Capítulo 41: Entregue a Ele

1020 Words
ISABELA Saí da aula me arrastando, com mil coisas na cabeça, querendo só paz, um banho e talvez... uma barra de chocolate. Tava um dia quente, sol rachando, e eu decidi cortar caminho pela orla pra pegar um ventinho e esfriar as ideias. Tava ali, de fone no ouvido, óculos escuros no rosto, andando de boa... quando senti aquela presença. Sabe quando o ar muda? O clima esquenta, parece que tudo ao redor para? Então. Era ele. Jace. Sem boné, sem disfarce, com aquele cabelo loiro meio bagunçado pelo vento, e o corpo suado como quem tinha acabado de correr. — Aí, princesa… até parece que tu tá me evitando de novo. — ele soltou, com aquele sorriso meio sacana, meio debochado, que faz meu coração bater errado. — Tô indo pra casa, Jace. Só isso. — respondi tentando manter a pose, sem parar de andar. Mas ele me acompanhou no passo, como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Tu sabe que a gente tem que conversar direito, né? Sem fugir, sem correr, sem se esconder atrás desse teu jeito marrento. — Não tô fugindo, só preciso de tempo. Não sei se quero essa vida de novo, cê é do mundo, Jace... — falei sem olhar direto pra ele, porque sei que se eu olhasse, já era. — Do mundo é o c*****o, Isabela. Eu tô querendo ser só teu, mas tu que fica com esse papo torto, me bloqueando, sumindo, depois vem me beijar como se tua boca fosse minha casa... Aí tu espera que eu aja como se nada tivesse rolado? Silêncio. Meu peito batia tão forte que eu achei que ele fosse escutar. Paramos ali mesmo, de frente pro mar. O sol começando a se esconder, dourando tudo, até os olhos dele. Eu quis dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas antes que eu soltasse, ele chegou mais perto, bem mais perto, colando nossas testas. — Se tu disser agora que não quer mais nada comigo, eu viro as costas e não te procuro mais. Mas olha nos meus olhos e fala com verdade, porque eu tô aqui, disposto a mudar tudo por tu. Só preciso saber se tu ainda sente alguma coisa, porra... Fiquei parada, com ele tão colado em mim que eu conseguia sentir a respiração quente dele batendo no meu rosto. A raiva, a confusão, a saudade… tudo misturado dentro de mim. Dei um passo pra trás, só pra conseguir olhar melhor dentro dos olhos dele. E ali, naquele instante, eu vi o Jace que eu conheci, que eu me apaixonei, que me bagunçou inteira e ainda assim me fez sentir viva como ninguém nunca fez. — Cê quer saber a real? — soltei, cruzando os braços, meio que tentando proteger o que já tava todo exposto. Ele só assentiu, com os olhos presos nos meus, esperando. — Eu ainda sinto. E não é pouco não. Quando tu me beija, eu esqueço tudo. Quando tu me olha, parece que meu mundo para. Mas eu tenho medo, Jace. Medo de me jogar de novo e tu me deixar cair sozinha. Ele chegou mais perto de novo, com calma, como quem tem medo de espantar. — Eu nunca quis te deixar cair, princesa. Só que eu era um moleque, tava perdido nessa p***a de fama, mulher em cima, show todo dia... Mas agora é diferente. Eu tô diferente. Por tu, eu quero aprender a ser homem de verdade. — Cê fala bonito... — murmurei, já sentindo a voz embargar. — Falo e provo. Mas cê tem que me deixar tentar, Bela. Me dá essa chance. Vamo tentar no nosso tempo, do nosso jeito. Sem pressão. Fiquei quieta por uns segundos, o coração sambando no peito. Então respirei fundo e soltei num fio de voz: — Tá... vamos tentar. Mas devagar, sem loucura. Sem postar story me chamando de mozão, tá ligado? Ele riu alto, me puxando pela cintura com aquele sorriso lindo que sempre me desmonta. — Fechou, sem mozão... por enquanto. E ali, na calçada, de frente pro mar, ele me beijou como se fosse a primeira vez. E talvez fosse mesmo... a primeira vez da nossa segunda chance. — Vamô lá pro meu apê, quero tanto você, Bella... — ele sussurrou no meu ouvido, com a voz rouca, densa, daquele jeito que só ele sabe fazer. Um arrepio percorreu minha espinha inteira, e um gemido baixinho escapou da minha boca sem nem pedir permissão. Maldito Jace. O homem sabe exatamente onde tocar, o que dizer, como me desmontar com meia palavra. Fiquei uns segundos em silêncio, mordendo o lábio, tentando decidir com a razão o que o corpo já tinha gritado que queria. — Não vai me olhar com essa cara, não, Jace... — falei num fio de voz. — Que cara? — ele sorriu sacana. — Essa aí, de quem já sabe que vai me levar pra cama. Ele se aproximou de novo, encostando o nariz no meu, a respiração quente me acertando em cheio. — É que eu te conheço, né, princesa... teu corpo tá me pedindo faz tempo. E eu tô aqui, pronto pra atender cada pedido dele... com gosto. Suspirei fundo, rendida, e joguei o resto de orgulho no lixo. — Se eu for contigo, tu jura que vai devagar? — Na cama ou no coração? — ele arqueou a sobrancelha com aquele sorriso safado. — Nos dois, seu i****a. — Prometo tentar. Mas se tu gemer daquele jeito de novo, eu juro que perco a linha... Dei risada, empurrei ele de leve, e a gente saiu caminhando em direção ao carro dele. O caminho até o apê foi cheio de mãos bobas, olhares maliciosos e silêncios que diziam tudo. Assim que entramos, ele me prensou na porta, e os beijos começaram de novo, urgentes, intensos, mas ainda assim com um carinho escondido por trás de cada toque. O tipo de carinho que só quem ainda ama de verdade consegue passar até com a ponta dos dedos. E ali, no apartamento dele, sem máscaras, sem fingimento, sem ninguém por perto... eu me deixei ser dele. De novo. ---
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