JACE
Eu estava completamente entregue à minha diversão. As três garotas me provocavam sem pudor, beijando-me e rindo enquanto suas mãos exploravam meu corpo.
Eu, como sempre, estava no controle da situação, aproveitando cada segundo. Mas, ao abrir os olhos por um instante, algo chamou minha atenção.
Em meio à confusão de risos e corpos, notei uma figura diferente. Uma mulher, de costas para mim, parecia completamente alheia à cena. Enquanto todos no camarim estavam focados em mim, ela estava ocupada organizando algo na bancada.
Meu olhar percorreu-a sem pressa. O cabelo preto e brilhante caía até a cintura, e o corpo dela... bom, eu não podia ignorar. O quadril largo e as curvas perfeitamente delineadas me fizeram lamber os lábios instintivamente.
— "Que rabão" — pensei, ajeitando o volume crescente na cueca enquanto tentava disfarçar.
Cutuquei Paco, que estava ao meu lado, distraído com as outras garotas.
— Vai lá pegar mais bebidas pra essas minas. — pedi, já com o olhar fixo na mulher que me ignorava. Paco assentiu e saiu rapidamente.
Então, me levantei, afastando as garotas que me rodeavam. Ajeitei a bermuda e caminhei em direção à garota, os olhos famintos por mais detalhes. Ao chegar perto, minha voz saiu baixa, mas carregada de curiosidade e um leve tom provocador.
— Ei, por que você não tá se divertindo com a gente?
A garota não se virou de imediato. Continuou mexendo nas garrafas por alguns segundos antes de responder, sem olhar diretamente para mim.
— Estou trabalhando.
A simplicidade da resposta me desarmou por um momento. Eu não estava acostumado a ser ignorado, ainda mais por uma garota tão atraente. Não satisfeito, me aproximei mais um pouco, inclinando a cabeça para tentar enxergar seu rosto.
O cheiro maravilhoso dela me invadiu, nunca senti aquele perfume e olha que eu já peguei mais da metade das mulheres desse Brasil. O cheiro do perfume dela era perfeito pra ela, único, sexy e me deixou louco instantâneamente.
— Coé, pode me dizer qual o seu nome, trabalhadora dedicada?
Dessa vez, ela se virou, olhando diretamente nos meus olhos. Quase perdi o fôlego ao vê-la de frente. Além de ter um corpo de tirar o sono, a garota era linda. A pele branquinha, os olhos grandes bem expressivos, os lábios carnudos e delicados que pareciam formados para tentação.
— Isabela. — disse ela, de forma direta, sem desviar o olhar.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, surpreso. Já tinha visto muitas mulheres bonitas na vida, mas havia algo nela que me intrigava. Talvez fosse a maneira como ela parecia alheia a mim, como se eu fosse apenas mais uma pessoa naquele ambiente.
— Isabela.— repeti, saboreando o nome. — "Além de gostosa, a safadinha é linda demais." — Pensei comigo mesmo, sem esconder o sorriso sacana que surgiu nos meus lábios.
Mas Isabela, percebendo o tom, apenas arqueou uma sobrancelha, desinteressada.
— Precisa de mais alguma coisa, ou posso continuar trabalhando?
Ri, um riso baixo e divertido. Aquilo era novo para mim. E eu adorava um desafio.
Percebi rapidamente que Isabela não era como as outras. Ela não se deslumbrava com meu status, nem parecia interessada em minha provocação. Gostei disso; o desafio apenas me deixou mais intrigado.
Sem perder tempo, tirei o celular do bolso e estendi para ela com um sorriso confiante.
— Anota seu número aqui, Isabela.
Isabela parou o que estava fazendo, olhou para mim e cruzou os braços, claramente irritada.
— Não posso.
A resposta foi seca, direta, e fiquei alguns segundos encarando ela, como se tentasse processar a negativa. Então, ri. Não de deboche, mas de pura diversão. Era raro encontrar alguém que me recusasse tão facilmente.
— Beleza. — disse, erguendo as mãos em um gesto de rendição. — Passa tua rede social, então. Só pra gente trocar uma ideia depois.
Isabela bufou, mas para acabar com aquilo rapidamente, pegou o celular e digitou o nome da sua conta. Era privada, como tudo em sua vida.
Quando ela devolveu o aparelho, dei uma rápida olhada e, com um sorriso satisfeito, cliquei em “seguir”.
— Agora é só aceitar, hein? — brinquei, olhando para ela com um brilho desafiador nos olhos.
— Se eu achar que vale a pena. — respondeu ela, mantendo o tom seco.
Eu ri novamente, enquanto Isabela voltava a se concentrar no que estava fazendo. Sabia que havia algo diferente nela. E, mais do que isso, sabia que não ia desistir tão fácil.
— "Essa aí eu quero descobrir até o fim." — pensei, guardando o celular no bolso enquanto me afastava, ainda sorrindo.
Depois que Isabela saiu do camarim, voltei minha atenção para as fãs que continuavam ao meu redor. As risadas, as provocações e os toques logo me fizeram esquecer por um momento a presença intrigante daquela moça que parecia imune ao meu charme.
Entreguei-me à diversão, beijando e provocando as garotas, mas, escolhi apenas uma para acompanhar-me naquela noite, a que havia mostrado os s***s durante o show.
Mais tarde, já no caminho para o carro com a garota agarrada ao meu braço, passei pela lateral do palco e avistei uma cena que me fez parar. Isabela ainda estava ali, recolhendo cadeiras, sozinha, como se a exaustão do dia não fosse suficiente.
Franzi a testa, intrigado.
— "Que p***a é essa? Já era pra ela estar em casa há horas." — Pensei. O relógio marcava quase 3 da manhã, e lá estava ela, dobrando cadeiras e empilhando equipamentos como se ainda fosse meio-dia.
Por um instante, senti algo diferente, algo que não costumava sentir. Era como uma mistura de curiosidade e... preocupação? Balancei a cabeça, afastando o pensamento.
— "Ela tá aí porque quer." — pensei, tentando justificar. Mas a verdade era que eu não conseguia tirar os olhos dela.
Mesmo na simplicidade de sua roupa de trabalho, com o cabelo agora preso de qualquer jeito e o cansaço estampado no rosto, ela parecia irradiar algo que eu não sabia explicar.
A garota ao meu lado, percebendo a distração, puxou-me pelo braço.
— Vamos, Jace? Tô esperando você me levar pra sua casa.
Assenti, forçando um sorriso. — Bora.
Mas, enquanto seguia em direção ao carro, não pude evitar lançar um último olhar para Isabela, ainda trabalhando como se o mundo dependesse dela. E, naquele momento, soube que aquela não seria a última vez que pensaria nela.