-Não-respondem em uníssono franzindo o cenho
-Temos que ir embora daqui! Agora! -apresso-me em dizer
Mas já era tarde demais. A essa altura homens armados saíram da densa floresta e um navio enorme surgiu no oceano.
-Rendam-se ou morram-diz um dos homens
Com semblante assustado e carregado de ódio, nos rendemos jogando nossas armas no chão e levantando nossas mãos.
Aquela para mim era a pior humilhação que um comandante poderia se submeter: se render. E ainda por cima na frente de meus homens
Mas eu não vou desistir. Não aqui e nem agora. Sou comandante de guerra e sei muito bem quando desistir. Essa não é uma das ocasiões