Capítulo 11: O que eu quero?

890 Words
ISABELA Eu não entendia a preocupação de Jace. Parecia que ele me conhecia, que sabia exatamente o que tinha acontecido entre eu e Ryan. As mensagens dele eram tão intensas, tão cheias de uma preocupação genuína que me deixou... desconfortável. Não estava acostumada a alguém se importar assim, especialmente alguém que eu m*l conhecia. Revirei os stories que postei diversas vezes, tentando entender o que ele poderia ter visto. Sim, havia um leve inchaço e uma vermelhidão no meu rosto, mas a maquiagem que usei disfarçou bem. Meus amigos nem notaram. Como ele, que estava longe, ocupado com sua vida de famoso, poderia ter percebido algo tão sutil? Aquilo ficou na minha cabeça por horas. Enquanto estava na faculdade, durante as aulas, no café com os amigos, eu não conseguia parar de pensar nas mensagens dele. "Se precisar de ajuda, tô aqui.", "Não precisa passar por isso sozinha.". Por que ele estava tão interessado? Por que ele se importava? — Isa, você tá bem? Parece distante hoje, — Mirela comentou, enquanto tomávamos um café na lanchonete. — Tô sim, só com muita coisa na cabeça, — respondi, tentando parecer normal. — É o Ryan de novo? — Jade perguntou, com um olhar de preocupação. Eu hesitei. Meus amigos sabiam que eu namorava Ryan, mas não sabiam dos problemas. Eu sempre mantive aquilo escondido, como se fingir que estava tudo bem fosse suficiente para que realmente ficasse. — Não, é só... coisas do trabalho. — menti, evitando o olhar deles. Conrado, que estava ao meu lado, deu uma leve cutucada no meu braço. — Se precisar conversar, a gente tá aqui, viu? Não precisa carregar tudo sozinha. Eu agradeci com um sorriso, mas sabia que não podia contar a eles. Não agora. Talvez nunca. *** Quando cheguei em casa, peguei o celular e vi que Jace tinha mandado mais uma mensagem. — "Isabela, sério. Se precisar de ajuda, tô aqui. Não precisa passar por isso sozinha." Eu respirei fundo, tentando me acalmar. Por que ele estava insistindo tanto? O que ele queria de mim? Decidi responder, tentando manter as coisas leves. — "Obrigada, Jace. Mas eu consigo lidar. É só um dia difícil." A resposta dele veio quase imediatamente. — "Dias difíceis são mais fáceis quando a gente não tá sozinho. Se quiser conversar, tô aqui." Aquilo me pegou desprevenida. Eu não sabia o que dizer. Parte de mim queria contar tudo, desabafar, mas outra parte tinha medo. Medo de me abrir, medo de me machucar de novo. No fim, decidi não responder. Guardei o celular e me sentei no sofá, tentando processar tudo o que estava sentindo. Mas, no fundo, sabia que aquela conversa ainda não tinha acabado. E, pela primeira vez em muito tempo, eu me peguei pensando que talvez, só talvez, eu não precisasse enfrentar tudo sozinha. Mas, por enquanto, eu continuava fingindo que estava tudo bem. Afinal, era o que eu sempre fazia. Ryan não apareceu por uma semana. Ele fazia isso sempre que sabia que tinha passado dos limites. Talvez ele pensasse que, se sumisse por um tempo, eu esqueceria o que tinha acontecido e tudo voltaria ao normal. Mas, dessa vez, a ausência dele teve um efeito diferente. Durante aquela semana sem Ryan, eu acabei me aproximando de Jace. As trocas de mensagens, que no começo eram esporádicas, se tornaram constantes. Começávamos o dia com um "Bom dia" e terminávamos com um "Boa noite, durma bem.". Era estranho, mas ao mesmo tempo reconfortante. Jace tinha uma maneira de falar que me fazia sentir vista, ouvida. Ele perguntava como tinha sido meu dia, se eu tinha comido direito, se estava descansando. Coisas simples, mas que ninguém mais parecia se importar em perguntar. — "Você já foi naquele café perto da sua faculdade? Você disse queria ir qualquer dia, acho que você ia gostar." ele mandou uma vez, durante uma conversa casual. — "Já fui, sim. Um dia depois que falei. É um dos meus preferidos," respondi, surpresa por ele se lembrar de algo que eu tinha mencionado de passagem. — "Bom gosto," ele respondeu, seguido de um emoji de sorriso. Era assim. Pequenos detalhes, pequenos gestos que, aos poucos, foram criando uma i********e entre nós. Eu não sabia se ele era assim com todo mundo, mas algo me dizia que não. Uma noite, enquanto eu estava deitada na cama, ele mandou uma mensagem que me pegou desprevenida. — "Isabela, você merece ser feliz. Não deixe ninguém te fazer pensar o contrário." Eu fiquei parada, olhando para a tela do celular, sem saber o que responder. Como ele sabia? Como ele conseguia tocar exatamente na ferida que eu tentava esconder? — "Obrigada, Jace. Isso significa muito," respondi, finalmente. — "Só tô sendo sincero. Você é especial, e eu quero que você saiba disso." Aquilo me deixou sem palavras. Eu não sabia como reagir. Parte de mim queria acreditar nele, mas outra parte tinha medo. Medo de me iludir, medo de me machucar de novo. No fim, decidi não pensar muito nisso. Guardei o celular e tentei dormir, mas a mente não parava de voltar para as palavras dele. E, enquanto o sono finalmente começava a me levar, uma única pergunta ecoava na minha mente. — O que eu realmente quero? Mas, por enquanto, eu continuava fingindo que estava tudo bem. Afinal, era o que eu sempre fazia.
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