Capítulo 17: Visita inesperada

1171 Words
JACE Mano, que merda foi aquela? Fiquei duro na frente dela, bem na cara dela. Eu tava querendo levar essa parada com calma, conquistar a mina no jeito certo, mas quase me entreguei ali, no meio do quarto, com um secador na mão e ela toda cheirosa na minha frente. Foco, Jace. Para de ser safado, cara. Repeti isso na minha mente, como se fosse adiantar alguma coisa. Meu corpo já tinha reagido antes mesmo de eu perceber. Entrei no carro e soltei um suspiro pesado, tentando limpar os pensamentos. O motorista me levou até um prédio com heliponto, onde o helicóptero já me esperava pra me levar ao aeroporto. O jatinho tava pronto, só me aguardando pra decolar pro outro estado. Três shows me esperavam naquela noite, mas, pela primeira vez, minha cabeça tava em outro lugar. E esse lugar tinha nome e sobrenome. Isabela Oliveira. --- Dormi a viagem inteira, tava precisando. Três shows numa noite exigem energia, e eu já tinha gastado uma boa parte tentando me controlar perto da Isabela. Assim que pousei, peguei o celular e mandei mensagem pra ela. Era só pra saber se tava tudo bem, mas do nada a gente engatou uma conversa maneira. Fui do aeroporto até o hotel no zap com ela, rindo das besteiras que ela soltava. A mina tava ficando cada vez mais especial pra mim, e era doido como isso tava acontecendo rápido. Mas assim que cheguei no hotel, tive que deixar o celular de lado. A fonoaudióloga já tava me esperando pra fazer os exercícios vocais. Cantar três horas seguidas não era brincadeira, e se eu quisesse continuar lotando show, tinha que cuidar da voz. Depois disso, me juntei com a equipe pra organizar o show. Preparativos, passagem de som, luz, tudo isso se estendeu até a noite. Só consegui pegar o celular de novo horas depois, e já mandei mensagem pra Bela. Mas assim que chegamos no local do primeiro show, percebi que não tinha sinal nenhum de celular ali. Nem pra mandar mensagem, nem pra receber. Aquilo me deixou inquieto. Não era nem só pela Isabela, era pelo geral. Eu gostava de estar no controle de tudo, e ficar incomunicável me dava um nó na cabeça. Mas vida que segue. O primeiro show da noite já ia começar, e eu tava com gás. Assim que subi no palco e vi a multidão gritando meu nome, esqueci qualquer preocupação. Era a minha hora. Que noite, irmão! Quebrei tudo naquele palco. O público tava insano, energia lá em cima, e eu me joguei de cabeça. Cantei, dancei, puxei fã pro palco… Fiz o que eu sabia fazer de melhor. Era da hora sentir aquela vibe, mas, no fundo, minha cabeça ainda tava em outra parada. Saímos voado pro próximo show, numa cidade vizinha. No caminho, peguei o celular pra mandar mensagem pra Isabela, só que… tela preta. Descarregou. — Pô, alguém tem um carregador aí? — perguntei pro pessoal no carro. — Esquece, chefe. Aqui ninguém trouxe não — Paco respondeu. Mermão, fiquei bolado. Eu queria muito trocar ideia com a Isabela, saber como ela tava, dar um salve, qualquer coisa. Mas não tinha o que fazer. O jeito era tocar mais um show e esperar até voltar pro hotel. Respirei fundo e tentei focar. Ainda tinha mais dois palcos pra incendiar naquela noite. Assim que saí do último show, meu corpo já tava pedindo arrego. Mano, eu só queria cair na minha cama e dormir até o mundo acabar. Mas nada disso, ainda tinha que pegar um voo de volta pro Rio. Entrei no jatinho e nem precisei de muito. Assim que sentei, apaguei. O cansaço bateu forte, parecia que eu tinha levado um nocaute. O corre da noite tinha sido insano, três shows na sequência, energia lá em cima, garganta pedindo socorro… Mas era isso, fazia parte do jogo. Nem vi o tempo passar, só acordei quando Paco me cutucou. — Bora, chefe. Chegamos no Rio. Abri os olhos devagar, meio desnorteado, e olhei pela janela. Ainda tava escuro, devia ser quase amanhecer. O corpo tava pesado, mas na moral? Só queria chegar logo em casa… ou melhor, no meu apê, onde Isabela tava. Assim que saímos do jatinho, um carro já tava na pista esperando a gente. Entramos e seguimos direto pro meu apê. O cansaço pesava, mas a cabeça só pensava em chegar logo. Assim que entramos no prédio, Paco foi direto pro quarto de hóspedes. Eu, antes de ir pro meu, fui dar uma olhada na Isabela. Abri a porta devagar, e lá estava ela, dormindo tranquilona, abraçada ao travesseiro. O peito até desacelerou na hora, só de ver que tava tudo certo. Fechei a porta sem fazer barulho e segui pro meu quarto. Nem pensei muito, já fui arrancando a roupa e entrando direto pro banho. A água morna bateu no corpo e tirou o peso da noite, mas eu nem quis demorar. Saí rapidão, me sequei, botei só uma cueca e joguei o celular pra carregar. Liguei o ar condicionado no gelado e me joguei na cama. O colchão macio engoliu meu corpo, e antes mesmo de conseguir pensar em qualquer coisa… já era. Apaguei. Acordei sentindo um cafuné gostoso, os dedos deslizando devagar pelo meu cabelo ainda úmido. Demorei um segundo pra entender que não era sonho. Abri os olhos devagar e dei de cara com minha mãe, sentada na beira da cama, me olhando com aquele olhar cheio de ternura. — Mãe? — Minha voz saiu meio rouca de sono. — O que você tá fazendo aqui? Ela continuou alisando meu cabelo, um sorriso pequeno no rosto. — Vim ver como você tá, meu filho. Você não me liga há dias. E eu fiquei sabendo pelos noticiários que cancelou sua agenda. Dei um suspiro. Sabia que isso ia chegar até ela. — Pensei que estivesse m*l… como daquela vez. Minha mãe não falava a palavra "depressão", mas eu sabia que era disso que ela tava falando. Uma vez eu precisei cancelar tudo porque não conseguia levantar da cama, não queria cantar, não queria nada. Só queria sumir. Comigo era assim, só algo sério me fazia largar o palco. — Não, mãe. Eu tô bem. É outra coisa… Falei meio hesitante, sem saber bem como explicar. Mas ela já sabia. Pelo menos uma parte. — Eu vi. — Ela sorriu de leve. — Um lindo motivo, por sinal. Pisquei, sem entender. — Fico feliz que você tenha sossegado um pouco. Nunca gostei de te ver com tantas mulheres ao mesmo tempo, isso não é saudável. Ah… então ela conheceu Isabela. Minha mãe sempre odiou essa minha vida de farra. Achava um absurdo eu me envolver com uma mulher diferente a cada noite. Isso porque ela nem sabia dos dias em que eram mais de uma ao mesmo tempo. Mas agora ela achava que eu tava "sossegado". Achei graça. E o melhor? Ela parecia ter gostado da Isabela. Isso era raro. E, por incrível que pareça, eu gostei dessa pré-aprovação.
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