Capítulo 34 — Noite de novidades

1439 Words
ISABELA Depois de duas semanas na correria, trabalhando em um evento gigante fora da cidade, eu tava de volta ao meu canto. Exausta, mas satisfeita. Assim que cheguei, fui direto pro banho. A água gelada ajudou a relaxar meus músculos tensos. Meu corpo pedia cama, mas minha mente lembrava que no dia seguinte tinha prova cedo na faculdade. Peguei meus cadernos e me joguei na cama. Só que o cansaço bateu mais forte. Quando acordei, já tava de manhã, com os livros espalhados pelo chão e os cadernos amassados de tanto eu virar de um lado pro outro dormindo em cima deles. Fazer o quê? A corrida na praia ia ter que esperar. Precisava focar na prova. Joguei um café forte pra dentro e comecei a revisar os tópicos grifados. Repetia os conceitos em voz baixa, rabiscava algumas anotações e tentava absorver o máximo possível. Quando vi, já era hora de sair. Joguei tudo dentro da bolsa, vesti a primeira roupa que vi pela frente e fui encarar a prova. No fim, não foi tão difícil quanto eu esperava. Sai da sala até aliviada, pronta pra almoçar e desabar na minha cama depois. No restaurante em frente, encontrei o grupinho de sempre, Tomas agarrado a Jade e a Mirela com o Diogo o Conrado acenando pra eu ir me sentar com eles. Enquanto os casais mais se pegavam do que comiam, eu e o Conrado ficamos trocando idéia. Ele sempre era cheio de histórias interessantes. Enquanto comíamos, ele me contou que o irmão dele tava abrindo uma boate nova e que a inauguração ia ser naquela noite. — E aí, bora? — ele perguntou, mexendo no canudo do suco. Eu hesitei por um segundo. Fazia tempo que eu não curtia uma noite de verdade, sem ser a trabalho. — Vamos Isa, a turma toda do jornalismo vai. — Mirela insistiu. — Tá bom, tô dentro — respondi, depois de pensar um pouco. Afinal, eu merecia uma folga. Voltei pra casa e dormi a tarde toda, recuperando as energias. Quando acordei, comecei a me arrumar. Conrado mandou mensagem avisando que passaria às 22h pra me buscar. Olhei meu reflexo no espelho e sorri. Hoje era dia de esquecer os problemas e só aproveitar. --- A buzina insistente lá fora me fez dar um último retoque no batom antes de pegar minha bolsinha minúscula, só cabia o essencial: documento, cartão, dinheiro, celular e o batom, claro. Passei a mão nos cabelos, conferi a maquiagem no espelho e saí de casa pronta pra curtir a noite. Assim que pisei na calçada, Conrado já tava do lado de fora do carro, me esperando. Ele assoviou alto e abriu um sorrisão. — Tá gata pra c*****o, Isa. Agora nem sei se te levo. Ergui uma sobrancelha, fingindo não entender. — Por que não? — Porque os caras não vão tirar os olhos de você — ele disse, pegando minha mão e me girando devagar, analisando todos os ângulos. Revirei os olhos, mas confesso que fiquei um pouco sem graça. O vestido curtíssimo que comprei na viagem de trabalho caiu como uma luva no meu corpo. Justo, valorizando as curvas. A maquiagem tava impecável e o cabelo solto dava um ar despreocupado, mas ao mesmo tempo poderoso. Conrado abriu a porta do carro pra mim. Entrei com cuidado pra não mostrar mais do que deveria, e ele fechou atrás de mim antes de dar a volta e sentar no banco do motorista. No caminho, ele me olhava de canto de olho de vez em quando. O olhar dele queimava em mim, dava pra sentir. Eu sabia que o Conrado sempre foi afim de mim. Não era segredo pra ninguém. Mas eu não sentia aquele fogo por ele. Achava ele gato? Óbvio. O papo era bom, ele era educado, certinho… e talvez esse fosse o problema. Eu tinha um fraco por playboys e bad boys. E o Conrado não era nenhum dos dois. Ainda assim, naquela noite, eu só queria me divertir. Sem pensar em ex, sem drama, sem complicação. — Tá animada? — ele perguntou, diminuindo o volume da música do carro. — Acho que sim. Faz um tempinho que não saio só pra curtir. — Então hoje a gente faz valer a pena. Sorri, olhando pela janela. A noite tava só começando. --- Quando chegamos a música alta fazia o chão vibrar