Capítulo 1
Tudo na vida se tem uma escolha e cada uma delas há uma consequência, e essa é a minha.
Olho para o passado e vejo tudo o que fiz para estar aqui, agora com meus 28 anos, olhando o inverno lá fora com a minha maior preciosidade dormindo em meus braços com seus 4 anos, ele estava cada vez mais parecido com seu outro pai, seus cabelos estavam em um castanho-claro seus olhos em uma imensidão azul, tão lindo e inocente, caminhei em direção ao seu quarto colocando-o em sua cama, o dia estava frio excelente para tirar uma soneca, deixei apenas a luz do abajur ligada ao seu lado, ativei a babá eletrônica e sai deixando sua porta entre aberta, segui novamente para a sala olhar mais um pouco a paisagem, após sair da capital resolvi morar em uma casa de campo alguns minutos de um vilarejo, aqui era um lugar calmo para se viver todos os moradores eram gentis, ninguém se importava com a vida dos outros.
Chamo-me Eduardo, tenho cabelos escuros, olhos castanhos, cuidar de uma criança de 4 anos sozinho se tem seus benefícios melhor que academia, sou arquiteto fico boa parte do tempo em casa, faço projetos através de e-mails, mas algumas vezes me encontro com clientes para detalhar alguns projetos ou até mesmo alterações que acontecem, em breve terei de ir à capital me encontrar com uma nova cliente que faz questão de nos encontrarmos para tratar de um novo projeto, desde que vim para a Serra tenho evitado ir frequentemente para lá, mas às vezes ocorre algumas alterações e preciso ir ao encontro deles, estava sentado olhando para fora quando meu celular começou a tocar em meu bolso pegando sem olhar para a tela apenas atendi.
— Senhor Eduardo? — perguntou a mulher do outro lado da linha.
— Sim, ele, quem gostaria? — perguntei não reconhecendo a voz.
— Sou Ellie, é sobre o projeto dá reforma do meu apartamento — respondeu ela.
— Há algo errado com o projeto? — questionei tentando lembrar se havia esquecido, algum detalhe que ela havia me solicitado.
— Sim, ou melhor, não é que se possível gostaria de me encontrar com você está semana, meu noivo gostaria de fazer algumas alterações no projeto e gostaria falar pessoalmente com você — disse ela tímida ao telefone.
— Tudo bem, em dois dias estarei aí para tratarmos desse assunto — respondi, olhando pelas janelas as árvores balançado por conta do vento.
— Ok, aguardo seu retorno — respondeu à mulher do outro lado, finalizando a ligação.
DOIS DIAS DEPOIS:
Aqui estou eu sentado esperando a cliente em um restaurante, eu havia chegado à noite anterior, preferi ficar em um hotel que na casa dos meus pais, mas deixei Guto para que os avós tenham esse tempo com ele, enquanto resolvo problemas do trabalho, minha cliente está atrasada uns 15 minutos quando estava pegando o celular pronto para discar seu número, uma moça loira com olhos verdes, corpo magro um sorriso bonito, mas que não alcançava em seus olhos, sentou-se à minha frente.
— Desculpe o atraso, o trânsito está um caos hoje — disse ela assim que se sentou na cadeira a minha frente do outro lado da mesa.
— Tudo bem, confesso que faz tempo que não dirijo no movimento da cidade grande, mas pelo que pude notar está movimentado nesse horário — respondi enquanto levava o copo de suco que havia pedidos minutos antes aos meus lábios degustando o sabor de morango.
— Sim, — respondeu ela olhando para suas mãos, parecia estar nervosa.
— Então, qual foi o motivo esse encontro? Qual seria a alteração a ser feita no projeto? — questionei sendo direto.
— Irei me casar e gostaria de fazer algumas reformas na casa onde irei morar, uma amiga me indicou você, disse que faz milagres e ao ver seu projeto, ficamos encantadas com os detalhes — falou ela animada.
— Desculpe, mas quem me indicou? — perguntei curioso.
— Foi a — antes que pudesse completar sua frase ela foi interrompida por outra voz.
— Eu — aquela voz, eu conhecia, olhei por cima do ombro da garota a minha frente e ali estava Lívia com seu olhar fixo em mim, ela havia crescido, seus cabelos castanhos claros até os ombros em contraste com seus olhos azuis.
— Olá Eduardo — dando ênfase em meu nome, sentou-se ao lado da mulher a minha frente dando um selinho na mesma — Desculpe o atraso amor estava em reunião.