enquanto eu me infiltrava entre as pessoas pra encontrar nossa turma. Jade e Tomas tavam colados num beijo cheio de mão boba, e Mirela e Diogo dançavam tão grudados que parecia que iam t*****r ali mesmo. Sorri sozinha, já tava acostumada com essas cenas. Era sempre assim quando a gente saía. Conrado foi pro bar pegar uns drinks pra gente e eu fiquei ali, me misturando com nossos amigos e conhecendo algumas caras novas. A boate tava lotada, cheia de gente bonita, luzes piscando e um clima quente de festa. Fazia tempo que eu não curtia uma noite dessas só pelo prazer de me divertir. Conrado voltou com dois copos e me entregou um. O líquido gelado desceu queimando minha garganta e já deu aquele estalo de animação. Ele chegou mais perto e começamos a dançar juntos, nos afastando um pouco do grupo. A música envolvente ditava o ritmo, e Conrado aproveitava a proximidade pra soltar umas graças no meu ouvido. Eu ria, balançava a cabeça, bebia mais um gole. Tava bom. Foi quando um cara alto e forte apareceu do nada ao nosso lado. Trajava uma camisa preta justa que destacava os músculos e olhava ao redor como se fosse dono do lugar. — Esse é o Carlos, meu irmão mais velho — Conrado disse, colocando a mão no ombro dele. Carlos estendeu a mão pra mim, e eu apertei, sorrindo educadamente ele me puxou e deu dois beijos no meu rosto. — Isabela. — Então você é a famosa Isa que o Conrado vive falando? — Carlos disse com um sorriso divertido. Ergui uma sobrancelha e olhei pra Conrado, que fingiu não ouvir, ou realmente não ouviu com a música alta. — Espero que só tenha dito coisas boas — respondi, entrando na brincadeira. — Só elogios. Mas, pelo que vi até agora, ele pegou leve. Conrado revirou os olhos e tomou um gole do drink, enquanto eu ria. A conversa seguiu fácil. Descobri que o Carlos era o irmão dono da boate e tava ali pra garantir que tudo saísse perfeito na inauguração. Quando mencionei que trabalhava com eventos, os olhos dele brilharam. — Sério? Você faz produção de shows e festas? — Sim, já fiz eventos grandes, festivais, boates… — expliquei. — Então você precisa me dar umas dicas. Tô investindo nesse ramo, e experiência sempre é bem-vinda. A noite ia tomando um rumo interessante. A conversa com Carlos fluía de um jeito que eu não esperava. Era leve, interessante, e a gente se conectou rápido. Conrado, percebendo que tinha virado vela, sumiu sem nem dar tchau. Carlos nem pareceu notar, continuou falando sobre a boate, sobre os planos dele, e eu, empolgada, jogava umas ideias de produção, do que funcionava, do que poderia atrair mais gente. O som alto dificultava um pouco, então a gente falava bem perto, praticamente no ouvido um do outro. E entre uma risada e outra, a distância foi diminuindo sem que eu percebesse. A mão dele já tava na minha cintura, firme, sem ser invasiva. A minha, descansava no ombro largo dele, um reflexo natural da dança e da conversa. Era íntimo, mas sem maldade, pelo menos da minha parte. A música trocou pra um beat mais lento e envolvente, e eu senti o cheiro do perfume dele, amadeirado, forte, marcante. Os olhos dele estavam em mim, atentos, como se tentassem me decifrar. Não era aquele olhar de homem que quer te levar pra cama logo de cara. Era diferente. Quente, curioso. — Você tem um jeito diferente, Isabela. — Ele comentou, a voz baixa, quase num sussurro por causa do barulho da música. — Diferente como? — perguntei, inclinando um pouco a cabeça. — Sei lá… Você parece saber muito bem o que quer. Isso é raro. Ri um pouco, mordendo o lábio de leve. — E o que te faz pensar que eu sei? Ele deu de ombros, ainda segurando minha cintura. — Instinto. Trocamos um olhar, mas eu desviei rápido, terminando meu drink e balançando o copo vazio. — Vou pegar outra bebida. Quer alguma coisa? Ele me observou por um segundo antes de soltar minha cintura devagar. — Vou contigo. Fomos pro bar juntos, e eu tentava ignorar a forma como meu corpo ainda sentia o toque dele.
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