— Espera você que irá se casar? — perguntei surpreso olhando para às duas.
— Sim, desculpa é que — Lívia interrompeu novamente sua noiva pegando em sua mão que estava em cima da mesa.
— Eu pedi para ela não dizer nada, achei que se soubesse não viria — falou ela me encarando, arqueando uma sobrancelha.
— Confesso que se soubesse não viria mesmo — a mulher me olhou surpresa — Não tire conclusões precipitadas, não tenho preconceito nem posso ter — falei olhando para Lívia.
— Como está Guto? Estou ansiosa para conhecê-lo — sorria ela com seus olhos brilhando, eu fiquei surpreso.
— Como? — perguntei assustado com sua pergunta.
— Demorou, mas encontrei você, e de prêmio descubro um sobrinho — falou ela animada.
— Ele não é nada seu — encarei a — Nem de ninguém da sua família, ele é meu filho e de mais ninguém — falei levantando-se da mesa — Procurem outro arquiteto, estou fora desse projeto — comecei a caminhar em direção a saída do restaurante.
— Vamos ver o que Diego vai dizer quando souber — gritou ela, eu parei no lugar ao escutar o nome dele, virei para ela com um sorriso cínico.
— Não irá dizer nada, o filho não é dele — respondi deixando-a surpresa, virei saindo do restaurante.
Eu estava nervoso demais o passado estava querendo voltar para me atormentar, mas não posso deixar isso acontecer.
DO OUTRO LADO DA CIDADE:
NARRADO POR DIEGO:
Há quatro anos, a quatro míseros anos que minha alma havia sido arrancada, meu coração havia parado de bater, nesse dia passei a ver o mundo preto e branco, sem vida e tudo por culpa de quem? Dos meus próprios familiares, ou melhor, minha mãe que junto do filho de uma amiga que tive o prazer de socar a cara dele até vê-lo desacordado com sangue pela sua face.
Me chamo Diego Sturcchi tenho 29 anos sou loiro, olhos verdes, músculos bem distribuídos graças a academia dos últimos anos, estava olhando alguns contratos, até ouvir o telefone em minha mesa tocar e minha secretária avisar que minha mãe queria falar comigo.
— O que você quer? — perguntei sem olhar para ela continuar a prestar atenção nos papéis em cima de minha mesa, não era surpresa para ninguém que estou sempre sem paciência para ela.
— Meu filho, por que me trata assim? — Ela me olhou triste.
— Estou sem tempo para seus dramas, então fala logo poupa meu tempo — respondi rude, ela suspirou derrotada.
— Quantas vezes terei de dizer que me arrependo e pedir perdão a você? — ela me olhou com seus olhos marejados, suspirei cansado.
— Saiba que nada do que disser agora irá mudar, você — levantei de minha cadeira apoiando minhas mãos em minha mesa inclinando-me em sua direção — Me destruiu — olhei dentro de seus olhos — E destruiu o amor que sentia por você no momento que deu aquela droga ao seu afilhado para me levar para a cama, lembra mamãe? — as lágrimas se faziam presente ao lembrar daquela noite — Que você drogou seu próprio filho para o amor da vida dele pega-lo na cama com outro? — bati com a mão em cima da minha mesa olhando para ela frio — Lembra que eu havia pedido sua ajuda um dia antes para pedi-lo em casamento? — falei com raiva.
— Por que você gosta de me torturar tanto? Eu já disse o quanto estou arrependida, você não enxerga isso? Não pode me perdoar? — disse ela chorando.
— Não acha tarde demais para um perdão? — olhei em sua face sorrindo sem humor — Você arrancou de mim a única pessoa que eu amei — falei batendo novamente a mão em minha mesa — E olha só mamãe — falei dando ênfase na última palavra — Ainda o amo e como não sei onde ele está, eu estou morrendo, você me matou — uma lágrima solitária escapou pelo meu rosto — Agora se me der licença — sentei novamente em minha cadeira voltando a mexer nos documentos a minha frente — Tenho assuntos a resolver e uma reunião daqui a pouco.
— Meu filho — chamou ela, mas não a olhei continuei fingir prestar atenção nos papéis — Se eu te dissesse onde Eduardo está você me perdoaria? — perguntou ela me olhando, aquela pergunta me pegou de surpresa, fazendo eu parar de olhar os papeis e prestar atenção em sua face.
— Quem sabe mamãe, quem sabe